Web Summit é vitrine para internacionalização de ‘startups’ lusas e mobilização de capital estrangeiro

O primeiro-ministro, António Costa, cumprimenta um figurante vestido de astronauta no decorrer do segundo dia da Web Summit, no Altice Arena, em Lisboa, 06 de novembro de 2018. JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Mundo Lusíada
Com Lusa

O primeiro-ministro português considerou que a Web Summit constitui uma vitrine “mundial” para as ‘startups’ portuguesas se internacionalizarem e mobilizarem capital estrangeiro, mas também um banco de ideias para introduzir inovação nos serviços do Estado.

Antonio Costa fez uma longa visita por dezenas de ‘stands’ de startups lusas presentes na Web Summit – percurso em que esteve acompanhado pela sua mulher, Fernanda, pelo presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, pelos ministros Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, e do Planejamento e Infraestruturas, Pedro Marques, assim como pelo secretário de Estado Eurico Brilhante Dias.

“A Web Summit não é só um evento para trazer estrangeiros a Portugal, mas também uma excelente oportunidade para incentivar os portugueses a empreenderem e para encorajar todos os que estão a sair das nossas universidades a desenvolverem os seus negócios. A Web Summit é sobretudo uma enorme montra para todo o mundo em relação àqueles que já criaram as suas ‘startups’ e que estão aqui a procurar parceiros, novos clientes, novos recursos humanos para se expandirem”, declarou o primeiro-ministro.

No final de uma visita de cerca de duas horas, António Costa dialogou com jovens empreendedores de vários pontos do país, ouvindo explicações sobre produtos tecnológicos dedicados à gestão de parques de estacionamento, ao alojamento local, para a simplificação de informação fornecida a partir de ‘softwares’ diversos ou, mais assustador, para estudo pormenorizado sobre a tranquilidade de um candidato numa entrevista de emprego.

“São empresas que têm produtos e serviços da maior variedade e que demonstram bem o dinamismo do nosso ecossistema de startups e de empreendedorismo. É preciso continuar a dar força se quisermos continuar a criar melhores empregos, com melhores salários e, para isso, é fundamental apostar nesta inovação”, advogou o líder do executivo.

Perante os jornalistas, António Costa procurou frisar a ideia de que o seu Governo apoiou este ano 200 ‘startups’ portuguesas no sentido de poderem estar na Web Summit sem terem de pagar a taxa bastante elevada de presença.

“A generalidade daqueles com quem contactei estão animados, já se encontram no mercado, têm clientes e, portanto, possuem algum sucesso. Obviamente, aqui, na Web Summit, têm uma boa oportunidade para se internacionalizarem, chegando a todo o mundo, além do mercado que já têm em Portugal”, disse.

O primeiro-ministro fez depois questão de referir que os três “unicórnios” nacionais, empresas tecnológicas que atingiram um capital de mil milhões de dólares, tiveram um percurso semelhante ao de muitas das atuais ‘startups’ portuguesas.

“Deram-se a conhecer e mobilizaram capital estrangeiro. Há pessoas que andam pelo mundo inteiro a procurar boas ideias e empresas novas”, completou o primeiro-ministro, considerando, depois, que a Web Summit “é igualmente um grande banco de ideias para o Estado e para a administração pública”.

“Todos os anos têm sido abertos concursos para atrair a inovação para a administração pública. No ano passado, foi lançado um concurso para mobilizar projetos de inteligência artificial, tendo em vista resolver problemas clássicos da administração pública”.

Para o líder do executivo, a administração pública apresenta mesmo uma vantagem: “Tem um enorme recurso em matéria de dados, o que ajuda as empresas a desenvolverem e a treinarem as suas aplicações”.

Durante a visita, António Costa experimentou uns óculos inovadores destinada a lojistas no atendimento dos seus clientes e tomou um café servido por um astronauta.

