Em Faro, neste 09 junho, o Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa afastou um regresso seu a Macau, mas anunciou que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, deverá passar por essa Região Administrativa Especial durante uma visita à China, em setembro.
O chefe de Estado falava aos jornalistas em Lagos, no distrito de Faro, onde chegou hoje para as celebrações do 10 de Junho, que segundo o programa original iriam prosseguir em Macau, deslocação que foi entretanto cancelada.
“Estava previsto para Macau. Mas não se podia ir a Macau porque temos que estar dia 12 [de junho] a comemorar a entrada na Europa. Como é que íamos a Macau? Enfim, era impossível”, justificou o Presidente da República.
Interrogado se ainda irá a Macau neste seu segundo e último mandato presidencial, que terminará em 09 de março do próximo ano, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: “Não. Vai o senhor primeiro-ministro, se puder, mas lá mais para diante, em setembro”.
“Enquanto eu vou às Nações Unidas, ele vai a Macau, à China. Porque ele tem uma visita à China que também se entroncava na ida a Macau. Vamos ver se ele consegue marcar, enquanto estou em Nova Iorque, ele aproveita para ir a Macau e à China”, acrescentou.
Após o cancelamento das comemorações do Dia de Portugal em Macau, na sequência da queda do Governo PSD/CDS-PP, em março, e da convocação de eleições legislativas antecipadas para 18 de maio, não ficou prevista qualquer celebração desta data no estrangeiro.
Contudo, o Presidente da República e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, acabaram por festejar o 10 de Junho na Alemanha, no sábado, junto da comunidade portuguesa em Estugarda, antes de assistirem à vitória de Portugal na final da Liga das Nações, no domingo à noite, em Munique.
Marcelo Rebelo de Sousa realizou uma visita de Estado à República Popular da China entre abril e maio de 2019, que começou em Pequim, onde foi recebido pelo Presidente Xi Jinping, passou por Xangai e terminou na Região Administrativa Especial de Macau.
Próximo presidente
Marcelo Rebelo de Sousa descreveu-se hoje como um Presidente polivalente e afirmou, a propósito da sua sucessão, que os portugueses irão escolher se querem alguém “de gastronomia forte ou de gastronomia mais suave”.
O Presidente da República falava aos jornalistas enquanto comia uns salgados, no fim da exposição de meios militares das Forças Armadas em Lagos.
“Eu sei que isto não é muito próprio, comer em frente de câmaras. Quer dizer, não era há 20 anos, mas transformou-se num clássico. O primeiro, que é pioneiro, foi muito criticado, injustamente criticado, tinha bom gosto, era bolo-rei”, comentou, referindo-se ao seu antecessor na chefia do Estado, Aníbal Cavaco Silva.
“Eu sou mais variado gastronomicamente, e portanto passou a ser normal, passou a ser um hábito presidencial, porventura com intermitências, conforme o estilo presidencial, mas, no meu estilo, muito gastronómico”, prosseguiu Marcelo Rebelo de Sousa.
Interrogado se espera que quem lhe suceder no cargo, a partir de 09 de março do próximo ano, continue esse estilo, o Presidente da República respondeu: “É uma escolha dos portugueses, se querem gente de gastronomia forte ou de gastronomia mais suave”.
Questionado se vê alguém com a sua aptidão gastronómica, retorquiu: “Eu não comento candidaturas presidenciais. Comento o prazer de, como Presidente da República, ter comido isto. Deu-me muito gozo metafísico. É muito bom, esta padaria é muito boa”.
Depois, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que Portugal tem “uma democracia muito rica” e que “os portugueses são muito diferentes, e, portanto, os presidentes têm que retratar essa diferença dos portugueses”, e falou resumidamente de cada um dos seus antecessores.
Segundo o chefe de Estado, “cada um cumpriu a sua missão”, o Presidente Ramalho Eanes “cumpriu uma missão que só ele podia cumprir, que era a passagem da revolução para a democracia civil partidária, enquanto o Presidente Mário Soares “foi o apogeu da democracia partidária”.
“O Presidente Sampaio isso mais a preocupação muito grande com a cena internacional, que se complicou. O Presidente Cavaco Silva isso mais a preocupação com a crise económica que houve no mundo, e que caiu em cheio naquela presidência, mas ele era economista, portanto estava muito bem dotado para isso”, completou.
Quanto à sua missão, considerou: “Eu tive de ser polivalente. Houve pandemia, houve incêndios, houve um pouco de tudo”.
Marcelo Rebelo de Sousa não quis apontar uma missão ao próximo Presidente da República, mas sustentou que “é muito visível” aquilo que “os tempos pedem” atualmente.