Falece presidente da Casa do Minho do Rio, ícone da comunidade luso-brasileira

Mundo Lusíada

Nesta madrugada, faleceu no Rio de Janeiro o Presidente da Casa do Minho, Agostinho dos Santos, aos 78 anos, vítima de doença súbita.

O velório do presidente Agostinho será neste domingo, 30 de janeiro, a partir das 10h, no salão nobre da Casa do Minho do Rio.

Diversas lideranças da comunidade portuguesa, deputados e autoridades, têm manifestado pesar pela sua morte. O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal também divulgou mensagem lamentando a perda da comunidade luso-brasileira:

“Lamentamos profundamente o falecimento de Agostinho Ferreira dos Santos, presidente da Casa do Minho no Rio de Janeiro. As nossas condolências à família enlutada, assim como à comunidade portuguesa no Brasil, que perde um dos seus vultos” destacou hoje o MNE pelas redes sociais.

Também a Embaixada de Portugal e Consulado-Geral no Rio divulgaram mensagem de condolências à família e amigos de Agostinho.

“Trata-se daquelas raras pessoas que deixam marca duradoura nas instituições em que colaboram: na Casa do Minho do Rio de Janeiro, no Rancho Maria da Fonte, na Obra Portuguesa de Assistência, entre muitas outras. Enquanto Presidente da Obra Portuguesa de Assistência do Rio de Janeiro foi um dos signatários, em Brasília, do Memorando de Entendimento que, no passado dia 15 de outubro, criou a Rede PORTUGAL SAÚDE no Brasil. Lembramo-lo hoje com sincera admiração e grande estima pelo seu legado” divulgou a Embaixada em Brasília.

“Ao longo das últimas quatro décadas, a liderança sábia e discreta de Agostinho dos Santos permitiu-lhe construir inúmeras amizades e parcerias que elevaram a Casa do Minho ao estatuto de uma das mais prestigiadas instituições do associativismo português no mundo. O seu trabalho no Rancho Maria da Fonte, bem como na preservação e garantia de futuro da centenária Obra Portuguesa de Assistência são legados que não deixarão esquecer o seu nome” publicou o Consulado Geral de Portugal no RJ.

História

Agostinho da Rocha Ferreira dos Santos nasceu em 10 de agosto de 1944 em Quinta de Valverde, Tendais, Cinfães do Douro.

Agostinho chegou ao Rio de Janeiro no dia 20 de abril de 1959 com a sua mãe e os seus irmãos mais novos, onde se encontrou com o seu pai e a sua irmã mais velha, que já estavam na cidade. Em junho do mesmo ano, pediu ao seu pai que o levasse à festa junina da Casa dos Poveiros, onde assistiu à apresentação do Rancho da Casa do Minho. Agostinho se apaixonou pelo que viu e se interessou em fazer parte do grupo. No mês de agosto, entrou para a lista de componentes do referido Rancho. Começava assim a sua trajetória na vida associativa luso-brasileira.

Agostinho iniciou a sua jornada no folclore português como dançarino e, mais tarde, acordeonista. Tornou-se diretor do grupo folclórico Casa do Minho e, em 1975, assumiu a vice-presidência da instituição, cargo que manteve por cinco anos. Em 1980, assumiu a presidência da Casa diante de uma grande oposição que não o reconhecia, devido ao fato de “não pertencer à região do Minho”. Apoiado por ex-presidentes, e pela maioria dos associados, Agostinho conquistou uma “grande vitória”.

Em entrevista ao jornalista Igor Lopes, Agostinho referiu que, ao assumir a presidência da entidade, “pretendia tornar a Casa do Minho numa embaixada das tradições minhotas no Brasil”. Dessa forma, começou a incentivar o intercâmbio com as autoridades da região, em Portugal, trazendo ao Brasil governadores civis, presidentes das Câmaras do Alto e Baixo Minho, ranchos folclóricos, conjuntos musicais, artistas, entre outros.

Se não bastasse o caminho trilhado na Casa do Minho, Agostinho dos Santos foi também responsável pela Obra Portuguesa de Assistência, fundada em 1921 pelo Cônsul-Geral do Rio de Janeiro, José Joaquim Ferreira da Silva, e pelo seu amigo e cirurgião Jorge Monjardino.

A sua ligação com a Obra remete a 1985, quando aceitou o convite do conterrâneo Albano da Rocha Ferreira para assumir um cargo no Hospital da Obra Portuguesa. Com a saída de Manuel Branco, Agostinho assumiu a presidência da Obra, modernizando o Hospital Egas Moniz, ampliando com novos espaços.

Agostinho foi também diretor do Real Gabinete Português de Leitura e Sócio Conselheiro de diversas instituições luso-brasileiras.

Ao longo dos anos, Agostinho dos Santos recebeu várias homenagens oficiais, como o título de Comendador do Governo Português, por “serviços prestados à pátria”. Em 2017, recebeu a Comenda de Cidadão de Honra de Viana do Castelo por ocasião dos 169 anos do município.

Nos últimos anos, dedicou bastante atenção ao percurso da casa minhota, com projetos que ampliaram a visibilidade da instituição em nível mundial. Autoridades portuguesas, brasileiras e de países irmãos mostram cada vez mais respeito pela Casa do Minho. As melhorias nas instalações da Casa, na Zona Sul do Rio, fizeram a diferença na gestão e história da entidade.

Com informações de Igor Lopes

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: