Luiz Galina: “Lidar com cultura e educação exige vocação”

Foto divulgação

Brasil e Portugal: unidos no mesmo objetivo

Por Ingrid Morais
Especial para o Mundo Lusíada

O Serviço Social do Comércio (SESC) é uma referência mundial na valorização e divulgação de atividades artísticas. Tem sido desafiador ocupar o cargo de Diretor Regional do Estado de São Paulo, posição que durante décadas foi de Danilo Miranda e que deixou sua marca para a cultura?

Luiz Galina: Claro. Assumir a direção do SESC é uma responsabilidade muito grande e é uma tarefa que incentiva meu lado profissional para continuar essa trajetória no campo da cultura, da arte e da saúde. Nós não somos só atividades culturais e artísticas. Temos uma rede de restaurantes, uma rede de clínicas odontológicas e uma rede de equipamentos destinados ao esporte (sejam parques aquáticos, quadras esportivas, atividades de ginástica, etc.). E todas as nossas unidades tem equipamentos culturais: teatros, auditórios e espaços para exposições. Há também as atividades para os idosos. Uma grande parte dos frequentadores das nossas unidades são idosos, aposentados. Tudo isso é muito incentivador – de poder manter a qualidade dos nossos serviços e oferecer sempre uma programação atrativa para as pessoas conhecerem, frequentarem o SESC e terem uma vida cultural e social mais ampla, rica e digna para viverem bem. Somos centros de convivência onde as pessoas se encontram.

IM: Fazendo um comparativo entre Brasil e Portugal, quais as semelhanças e diferenças no serviço social cultural?

LG: Evidentemente Portugal tem uma vida cultural muito rica, mas desconheço os detalhes dessa ligação, dessa intersecção entre a vida cultural e o serviço social como temos no Brasil através do SESC. Acredito que Portugal não tenha uma instituição semelhante ao SESC. O que vemos são serviços sociais ou centros de cultura, de arte e museus.

IM: O sr. já esteve em Portugal acompanhando as produções culturais. Quais impressões tirou dessa experiência?

LG: Conheço pouco de Portugal. Estive lá durante dez dias na cidade do Porto e nessa ocasião visitei o Teatro São João acompanhado do Danilo Miranda. Assistimos uma peça sobre Fernando Pessoa que depois trouxemos para o SESC Pinheiros. É uma maravilha aquele teatro, com uma programação muito importante. Temos um relacionamento muito bom com o pessoal do Porto e do Teatro. Por meio de parcerias governamentais, através do Consulado Geral de Portugal, da Embaixada e também de entendimentos entre grupos de teatro portugueses estamos sempre trazendo novidades, como foi o caso agora em 2024 dos espetáculos portugueses que integraram o Festival Mirada (Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas que sempre contou com a participação de Portugal). A relação entre os dois países é muito forte.

IM: O SESC tem um curso muito procurado de especialização em Gestão Cultural. Se pudesse dar um conselho para a nova geração que deseja iniciar na Produção Cultural, qual seria?

LG: Lidar com cultura e educação exige vocação. É uma condição essencial. Quem deseja profissionalizar-se nessa área deve ter interesse por esse campo no seu dia a dia, na sua formação, desde a infância, passando pela adolescência e chegando à idade adulta. Precisa interessar-se pelo que acontece em seu bairro, em sua cidade, no país e no restante do mundo. É manter um olhar de compreensão da importância da cultura e da arte para a vida.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja também