Pela primeira vez, Açores importa uma centena de ovelhas para incrementar produção de leite

Da Redação
Com Lusa

foto: Jaime deBrum

Os Açores vão importar este mês cerca de uma centena de ovelhas para incrementar a produção de leite na ilha de Santa Maria, segundo o diretor regional da Agricultura, referindo que se trata de uma “iniciativa inédita”.

“A ARCOA [Associação de Criadores de Ovinos e Caprinos da Ilha de Santa Maria], que congrega os interesses dos ovinicultores, resolveu, em articulação com o Governo Regional, dar um passo em frente e promover a produção de leite de ovelha na ilha”, afirmou José Élio Ventura, referindo que esta “é uma estratégia que visa promover a diversificação agrícola e a própria diversificação dentro da ovinicultura”.

Segundo José Élio Ventura, nesse sentido “foi articulado entre a ARCOA e a Secretaria Regional da Agricultura e Florestas, através da Direção Regional da Agricultura, um processo de importação de cerca de cem fêmeas de uma raça adaptada às condições agroclimáticas da ilha”.

“São cerca de cem animais reprodutores fêmeas e quatro machos reprodutores”, adiantou o responsável, explicando que a aquisição foi feita em França junto de uma “cooperativa de referência internacional” e que os animais devem chegar à ilha do grupo oriental do arquipélago dos Açores no final deste mês.

O diretor regional da Agricultura adiantou que com a importação destes animais vai aumentar a produção de leite de ovelha e que tem como “fim último perspetivar a produção de queijo de ovelha e que poderá vir a ser um produto de referência e uma marca de registo para Santa Maria”.

“Santa Maria é uma ilha que tem um forte histórico na produção de ovelhas e, apesar de alguns altos e baixos, manteve sempre uma pressão constante ao nível dos ovinos, designadamente da carne de borrego, que tem muita procura, e agora tenta-se dar um passo em frente no sentido de perspetivar a produção de leite de ovelha através desse processo de importação”, declarou.

De acordo com dados da Secretaria Regional da Agricultura e Florestas, tutelada por João Ponte, em 1928 existiam em Santa Maria quase quatro mil ovelhas que ocupavam os solos mais pobres da zona ocidental da ilha, atualmente com infraestruturas aeroportuárias.

Duas décadas mais tarde, a ovinicultura começou a sofrer um declínio devido à construção do aeroporto, à emigração e aos ataques de cães vadios. Dados atuais da secretaria indicam que o número de ovelhas não ultrapassa as 700.

“A ovinicultura é uma atividade agrícola muito ligada à produção de carne de borrego, mas teve alguns constrangimentos no passado”, declarou José Élio Ventura, para acrescentar que “tem vindo a ser reestimulada e recuperada ao longo do tempo”.

José Élio Ventura reconheceu que “um dos problemas da ovinicultura foi sempre o problema dos cães vadios”, salientando, contudo, que “com o passar do tempo há uma preocupação acrescida das autoridades regionais, mas também muito das autoridades municipais com vista à captura e registo dos animais errantes”.

“Mas creio que o problema tem vindo a atenuar-se ao longo do tempo”, referiu.

O Governo dos Açores termina hoje uma visita de dois dias a Santa Maria, cumprindo o Estatuto Político-Administrativo que determina que o executivo regional visite cada uma das ilhas do arquipélago pelo menos uma vez por ano e que o Conselho do Governo se reúna na ilha visitada.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: