Agostinho dos Santos será convidado de honra na principal festa de Viana do Castelo

Por Igor Lopes

A edição deste ano da festa em honra de Nossa Senhora da Agonia, em Viana do Castelo, vai homenagear o presidente da Casa do Minho do Rio de Janeiro, Agostinho dos Santos. A decisão foi do presidente da Câmara vianense, José Maria Costa, em virtude da “relação próxima e direta entre a Casa do Minho carioca e o município de Viana”.

A festividade, que é considerada a “Rainha das Romarias de Portugal”, acontece entre os dias 17 e 20 de agosto.

Na opinião de José Maria Costa, a Casa do Minho do Rio de Janeiro “tem sido um garante da preservação das tradições minhotas no Brasil”. Este autarca recorda o recente acordo de geminação assinado entre a prefeitura do Rio de Janeiro e o governo de Viana do Castelo, o que colocas as duas cidades numa condição ainda maior de aproximação.

O presidente da Câmara dessa cidade minhota refere também que a iniciativa de homenagear Agostinho dos Santos é “um gesto de gratidão pelo que ele tem feito pela promoção das festas, da cultura, dos trajes e, acima de tudo, da identidade de Viana do Castelo no Brasil”.

“Agostinho dos Santos é uma personalidade que merece o nosso respeito. Sinto-me muito honrado por ter alguém que, do outro lado do Atlântico, está sempre a promover Viana do Castelo e as suas gentes. É um grande amigo de Viana e dos vianenses”, sublinha José Maria Costa.

Por sua vez, Agostinho dos Santos não esconde a felicidade em receber esse reconhecimento.

“Sinto-me bastante honrado por ter recebido o convite para presidir a Comissão de Honra da Festa. Estou ciente de que todo esse protagonismo a mim atribuído acontece em virtude do trabalho desempenhado pela diretoria da Casa do Minho do Rio, instituição portuguesa que é referência na cidade maravilhosa. Trabalhamos de forma intensa e séria para promover e perpetuar a cultura minhota no Brasil. A cidade de Viana do Castelo conta com grande representatividade nas atividades desenvolvidas na nossa Instituição, com especial relevância para temas como folclore, etnografia, musicalidade, gastronomia e demais tradições artísticas e culturais”, comenta Agostinho dos Santos.

Trabalho e mérito

“A Casa do Minho do Rio valoriza atividades socioculturais com os objetivos de promover a fraternidade luso-brasileira, desenvolver a prática de atividades desportivas, recreativas, culturais e sociais; difundir o culto à comunidade lusíada; lutar pelos interesses da Região do Minho, tornando conhecidas as suas histórias e belezas naturais e divulgando também o seu folclore; além de manter vivas as tradições dessa região de Portugal, por meio das atividades de três ranchos folclóricos: Rancho Maria da Fonte, Rancho dos Veteranos e Rancho Juvenil; bem como valorizar a gastronomia portuguesa, oferecendo pratos e doces típicos no nosso restaurante. As nossas atitudes fundamentam-se no aprofundamento dos laços culturais entre Brasil e Portugal”, sugere o responsável pela entidade carioca, que destaca o desenvolvimento e a importância da casa regional.

“Em 2017, inauguramos a remodelação do restaurante Costa Verde, que valoriza a gastronomia lusitana. Uma enorme estátua de Dom Afonso Henriques foi instalada na nossa Casa, há algumas semanas, com a presença de grandes autoridades portuguesas e brasileiras. No último mês de junho, apresentamos a Adega Conde de Barcelos, com os melhores vinhos portugueses e também de outras partes do mundo. Estamos ainda iniciando a obra de ampliação do nosso estacionamento, o que nos permitirá obter mais renda”, sublinha Agostinho dos Santos, que revela que tem “ligações de alma e familiares com a cidade vianense” e que é “testemunha ocular e sentimental da imponência dos festejos em Viana do Castelo”.

Perfil dinâmico

Agostinho dos Santos é considerado o homem das mil e uma funções. Dirige, há mais de 40 anos, a sua própria empresa “Empreiteira Viana do Castelo”. No seu percurso profissional, além da construção civil, conta ainda com experiência nos ramos empresarial e turístico, mas costuma dizer que é “um eterno aluno da faculdade da vida”.

O seu cotidiano é acelerado. Agostinho reserva boa parte do seu tempo para estar presente na Casa do Minho e na Obra Portuguesa de Assistência, locais onde, como presidente, precisa tomar decisões diárias que irão impactar a vida de dezenas de pessoas e funcionários.

Nos últimos anos, Agostinho tem dedicado bastante atenção ao percurso da casa minhota, com projetos que estão ampliando a visibilidade da instituição em nível mundial. Autoridades portuguesas, brasileiras e de países irmãos mostram cada vez mais respeito pela Casa do Minho. As melhorias nas instalações da Casa, na Zona Sul do Rio, avaliada em milhões de reais, estão fazendo a diferença na gestão da entidade.

“O nosso presidente está sempre presente no dia a dia da Casa. Sabemos do empenho dele em desenvolver a Casa do Minho. Todas as ações são prova disso”, argumenta fonte da entidade.

A chegada ao Brasil

Agostinho da Rocha Ferreira dos Santos nasceu em 10 de agosto de 1944 em Quinta de Valverde, Tendais, Cinfães do Douro. É filho de Jacinto Ferreira dos Santos e de Adélia da Rocha. Com Rosa Martins Rodrigues teve dois filhos, Fátima e Gilberto, este já falecido, e duas netas, Daniela e Danúzia.

