A indefinição vem gerando tensão nos bastidores do Canindé. Caso o impasse continue, a Tauá Partners pode desistir do investimento, deixando a Portuguesa em uma situação financeira ainda mais delicada.
Mundo Lusíada
com o Netlusa.com.br
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No final de fevereiro de 2025, dia 28, o site Netlusa publicou matéria assinada por Chrystian Gedra e João Geraldes mostrando o descontentamento por parte dos responsáveis pela “Feirinha da Madrugada”, dizendo que os mesmos “tentam paralisar a reforma do Canindé na Justiça”.
O assunto foi parar na 44ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, que negou o pedido de liminar da JFB – Organização de Eventos Eireli para a paralisação da reforma do Canindé.
A empresa, que foi responsável pela Feirinha da Madrugada, foi quem ingressou com a ação contra a Portuguesa, alegando prejuízo em razão de um suposto investimento de R$ 17 milhões no terreno, onde era o antigo areião, localizado dentro da cidade Canindé.
O pedido de liminar foi rejeitado pelo juiz Guilherme Madeira Dezem, no dia 20 de fevereiro, sob a justificativa de que “não há elementos suficientes para conceder a paralisação de forma antecipada antes do andamento regular do processo”.
No momento, os responsáveis pela SAF da Portuguesa tentam resolver questões burocráticas antes de iniciar, de fato, as obras no clube. A expectativa é que as obras tenham início em novembro deste ano.
Torcida também reclamou da SAF
Ainda no dia 28, o Netlusa publicou matéria mostrando que a torcida uniformizada, Leões da Fabulosa, disse que a SAF “menosprezou” a Copa do Brasil e reclama do tratamento dado à torcida.
De forma precoce, a Portuguesa se despediu da Copa do Brasil ainda na primeira fase, dia 27 de fevereiro, ao ser eliminada nos pênaltis pelo Botafogo-PB, no Pacaembu.
Na visão da torcida, a diretoria errou na montagem do time e em vender jogadores importantes às vésperas do confronto pelo torneio nacional. Foram os casos de Renan Peixoto e Jajá Silva, negociados com Athletico-PR e Goiás, respectivamente.
Reclamações também foram para o departamento de comunicação e marketing, que a Leões classificou como “amador”, e insatisfação com o preço dos ingressos no Pacaembu, além de problemas com a segurança do estádio.
Entraves burocráticos afetam homologação da SAF
A Tauá Partners, empresa que investe na Sociedade Anônima do Futebol (SAF) da Portuguesa, teria cogitado desistir do projeto devido aos entraves burocráticos impostos pela própria estrutura interna do clube. A informação foi divulgada pelo jornalista Jorge Nicola, no último dia 28, e confirmada pelo Netlusa.
O principal obstáculo é a postura de Marcos Lico, presidente da Assembleia Geral, que estaria retardando a conclusão da transição definitiva para a SAF. A falta de reconhecimento formal da SAF, impede que a Federação Paulista de Futebol (FPF) e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) repassem as cotas de participação em torneios, além dos ativos do futebol, que não podem ser registrados sob a nova gestão. No Paulistão desse ano, os novos jogadores chegaram a ser registrados pela associação, para que pudessem ser inscritos no Paulistão e Copa do Brasil.
A crise se intensificou porque Lico e José Gonçalves, presidente do Conselho de Orientação e Fiscalização (COF), exigem a implementação de seis ressalvas feitas pelo COF antes da finalização do processo. No entanto, segundo a SAF, todas essas condições já foram contempladas no contrato assinado entre as partes.
Contudo, um ponto importante está na ata da votação da Assembleia que sacramentou a implementação da SAF da Lusa.
O presidente adicionou uma observação, na qual pede que o contrato volte para o COF para análise das ressalvas. No entanto, o contrato da SAF já foi analisado pelos departamentos jurídicos dos investidores e do clube, este último que responde também pelos três poderes, para o ajuste das ressalvas antes da assinatura do contrato, em dezembro.
