Eugénia Melo e Castro canta fado e namora o samba em concerto em SP até novembro

Mundo Lusíada
Com Lusa

EugeniaMeloeCastroA cantora e compositora Eugénia Melo e Castro apresentou músicas tradicionais portuguesas e pediu passagem para entrar no samba, no espetáculo “SereiA Portuguesa”, que estreou quinta-feira à noite em São Paulo, repleto de memórias de 35 anos de carreira.

Eugénia Melo e Castro vai apresentar-se até ao dia 26 de novembro, em São Paulo, sempre às quartas e quintas-feiras, no Teatro MuBe.

O cenário do palco remetia para as tradições portuguesas, com um varal repleto de xailes e lençóis, e objetos como uma peça de porcelana, um galo de Barcelos, garrafas de ginja e uma pipa de vinho, sobre o qual a artista se sentou para interpretar de forma contemporânea músicas bastante conhecidas.

A cantora, que foi bastante aplaudida na estreia do concerto, interpretou fados e canções como “Foi Deus”, “Maldição”, “Fado Lisboa” e “Nem às paredes confesso”, intercalados com histórias sobre a sua carreira e os vínculos entre Portugal e Brasil, abordados de forma divertida e espontânea.

Numa das intervenções, contou sobre a ocasião em que iria gravar a música “Olhos castanhos”, com o brasileiro Caetano Veloso, e deixou a letra da música para que ele seguisse.

“Ele me disse: ‘Para que preciso disso? Sei essa letra desde antes de nascer, minha mãe a cantava desde sempre'”, recordou Eugénia, mostrando que o repertório desse concerto faz parte da memória emocional também de brasileiros, além da dos portugueses que moram no Brasil.

A cantora declamou uma poesia do pai, Ernesto Melo e Castro, e citou exemplos de portugueses que se mudaram para o Brasil e passaram a fazer parte da memória cultural do país, como a cantora Carmem Miranda, a dramaturga Maria Adelaide do Amaral e o músico João Ricardo, que fez parte do grupo Secos e Molhados, ao lado do brasileiro Ney Matogrosso.

O espectáculo “SereiA Portuguesa” tem direção musical de Swami Jr., que também está nos violões, e conta com Olivinho no acordeão. A direção cánica é de Fernando Cardoso.

A cantora tem 26 álbuns lançados no Brasil e em Portugal, e fez parcerias com nomes conhecidos da música, incluindo os brasileiros Tom Jobim, Caetano Veloso, Chico Buarque e Milton Nascimento, e os portugueses Júlio Pereira, Mário Laginha, Jorge Palma, António Pinho Vargas e Pedro Caldeira Cabral.

Durante o concerto, relembrou a sua parceria com Jobim e a forma com que ele considerava a diferença da pronúncia das vogais, ditas em Portugal das ditas no Brasil, que afetava nas interpretações das músicas.

Já no fim da apresentação, Eugénia Melo e Castro cantou um samba de enredo que escreveu e foi musicado pelo “Alemão do Cavaco”, da escola de samba Mangueira, do Rio de Janeiro.

“Deixa eu entrar no samba aí/deixa e dançar com a minha dor/ nem sempre o samba é alegria/ nem sempre o fado é sofredor”, cantou. A intenção da cantora, afirmou, é gravar o tema ao lado dos ‘ritmistas’ da escola de samba.

O concerto “SereiA Portuguesa” está a ser apresentado no Teatro MuBE Nova Cultural, em São Paulo, na avenida Europa, bem próximo da rua Portugal.

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