Agostinho chegou ao Rio de Janeiro no dia 20 de abril de 1959 com a sua mãe e os seus irmãos mais novos, onde se encontrou com o seu pai e a sua irmã mais velha, que já estavam na cidade. Em junho do mesmo ano, pediu ao seu pai que o levasse à festa junina da Casa dos Poveiros, onde assistiu à apresentação do Rancho da Casa do Minho. Agostinho se apaixonou pelo que viu e se interessou em fazer parte do grupo. No mês de agosto, entrou para a lista de componentes do referido Rancho. Começava assim a sua trajetória na vida associativa luso-brasileira.

Experiência minhota

Agostinho iniciou a sua jornada no folclore português como dançarino e, mais tarde, acordeonista. Tornou-se diretor do grupo folclórico Casa do Minho e, em 1975, assumiu a vice-presidência da instituição, cargo que manteve por cinco anos. Em 1980, assumiu a presidência da Casa diante de uma grande oposição que não o reconhecia, devido ao fato de “não pertencer à região do Minho”. Apoiado por ex-presidentes, e pela maioria dos associados, Agostinho conquistou uma “grande vitória”.

Agostinho refere que, ao assumir a presidência da entidade, “pretendia tornar a Casa do Minho numa embaixada das tradições minhotas no Brasil”. Dessa forma, começou a incentivar o intercâmbio com as autoridades da região, em Portugal, trazendo ao Brasil governadores civis, presidentes das Câmaras do Alto e Baixo Minho, ranchos folclóricos, conjuntos musicais, artistas, entre outros.

O novo presidente de honra da Festa da Agonia dirigiu a Casa do Minho nas gestões de 1980 a 1984, 1988 a 1992 e de 14 de maio de 1998 até a data de hoje. Registros históricos da Casa mostram que Agostinho sempre contou com o respeito das autoridades lusitanas. Em 1982, foi recebido, em Portugal, juntamente com a comitiva da Casa do Minho, pelo então presidente português, Antônio Ramalho Eanes, e pelo também então embaixador do Brasil em Portugal, Dario de Castro Alves, e a sua esposa, Dinorá. Além disso, foi recebido em Portugal, em 1991, pelo embaixador Luís Felipe Lampreia. O rancho Maria da Fonte apresentou-se em Portugal diversas vezes.

“Procurei levar a bandeira da Casa do Minho e as tradições minhotas a todos os Estados do Brasil e ao exterior”, confessa Agostinho.

Atuação social

Se não bastasse o caminho trilhado na Casa do Minho, Agostinho dos Santos é também responsável pela Obra Portuguesa de Assistência, fundada em 1921 pelo Cônsul-Geral do Rio de Janeiro, José Joaquim Ferreira da Silva, e pelo seu amigo e cirurgião Jorge Monjardino.

A sua ligação com a Obra remete a 1985, quando aceitou o convite do conterrâneo Albano da Rocha Ferreira para assumir um cargo no Hospital da Obra Portuguesa. Com a saída de Manuel Branco, Agostinho assumiu a presidência da Obra, modernizando o Hospital Egas Moniz, ampliando de 30 para 80 leitos disponíveis e construindo quatro salas de cirurgia e um novo CTI com dez leitos.

Mas nem tudo foi fácil. Durante esse período, Agostinho enfrentou várias crises, como o envelhecimento dos sócios remidos e a falência de alguns planos de saúde, mesmo assim, “nunca deixou de estender a mão aos seus compatriotas que necessitavam de exames, consultas e internação”, confirma uma das fontes.

Com a mudança no cenário econômico do Brasil, a área hospitalar da Obra Portuguesa precisou ser alugada, em 2014. Apesar da mudança, Agostinho continuou na presidência da entidade “ajudando os mais necessitados, principalmente na velhice de cada um, colocando-os em lares para idosos subsidiados pela Obra Portuguesa”. Em 2016, a Obra Portuguesa inaugurou uma nova sede administrativa, no Centro do Rio de Janeiro.

Agostinho é também diretor do Real Gabinete Português de Leitura e Sócio Conselheiro de diversas instituições luso-brasileiras.

Distinções recebidas

Ao longo dos anos, Agostinho dos Santos recebeu várias homenagens oficiais, como o título de Comendador do Governo Português, por “serviços prestados à pátria”. Em 2017, recebeu a Comenda de Cidadão de Honra de Viana do Castelo por ocasião dos 169 anos do município. Este ano, foi agraciado com o Troféu “Cristo Redentor” da Academia de Letras e Artes Paranapuã (ALAP).

Sobre a sua participação como homenageado na Festa da Agonia, Agostinho não disfarça a ansiedade.

“Estarei presente em Viana do Castelo para prestigiar e vivenciar todas as possibilidades existentes nessa que é considerada a Rainha das Romarias de Portugal. Espero poder representar todos os minhotos e luso-brasileiros nessa celebração tão respeitada e aguardada pela nossa comunidade. Será valorizado o amor pela fé, pela religião e pela terra de tanta gente que conquistou o mundo. Somos do Minho, sim senhor! Viva a Nossa Senhora da Agonia!”, finaliza Agostinho dos Santos.

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