Segundo o site Netlusa, no último dia 28 a diretoria da SAF teria realizado uma “reunião de emergência” e teria até cogitado acionar a Justiça contra os dirigentes que estariam dificultando a conclusão do processo.
Conselheiros consultados pelo Netlusa relataram surpresa ao tomarem conhecimento de que um contrato aprovado ainda precisaria de nova validação pelo COF. Segundo eles, “essa não é uma prática comum”.
A reportagem (Netlusa) procurou Marcos Lico, que justificou sua posição afirmando que a aprovação da SAF foi condicionada à inclusão das ressalvas exigidas pelo COF no contrato.
Segundo ele, ainda falta um documento formal do COF atestando que as condições foram cumpridas, o que impede a homologação definitiva do processo.
A indefinição vem gerando tensão nos bastidores do Canindé. Caso o impasse continue, a Tauá Partners pode desistir do investimento, deixando a Portuguesa em uma situação financeira ainda mais delicada. Além disso, isso pode afetar outros projetos, como o processo de Recuperação Judicial e também a reforma do estádio do Canindé.
Presidente da SAF, Alex Bourgeois, fala sobre reforma e prazo para reinauguração
Sem receber partidas desde o fim de janeiro, o estádio do Canindé está fechado para um grande processo de modernização, com um investimento de aproximadamente R$ 500 milhões, uma das promessas da SAF.
Atualmente se questiona como está o andamento do projeto, qual a previsão de reabertura? As respostas foram dadas pelo presidente da SAF, Alex Bourgeois, em entrevista concedida ao canal “Última Divisão”, no último dia 28.
O executivo explicou que a diretoria lusitana, neste momento, está no processo de aguardo de liberações da Prefeitura de São Paulo, que se mostrou parceira na chegada da SAF. Sobre o prazo para re-inauguração, está prevista para janeiro de 2028, portanto, daqui a três anos.
Enquanto sua casa passa por melhorias, a Rubro-Verde tem mandado suas partidas na Mercado Livre Arena Pacaembu. Entretanto, a dificuldade para levar bons públicos para o estádio, que tem ocasionado prejuízos, pode motivar uma mudança.
Presidente Antonio Carlos Castanheira se posiciona sobre impasse da SAF e garante cumprir obrigações
Já neste dia 03 de março, o associativo da Portuguesa, através do presidente Antonio Carlos Castanheira, emitiu uma nota sobre o impasse envolvendo a Sociedade Anônima de Futebol (SAF), que ainda não teve todos os trâmites internos concluídos no clube.
Na nota, divulgada nas redes sociais, o associativo garantiu ter cumprido todas as solicitações do Conselho de Orientação e Fiscalização (COF) e demais poderes da Rubro-Verde e cobrou uma solução.
Diante disso, a Tauá Partners tem pressionado para que a questão seja resolvida. A pendência impede que a Lusa receba premiações tanto da FPF quanto da CBF. Alex Bourgeois chegou a declarar que a empresa vai “pular fora” caso o entrave não seja solucionado.
Ano passado, a transformação em SAF e venda à Tauá Partners foi sacramentada com a promessa de reestruturação do departamento de futebol, investimento e modernização do Estádio do Canindé, e este imbróglio tem repercutido entre os torcedores, tendo provocado uma cobrança da uniformizada Leões da Fabulosa.
Presidente da Assembleia assegura ser a favor da SAF e aponta diretoria como culpada por imbróglio
Apontado como o ponto central do imbróglio, Marcos Lico se manifestou em nota. O presidente da Assembleia Geral do clube garantiu que não tem nada contra a transformação em SAF, frisando que votou a favor todas as vezes que necessário.
Lico apontou um possível desinteresse da diretoria administrativa em encontrar uma solução, garantindo que tem se colocado à disposição.
A diretoria administrativa, por sua vez, adotou uma postura apaziguadora em sua manifestação dizendo ter cumprido todas as exigências dos poderes do clubes necessárias. A Leões da Fabulosa, principal torcida da Lusa, divulgou nota onde mostrou preocupação com a indefinição.