Portugal envia dois especialistas para colaborar no combate aos incêndios no Pantanal

Meios aéreos combatem o incêndio na zona de São Teotónio no concelho de Odemira, 8 de agosto de 2023. O incêndio que deflagrou no sábado em São Teotónio, concelho de Odemira, é aquele que continua a merecer maior atenção da Proteção Civil e a área ardida é já de cerca de 7.000 hectares. LUÍS FORRA/LUSA

Mundo Lusíada com agencias

 

Portugal vai enviar dois especialistas para o Brasil para uma missão de colaboração na “análise e gestão estratégica” dos incêndios que atualmente assolam a região do Pantanal, adiantou a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) à agencia Lusa.

Segundo o comunicado, os dois especialistas, em representação da agência e do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), vão estar no Pantanal, na região do Mato Grosso do Sul, no Brasil, entre 10 e 21 de agosto.

“A 17 de agosto junta-se à AGIF e ao ICNF, um elemento da Polícia Judiciária (PJ), que vai colaborar até ao final do mês, com especialistas brasileiros na metodologia de determinação de causas de incêndios e estudo de casos”, refere-se no comunicado.

A missão pretende permitir a “identificação de estratégias de supressão dos incêndios ativos e na análise integrada do uso do fogo neste território”.

“As situações de seca, previsões meteorológicas e o crescente número de focos de calor no Pantanal (e noutras regiões brasileiras) permitem antever um período bastante complicado, em que os incêndios estão cada vez mais intensos e frequentes, comprometendo a capacidade de regeneração dos ecossistemas da região”, acrescenta o comunicado.

A AGIF esclarece que a missão de colaboração, a convite do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais – Prevfogo se enquadra num memorando de entendimento entre a agência e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), assinado em 2023.

De acordo com dados oficiais, durante o primeiro semestre deste ano, o fogo na região consumiu cerca de 500 mil hectares do Pantanal, a maior zona úmida do mundo, partilhada pelo Brasil, Bolívia e Paraguai, que alberga uma imensa e rica biodiversidade.

De acordo com as autoridades, a grande maioria dos focos de incêndio registrados nos últimos meses no Pantanal teve origem em propriedades privadas, onde é tradicional atear fogo para preparar a terra para o plantio.

Estragos

O fogo que consome o Pantanal já causou a morte de, pelo menos, três onças-pintadas, de acordo com o biólogo Gustavo Figueiroa, que atua na linha de frente do enfrentamento às queimadas pela rede Brigadas Pantaneiras, em informações para Agencia Brasil.

Na última segunda-feira (5), a localização de dois filhotes encontrados carbonizados comoveu as equipes que trabalham na conservação e recuperação do bioma. Os animais foram encontrados no município de Aquidauana, em Mato Grosso do Sul, e a terceira onça morta pelo fogo foi encontrada na propriedade do recanto ecológico Caiman, em Miranda, cerca de 75 quilômetros de distância de Aquidauana, informou o biólogo.

“A onça é um predador topo de cadeia, é um animal que é superimportante para o ambiente, além de ser super ágil – consegue fugir, nadar, escalar árvore. E quando você vê onças sendo queimadas, imagina todo o resto da fauna que é muito mais lenta e menos ágil”, explica.

De acordo com o Governo de Mato Grosso do Sul, o Grupo de Resgate Técnico Animal do Pantanal (Gretap) atua com 30 profissionais especializados em salvamento da fauna silvestre nas diversas frentes que trabalham no enfrentamento aos focos de fogo. Os animais resgatados que precisam de cuidados são encaminhados aos centros de reabilitação de Corumbá e Campo Grande.

No boletim divulgado dia 6, pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, até o último domingo (4), 564 animais silvestres foram resgatados.

Nessa semana o fogo no Pantanal consumiu mais de 100 mil hectares, alcançando 8,7% do bioma, que já ultrapassa 1,3 milhão de hectares de área atingida pelas queimadas desde o início de 2024, segundo dados o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ).

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