Festival de Folclore é noite de sucesso na Casa de Portugal de São Paulo

Por Eulália Moreno
Para Mundo Lusíada

No salão de festas da Casa de Portugal de São Paulo aconteceu no último dia 20 de Agosto um Festival de Folclore que reuniu representantes de Portugal, Espanha e Rússia. O Grupo Raízes, da cidade de Fall River, Massachusetts, que se encontrava em digressão pelo Brasil foi incluído no programa que teve início às 19h e prolongou-se até as 23h de uma noite fria e chuvosa em São Paulo.
Alguns imprevistos obrigaram a substituição, quase em cima da hora, da apresentação do Grupo Folclórico Espanhol da Sociedade Hispano-Brasileira pelo Rueda Flamenca e, Conceição Lemos, secretaria executiva da Casa de Portugal, explicou: “Temos um relacionamento muito cordial com o pessoal da Sociedade, são nossos amigos e nos prestigiamos mutuamente mas, nem sempre tudo corre como o previsto e eu recebi um telefonema da responsável pelo grupo que, em prantos, me explicou as razões do contratempo e pediu que eu os desculpasse perante a nossa Comunidade”.
Com a apresentação do diretor social da Casa de Portugal, Vasco Frias Monteiro, o Festival de Folclore teve início com a apresentação do Grupo Raízes da Casa dos Açores da Nova Inglaterra, que no dia 14 se apresentou na Casa dos Açores do Rio de Janeiro e no dia seguinte, 21, se apresentaria no evento comemorativo dos 31 anos de fundação da Casa dos Açores de São Paulo. Formado por açorianos emigrantes dos anos 50/60 para aquela região da costa leste americana, o Raízes tem a sua sede na cidade de Fall River, Massachusetts, e foi fundado, em 2007, pelo músico Mario Ventura a partir de encontros musicais familiares dos Lourenços e dos Jeronimos. “A saudade das nossas Ilhas é muita, só a música para nos reconfortar”, diz Raul Rodrigues, natural de Furnas, São Miguel e que há 40 anos reside nos Estados Unidos e é o responsável pelo grupo formado por mais 8 componentes (Diogo Ventura, Olívia Lourenço, Kasey, Neil Jerônimo e Nela Jerônimo, Bela Ventura, Carlos Silva e Carlos Pimentel),  dentre eles alguns já luso-açorianos descendentes.
O Grupo Raízes já gravou 3 cds, um com temas açorianos de Natal, outro com canções tradicionais folclóricas das nove ilhas e o mais recente com canções originais e já se apresentaram em vários festivais, dentre eles na “Semana do Mar”, na Horta, Faial e na cidade de Montreal, província de Quebec, no Canadá .O repertório é composto por música tradicional do Continente, dos Açores, da Madeira e da Diáspora. “Escolhemos músicas de compositores que vivem na Diáspora, por enquanto já temos compositores do Canadá e dos Estados Unidos e gostaríamos muito de conhecer algum compositor descendente de açorianos que viva na Diáspora brasileira e nos queira confiar alguma das suas composições”, diz Raul.
O Grupo Folclórico da Casa de Portugal trouxe as suas componentes ricamente vestidas de noivas e mordomas, com adereços compostos por velas coloridas e flores. “Que alegria ! Sinto-me na Festa da Agonia em Viana do Castelo”, repetia Florinda Nunes, natural de Ponte de Lima e pela primeira vez comparecendo a um evento na Casa de Portugal. “Enviuvei há pouco, e os meus filhos me trouxeram para me distrair”, tenta explicar enquanto enxuga as lágrimas.
O Rueda Flamenca trouxe todo o vigor da dança e do canto de Andaluzia, sul da Espanha. De inspiração cigana, com os compassos marcados por fortes batidas dos pés, acompanhadas por palmas, foram muito aplaudidos. “É a primeira vez que nos apresentamos na Casa de Portugal, estávamos receosos, não sabíamos que tipo de público encontraríamos mas fomos recebidos de forma tão carinhosa que nos surpreendemos”, afirma Carlos , responsável pelo grupo que se apresenta dos restaurantes El Colmal, no bairro do Belém e nos Los Molinos, do bairro do Ipiranga, nesta capital.
O Cantares e Dançares do Minho que a cada apresentação se mostram mais esmerado  trouxe os garridos trajes minhotos para o palco da Casa de Portugal com os seus “viras” e “chulas” que levam sempre parte do público presente a dançar com eles.
Seguiu-se o Rancho Folclórico Amigos da Casa de Viseu do Rio de Janeiro em São Paulo que é formado por pares de grupos folclóricos irmãos: Ilha da Madeira, Veteranos do Folclore, Casa de Portugal, Português da Cidade de Campinas, Pedro Homem de Melo, Aldeias de Portugal, e Vilas de Portugal. O ensaiador José Correia há 14 anos foi o idealizador do grupo que foi criado para homenagear a Casa de Viseu do Rio de Janeiro. O repertório contempla apenas músicas tradicionais daquela região de Portugal, com a sua coreografia característica e foram muito aplaudidos.
Para finalizar, a Associação Cultural Grupo Volga do Folclore Russo, da Vila Zelina, cuja responsável há 30 anos é Tâmara Gers Dimitrov. Para além do grupo de dança, a Associação tem um grupo coral e promove várias atividades esportivas, dentre elas o futebol sub-17 que se sagrou campeão em recente competição realizada em Moscou.
Não possuindo sede própria, os ensaios acontecem no Colégio São Miguel Arcanjo e todos os componentes da Associação são naturais da Rússia ou então descendentes. Os seus ricos trajes foram idealizados e confeccionados por Serafima Plotz e para o público presente na Casa de Portugal, a Associação apresentou várias músicas do cancioneiro tradicional russo, bem como canções de trabalho, dentre elas canções populares entoadas nos campos durante as colheitas.
Os convites para o Festival custaram dois quilos de alimentos não perecíveis: 850 quilos foram recolhidos e de imediato encaminhados para o Lar da Provedoria da Comunidade Portuguesa de São Paulo. Na semana anterior, o evento comemorativo do décimo aniversário do programa “Você é Curioso” apresentado por Marcelo Duarte e Silvana Alves na Radio Bandeirantes recolheu 739 quilos de alimentos.
Fazendo “contas à vida”, em apenas dois eventos, mais de uma tonelada e meia de alimentos foram angariados para a Provedoria tendo o seu presidente, Fernando Ramalho, agradecido a todos pelas doações. Continua assim a Casa de Portugal a cumprir a sua nobre missão de além de promover a cultura portuguesa incentivar a solidariedade para com os nossos menos favorecidos.

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