Presidente de Moçambique vê relações “extraordinárias” com Portugal e afasta reparações

O Presidente eleito de Moçambique, Daniel Chapo, durante a sua cerimónia de tomada de posse como quinto presidente de Moçambique na Praça da Independência em Maputo, Moçambique, a 15 de Janeiro de 2025. A 23 de Dezembro, Chapo, 48, foi declarado vencedor das eleições presidenciais pelo Conselho Constitucional (CC) com 65,17% dos votos nas eleições gerais realizadas em 9 de Outubro. LUISA NHANTUMBA/LUSA

O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, afirmou hoje que as relações com Portugal são “extraordinárias” e afastou a necessidade de reparações ou outras ações pelo passado colonial, defendendo é preciso “olhar para a frente”, quando passam 50 anos de independência.

“Eu acho que neste momento nós temos que nos concentrar neste nível de cooperação, que tem que ficar cada vez mais sólida, porque nós achamos que a cooperação económica, a cooperação social, política, ambiental, é extremamente importante entre os dois países, entre os dois povos”, disse Chapo, em resposta à agência Lusa durante uma entrevista com vários órgãos de comunicação social, em Maputo.

Em 2025, e precisamente quando Moçambique assinala os 50 anos da proclamação da independência nacional – pelo primeiro Presidente moçambicano, Samora Machel, em 25 de junho de 1975 -, a União Africana designou o “Ano da Justiça para Africanos e Pessoas de Ascendência Africana por Meio de Reparações”.

Questionado pela Lusa sobre a necessidade de reparações por parte de Portugal, cujo Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, vai estar presente nas comemorações de quarta-feira, em Maputo, Daniel Chapo afastou esse cenário, sublinhando o momento atual das relações entre os dois países.

“Para nós o mais importante neste momento são as excelentes relações que existem entre Portugal e Moçambique. As relações neste momento são extraordinárias, crescem a cada dia que passa. A vinda do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa a Moçambique é um sinal muito forte das boas relações que existem”, apontou Daniel Chapo.

Daí que, para o Presidente moçambicano, é na “cooperação” que os dois países se devem concentrar, para “criar melhores condições de vida” para ambos os povos.

“Temos laços de amizade, laços de língua e laços até de familiaridade. Temos portugueses que estão aqui em Moçambique a casar com moçambicanos. Está cheio de moçambicanos lá [em Portugal] a casar com portuguesas, a nascerem moçambicanos em Portugal e portugueses em Moçambique. Então, achamos que isto é o que é mais importante neste momento. Fortificar cada vez mais as relações de amizade e cooperação e olharmos para a frente”, disse.

Para Chapo, a visita de Marcelo Rebelo de Sousa a Moçambique, para o aniversário da independência, “é sinal do reforço desta amizade”e “desta cooperação” entre Portugal e Moçambique, presença que espera servir para “reforçar cada vez mais as relações de amizade e cooperação”, nomeadamente nas áreas económica, política, social e ambiental.

“Os laços de amizade e cooperação entre Portugal e Moçambique são históricos e precisam de ser consolidados cada vez mais entre os nossos povos, as nossas nações (…) por forma que possamos ter um futuro comum de crescimento e desenvolvimento e criarmos melhores condições de vida para os nossos povos”, concluiu o chefe de Estado moçambicano.

As comemorações dos 50 anos da independência de Moçambique vão decorrer na quarta-feira, 25 de junho, no Estádio da Machava, Maputo, local onde aconteceu a cerimónia de proclamação em 1975, com a presença de 32 chefes de Estado, incluindo de Portugal.

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