Artur Jorge leva Botafogo à conquista da primeira Taça Libertadores

Atletico MG x Botafogo pela final da Libertadores no Estadio Monumental de Nunez. 30 de Novembro de 2024, Buenos Aires, Argentina. Foto: Vitor Silva/Botafogo.

É terceiro treinador português a conquistar a Taça Libertadores da América, depois dos feitos de Jorge Jesus e Abel Ferreira.

Mundo Lusíada com Lusa 

O Botafogo, treinado pelo português Artur Jorge, conquistou hoje pela primeira vez a Taça Libertadores de futebol, ao vencer o Atlético de Mineiro, por 3-1, numa final disputada em Buenos Aires.

A jogar em inferioridade desde os dois minutos, após a expulsão de Gregore, o Botafogo marcou por intermédio de Luiz Henrique (35), Alex Telles (44), de pênalti, e Júnior Santos (90+8), enquanto Eduardo Vargas (47) reduziu para o Atlético Mineiro, que tinha vencido a mais importante prova de clubes sul-americana em 2013.

Na sua primeira final, o Botafogo deu o sexto título consecutivo a equipas brasileiras, e Artur Jorge tornou-se o terceiro treinador português a conquistar a Libertadores, repetindo o que Jorge Jesus conseguiu ao serviço do Flamengo, em 2019, e Abel Ferreira pelo Palmeiras, em 2020 e 2021.

 Partida – A expulsão de Gregore praticamente no primeiro lance do encontro não evitou que o Botafogo conquistasse o título.

No Estádio Monumental Núñez, o início do encontro foi de pesadelo para os cariocas, que viram Gregore ver o cartão vermelho, mas Luiz Henrique (35), Alex Telles (44), de grande penalidade, e Júnior Santos (90+8) permitiram que as lágrimas de tristeza dos adeptos dos cariocas se transformassem em lágrimas de alegria no final.

Ao Atlético Mineiro, que procurava o segundo título da mais importante prova de clubes sul-americana, depois do conquistado em 2013, apenas conseguiu reduzir por Eduardo Vargas (47).

O Botafogo deu o sexto título consecutivo a equipas brasileiras e tornou-se a segunda equipa a conquistar o troféu depois de ter vindo das fases preliminares da competição, imitando o feito dos argentinos do Estudiantes em 2009.

O encontro começou da pior forma para Artur Jorge, que viu Gregore ser expulso praticamente no primeiro lance do encontro, depois de uma entrada violenta sobre Fausto Vera, mas o Atlético Mineiro não conseguiu aproveitar a vantagem numérica e apenas ameaçou com dois remates de longe de Hulk.

Eficaz, o líder do Brasileirão adiantou-se na primeira oportunidade que dispôs, com Luiz Henrique a aproveitar um ressalto na área e a passividade da defesa do ‘galo’, aos 35 minutos.

Após a intervenção do videoárbitro, o Botafogo dispôs de uma grande oportunidade para fazer o 2-0, numa grande penalidade a punir uma falta desnecessária do guarda-redes Everson sobre Luiz Henrique. Alex Telles, ex-jogador do FC Porto, não desperdiçou e fez o segundo golo dos cariocas em dois remates enquadrados.

O treinador do Atlético Mineiro, o argentino Gabriel Milito fez três substituições ao intervalo e viu um dos jogadores lançados, o chileno Eduardo Vargas, reduzir a diferença logo aos 47 minutos, de cabeça, após um canto marcado por Hulk.

Mesmo com mais um, o conjunto de Belo Horizonte raramente conseguiu criar lances de grande perigo, com Hulk a ser sempre o mais inconformado, mas sem capacidade para mudar o rumo do encontro.

Já no oitavo minuto dos descontos, Júnior Santos chegou ao 10.º gol nesta edição da Libertadores e confirmou ser o ‘artilheiro’ da prova, com uma excelente jogada individual, em que beneficiou depois de um ressalto num adversário para fechar o resultado.

Se a época do Atlético Mineiro se ficará pela conquista do campeonato estadual, o Botafogo pode ainda conquistar o Brasileirão, que lhe foge desde 1995, tendo, a duas jornadas do fim, três pontos de avanço sobre o Palmeiras, de Abel Ferreira.

