Igreja Católica já não é a Itália nem a Europa – cardeal brasileiro

Foto divulgação /Santuário de Fátima

Em Fátima neste 12 de maio, o cardeal brasileiro Jaime Spengler, que participou na eleição do Papa Leão XIV, afirmou que a Igreja já não é a Itália nem a Europa, considerando que Francisco procurou dar representatividade às regiões onde o catolicismo está presente.

“Hoje, o Colégio dos Cardeais é composto por homens, se eu não me engano, provenientes de cerca de 70 nações diferentes. O Papa Francisco, realmente, internacionalizou o colégio. A Igreja Católica não é mais a Itália e não é mais a Europa”, afirmou Jaime Spengler aos jornalistas, na conferência de imprensa da peregrinação internacional de maio ao Santuário de Fátima, a que vai presidir.

Para o cardeal, arcebispo metropolita de Porto Alegre, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano, o Papa Francisco, que morreu em 21 de abril, procurou, “ao longo do seu ministério”, dar representatividade a “todas as regiões onde o catolicismo está presente”.

O cardeal descreveu momentos das congregações gerais, que antecederam o conclave, para assinalar “quanta diversidade, quanta riqueza, mas também quanta dor e tanta alegria”, referindo-se depois ao conclave.

 cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, 69 anos, foi eleito Papa na quinta-feira, ao fim de dois dias de conclave, e assumiu o nome de Leão XIV.

“Naquela quarta sessão da votação, alguém disse Prevost. Era o voto número 89, era o número limite, os dois terços dos votantes”, recordou.

“Foi impressionante. Alguém começou a bater palmas e aquilo dentro da Capela Sistina alcançou um eco e, aos poucos, todos se levantaram”, explicou, admitindo que o cardeal Robert Prevost “entrou também no conclave sem imaginar que pudesse vir a ser eleito”.

Jaime Spengler adiantou que quando foi saudar o Papa após a eleição lhe comunicou que iria para Fátima para presidir a esta peregrinação, tendo recebido de Leão XIV, que foi a primeira escolha para estas celebrações, um sorriso.

Para o arcebispo de Porto Alegre, a escolha do nome de Leão “é muito significativo”.

“A Igreja é como um comboio. Ela caminha sobre dois trilhos: de um lado, a Cristologia, o Evangelho. Do outro lado, o outro trilho, a realidade atual, o contexto atual. Então, nesse sentido, a escolha do nome parece-me que sintetiza, de uma forma toda especial, aquilo que é a vida da Igreja”, notou.

Jaime Spengler desejou que os fiéis em Fátima, como peregrinos de esperança, possam, “através da liturgia, do diálogo, da celebração, trazer, sim, uma indicação em vista de possíveis sendas para a construção de um mundo melhor”.

“Estamos a viver uma crise das democracias no mundo. Percebemos que as instituições de mediação internacional também estão em crise”, afirmou Jaime Spengler. “Tudo aquilo talvez que imaginávamos e sonhávamos depois da queda do muro de Berlim, em 89, uma sociedade integrada, integradora, uma convivência pacífica talvez entre os povos, isto não se realizou”.

As celebrações da peregrinação de 12 e 13 de maio, 108 anos após os acontecimentos na Cova da Iria e nas quais são esperados milhares de fiéis, começam às 21:30, com a recitação do terço, na Capelinha das Aparições, seguindo-se a procissão das velas e a Celebração da Palavra, no recinto do santuário. Na terça-feira, após a recitação do terço, às 09:00, na Capelinha das Aparições, começa, uma hora depois, a missa, com a bênção dos doentes e a procissão do adeus, no recinto.

Milhão de pepregrinos

“De 01 de janeiro a 30 de abril, dados incompletos e provisórios, registramos a presença de 869.605 participantes nas 2.935 celebrações que se realizaram no santuário. É por isso legítimo pensar que, com os números do mês de abril, possamos estar muito próximos de um milhão de participantes nas celebrações do santuário, o que estará em linha com o número de peregrinos registados no mesmo período do ano passado”, afirmou Carlos Cabecinhas.

Neste dia 12, o reitor do Santuário de Fátima estimou que entre janeiro e abril deste ano cerca de um milhão de peregrinos possam ter participado nas celebrações do templo, número em linha com o do período homólogo de 2024.

Na conferência de imprensa da peregrinação internacional aniversária de 12 e 13 de maio, o reitor do maior templo mariano do país adiantou que, “quanto aos grupos organizados que se inscreveram nos serviços do santuário, de 01 de janeiro a 11 de maio”, foram registados “405 peregrinações de grupos portugueses, o que representa um aumento de 9% em relação ao mesmo período do ano passado”.

“Registámos a presença 1.082 grupos estrangeiros, o que significa um aumento de 3% em relação ao mesmo período de 2024”, declarou, explicando que, dos países mais representados, “os peregrinos espanhóis são os estrangeiros mais numerosos em Fátima, seguidos dos polacos”.

Ainda de acordo com o sacerdote, “vêm depois os grupos dos Estados Unidos, da Indonésia e Itália”.

Quanto às peregrinações já marcadas para o resto do ano, surgem, de novo, os peregrinos de Espanha, seguidos da Polónia, Itália, Vietname e Ucrânia.

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