“É mais um bom exemplo da capacidade de inovação da Delta. No ano passado, eles tinham uma máquina que vencia a gravidade, distribuindo café de baixo para cima. Este ano o café veio do espaço, numa máquina portátil para tirarmos as nossas bicas”, comentou António Costa com evidente satisfação.

Mas este café “vindo do espaço” serviu a António Costa para reforçar uma convicção pessoal: “Estamos perante a demonstração como, mesmo em coisas tão tradicionais como tirar uma bica, há sempre espaço para inovar. Em tudo há espaço para inovar”, acrescentou.

Sustentabilidade das cidades

Também o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, destacou no evento o papel das cidades na agenda da sustentabilidade ambiental, e convidou os conferencistas da cimeira de tecnologia a olharem para o que acontece no terreno.

“A maioria [dos conferencistas] que vem [à Web Summit] está preocupada com a sustentabilidade, está muito preocupada com o que os Estados Unidos da América estão a fazer relativamente ao Acordo de Paris, e este é um enorme tópico de discussão sobre o medo e o fato de as coisas estarem a retroceder”, disse o presidente da Câmara.

Ainda assim, Medina quis passar uma “mensagem otimista” a quem o ouvia num dos palcos do recinto, que se reparte entre a Altice Arena e a Feira Internacional de Lisboa (FIL).

“A mensagem que vos gostaria de transmitir, de enviar diretamente de Lisboa, é que há razões crescentes para o otimismo”, apontou, salientando o papel das cidades nesta matéria.

“Quando olham para as cidades, para as grandes e médias cidades do mundo, quando olham para Nova Iorque, Londres, Paris, Madrid, Lisboa, Barcelona, Pequim, Singapura, quando olham para todas estas cidades do mundo, todas elas estão a protagonizar uma arrojada agenda em termos de sustentabilidade”, considerou.

Segundo o autarca socialista, apesar de haver algum receio com o que se passa a “nível nacional por causa das posições de alguns governos face ao Acordo de Paris”, acontece o “oposto nas cidades”.

“Olhem para a realidade não apenas do ângulo que é mais noticiado, mas olhem para o que acontece no terreno, para as decisões de agentes muito importantes. Olhem para o que acontece nas cidades, e provavelmente vão voltar a ganhar esperança de que o mundo não está a girar no sentido errado”, salientou Fernando Medina.

O autarca convidou os presentes a analisarem “o que está a acontecer nas cidades”, que contam com “metade de toda a população do mundo”.

De acordo com o presidente da Câmara de Lisboa, o primeiro aspecto a analisar prende-se com a “sustentabilidade econômica”, nomeadamente “como criar, como reter talento, como reter empregos de inovação e conhecimento”.

A par disto, Medina defendeu que os municípios devem preocupar-se também com a sustentabilidade social e a sustentabilidade ambiental, sendo necessário compreender como se poderá tornar o “ambiente e os cidadãos sustentáveis a longo prazo”.

Para tal, as cidades tomam medidas para reduzir o número de carros que andam nas estradas, e promovem “mais transporte público, mais investimento na proteção contra as alterações climáticas, maior investimento em energia sustentável”.

“Não é ao acaso que quando olhamos para o espectro político em todo o mundo vemos forças massivas a lutar contra a exclusão, contra a discriminação, xenofobia, racismo, são precisamente os presidentes de cidades grandes. Não é acaso, é porque estão a acontecer coisas nas cidades”, apontou Fernando Medina.

O futuro das cidades, vincou, terá então de ser “sustentável de um ponto de vista econômico, sustentável de um ponto de vista ambiental, sustentável de um ponto de vista social”. “Tem de o ser ou não haverá futuro, de todo”, referiu.

A edição de 2018, a terceira em Lisboa, decorre no Altice Arena e na Feira Internacional de Lisboa (FIL) até quinta-feira, com 70 mil participantes.

A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo Web Summit nasceu em 2010 na Irlanda e mudou-se em 2016 para Portugal e desde essa altura terá gerado um impacto econômico de mais de 500 milhões euros.

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