Terceiro português

 Artur Jorge replicou o que Jesus conseguiu ao serviço do Flamengo, em 2019, e Abel pelo Palmeiras, em 2020 e 2021.

Jesus, atualmente nos sauditas do Al Hilal, foi o pioneiro luso, sagrando-se campeão em 2019 após uma dramática final com os argentinos do River Plate (2-1), em Lima, decidida com um ‘bis’ do ex-benfiquista Gabriel Barbosa (89 e 90+2 minutos).

Nos dois anos seguintes, foi a vez de Abel Ferreira triunfar, em duas finais 100% brasileiras, ambas realizadas em 2021, devido à pandemia da covid-19.

Na primeira, em 30 de janeiro, no Maracanã, no Rio, o Palmeiras bateu o Santos de forma dramática, com um tento de Breno Lopes aos 90+9 minutos, e, na segunda, em Montevideu, o ‘herói’ foi o ex-Benfica B Deyverson, com um tento no prolongamento, aos 95 minutos, no duelo com o Flamengo.

Depois de três triunfos consecutivos, a Libertadores ‘escapou’ aos treinadores lusos em 2022 e 2023 – vitórias do ‘Fla’ e do ‘Flu’ -, mas, três anos volvidos, Artur Jorge conseguiu a quarta vitória de um técnico português em seis anos.

Artur Jorge deu também o primeiro título na competição ao Botafogo na sua primeira época no Rio de Janeiro, onde chegou após muitos anos no Sporting de Braga, dos juniores à equipa principal.

Além dos ‘arsenalistas’, pelos quais ganhou um título, a Taça da Liga de 2023/24, o ex-central também passou por Famalicão, Tirsense e Limianos.

Na história do futebol luso, apenas Jorge Jesus, Abel Ferreira e agora Artur Jorge conquistaram a principal prova da América do Sul, mas outros ganharam em distintos continentes, com destaque para Manuel José, quatro vezes campeão africano.

Manuel José de Jesus Silva, nascido em 09 de abril de 1946, colecionou um total de 20 títulos pelo Al-Ahly, conjunto da cidade do Cairo, onde é considerado um ‘Deus’, e quatro deles aconteceram na Liga dos Campeões da CAF, em 2001, 2005, 2006 e 2008.

Os egípcios selaram os títulos em finais com os sul-africanos do Mamelodi Sundowns (2001), os tunisinos do Étoile du Sahel (2005) – que se ‘vingariam’ em 2007 – e do CS Sfaxien (2006) e os camaroneses do Coton Sport (2008).

Se Manuel José foi quatro vezes o ‘rei’ de África, José Mourinho, atualmente com 61 anos, ganhou por duas vezes a principal prova de clubes a nível mundial, a Liga dos Campeões, a ‘Champions’, da UEFA.

O agora treinador dos turcos do Fenerbahçe venceu o primeiro troféu ao serviço do FC Porto, em 2003/04, e o segundo ao comando dos italianos do Inter Milão, em 2009/10, em finais com os franceses do Mónaco (3-0) e os alemães do Bayern Munique (2-0), respetivamente.

Na Europa, o primeiro a ganhar foi outro Artur Jorge, o ‘rei Artur’, ex-avançado do Benfica, que conduziu o FC Porto ao seu primeiro título europeu, na final da Taça dos Campeões Europeus de 1986/87, em Viena, com um 2-1 ao Bayern Munique, selado, com reviravolta, por Madjer, de calcanhar, e Juary.

Depois, em 2011/12, foi a vez de André Villas-Boas, atual presidente do FC Porto, que se tornou o único técnico luso que ganhou sem disputar a final, já que foi despedido do Chelsea a meio dos oitavos de final da ‘Champions’, que os ‘blues’ venceriam já com o italiano Roberto Di Matteo ao comando.

Além dos triunfos em África, América do Sul e Europa, há ainda a registar a vitória de Leonardo Jardim na ‘Champions’ asiática, ao comando dos sauditas do Al-Hilal, que bateram na final de 2021 o Pohang Stleelers, da Coreia do Sul, por 2-0.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja também