Com transtornos no setor de turismo, campanha pede que passageiros remarquem viagens

Mesmo fechadas, agencias de turismo trabalham no suporte de passageiros. Confira relato da Numatur Turismo e Armando Viagens.

Mundo Lusíada
O trecho aéreo Brasil-Portugal está suspenso nesse momento, depois das restrições impostas pelo governo brasileiro que impede estrangeiros de entrar no país. Todas as companhias aéreas cancelaram seus vôos diante da baixa demanda, provocada pela epidemia do Covid-19, e que restringiu fronteiras em diversos países do mundo.
Somente alguns vôos extras estão tendo autorização para trazer brasileiros de volta ao país ou permitir o embarque de turistas estrangeiros, depois disso poderá ter vôos normalmente apenas daqui há 30 dias, no caso do governo brasileiro não prorrogar essa medida de restrição no setor aéreo. Segundo a Embaixada do Brasil em Lisboa, cerca de mil brasileiros que se encontravam em turismo ou viagens de negócios, ainda permaneciam retidos em Portugal, grande parte passageiros da espanhola Ibéria. Mais de 6 mil brasileiros que tiveram vôos cancelados já conseguiram embarcar em Portugal com auxílio dos consulados.
Agencias fechadas
“Estamos com poucos passageiros para viajar, as companhias aéreas reduziram muito os vôos” diz Paulo Freitas, um dos representantes da Numatur Turismo, empresa com lojas em Santo André e São Paulo, ambas fechadas após decreto de quarentena do governo de São Paulo, em que permite continuar aberto apenas os serviços essenciais.
“Todos os funcionários estão trabalhando, todo mundo que liga para a Numatur, a ligação vai cair no telefone de uma determinada pessoa para atender, e vamos dar todo o suporte, nossos consultores estão todos home office”, garante.
A Numatur, que atende uma demanda da comunidade portuguesa de São Paulo, recebe somente os clientes com viagens marcadas que pretendem remarcar ou confirmar o voo. “As linhas aéreas tiveram muitas modificações por falta de passageiro, a malha aérea foi reduzida em 90% aqui no Brasil, e como vendemos muitos destinos nacionais também, as pessoas ligam para consultar seu voo”.
Segundo Paulo Freitas, a grande maioria dos clientes – cerca de 95% – não estão cancelando e sim adiando suas viagens para o segundo semestre do ano. “Até é uma recomendação nossa fazer a remarcação da data porque se for pedir o reembolso, além da companhia aérea cobrar uma multa, ela vai ter 12 meses para repor o dinheiro. Não compensa para o passageiro porque as companhias aéreas não vão pagar tão já, ele esperaria um ano por esse dinheiro. Ou a gente remarca a viagem ou damos um voucher, com o valor que foi pago, e o cliente pode reutilizar durante um ano”.
Além disso, o passageiro também tem desvantagem com o voucher, porque a companhia aérea devolve o valor pago na altura da compra, em reais, e com a valorização cambial, acaba não compensando. Por isso, segundo Freitas, o mais indicado é mesmo a remarcação da data de viagem. “Muitos hotéis do nordeste brasileiro estão fechados por 30 dias, por falta mesmo de clientes, e viajar não é recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde). Só viaja mesmo quem realmente precisa se deslocar”.
Segundo Paulo, as transportadoras aéreas estão com 95% da sua frota parada. “A TAP tem cem aviões espalhados em três aeroportos, está com Aeroporto de Beja cheio de aviões parados, Aeroporto de Faro também com aviões parados, e Aeroporto de Lisboa também, porque eles não tem mais onde parar essas aeronaves”.
Passageiros ficaram na Europa
Em Santos, a agência Armando Viagens (uma das mais tradicionais da baixada), que também atende a demanda da comunidade portuguesa, está fechada desde o dia 20 de março para o público e divulgou telefones para que os clientes possam entrar em contato. “Estamos trabalhando de casa, a primeira semana foi bem complicado para reacomodar todos, tínhamos muitos passageiros em Portugal e precisamos trazer o mais cedo possível”.
Com o cancelamento dos vôos, tanto TAP, quanto LATAM e Azul, ninguém mais viaja nesse mês. “Quem resolveu ficar lá vai esperar até maio, quem está aqui, vai aguardar e vamos ver”, diz Juliana Lopes, que comanda a agencia juntamente com o pai Armando.
“Como não sabemos ainda quando as companhias aéreas vão voltar a operar, ficamos em stand by, e estamos junto nessa campanha com outras agências de viagem pedindo que os clientes adiem e não cancelem sua viagem, não peça reembolso”, diz ela citando a mesma recomendação. “É bem melhor para esses passageiros reacomodar para o segundo semestre do que pedir o dinheiro de volta, porque vão demorar para receber e quando comprarem uma nova passagem, vão comprar com câmbio muito mais alto”.
Segundo Juliana, o movimento na agência “despencou” diante da atual situação de pandemia que vive o mundo. “É complicado alguém se planejar para o segundo semestre se não sabemos muito bem quando tudo isso acaba, e quando a malha aérea vai voltar”, diz ela confirmando que a TAP está fazendo apenas vôos charter (fretados) e que lotam com muita rapidez.
Ao Mundo Lusíada ela disse que a Armando Viagens segue “dando suporte” não apenas para clientes. “Tive casos de quem comprou na Internet e pediu ajuda para nós, era passageiro antigo e ajudamos. De todo esse lado ruim que estamos sofrendo, eu acho que o lado positivo é que muita gente que estava comprando pela Internet sentiu muito a falta de um bom agente de viagens para poder ajudar, o trabalho foi 24 horas correndo para reacomodar, não tinha Porto, mandava para Lisboa. Mas eu acredito que dias melhores virão, com certeza”.
Antes da pandemia da covid-19, o total era de 60 voos por semana de Lisboa para diversos destinos do Brasil.

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