Na Fiesp, ministro português convida empresariado a conhecer Portugal

A reunião na Fiesp com a comitiva portuguesa. Foto: Helcio Nagamine/Fiesp
A reunião na Fiesp com a comitiva portuguesa. Foto: Helcio Nagamine/Fiesp

Mundo Lusíada
Com agencias

O ministro português António Pires de Lima iniciou em São Paulo uma missão de três dias, sendo acompanhado pelo secretário de Estado adjunto e da Economia, Leonardo Mathias, e pelo presidente da AICEP, Miguel Frasquilho.

O ministro da Economia disse que os investidores brasileiros têm interesse em Portugal, mas considerou “essencial” irem ao país conhecerem a realidade portuguesa atual e terem contato direto com as empresas nacionais.

“A primeira coisa é fazer com que os investidores brasileiros, nomeadamente os grandes industriais, conheçam Portugal. Não é possível investir nem abrir oportunidades, sem se conhecer a realidade”, disse Pires de Lima, na Fiesp.

De acordo com o ministro, “há interesse, mas um grande desconhecimento de uma boa parte do empresariado brasileiro” daquilo que é a realidade de Portugal hoje, “depois de ultrapassado este difícil momento financeiro”.

“Creio que é essencial que os investidores brasileiros, nomeadamente a FIESP, venham a Portugal”, disse Pires de Lima, adiantando que já ficou “pré-sinalizada” uma visita de empresários brasileiros a Portugal, já no último trimestre deste ano, para que se estabeleça uma relação de conhecimento entre as partes, pois só assim “é possível falar de investimento concreto”.

O ministro apresentou um panorama recente da economia portuguesa. O país entrou no euro há 15 anos e, segundo Lima, o governo da época não tomou ações adequadas para as exigências de uma moeda única, mantendo taxas de juros baixas, muito consumo e muito investimento. O resultado foi um baixo crescimento da economia, gerando dívidas para estado, empresas e famílias e tornando necessário um pedido de assistência financeira em maio de 2011. Em 2013, o país conseguiu apresentar uma balança comercial positiva, além de outros benefícios para a economia, como o aumento da competitividade e a redução do desemprego.

Cadeias produtivas Portugal/Brasil

Para o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Portugal e Brasil devem apostar na integração de cadeias produtivas de produtos e juntos potenciarem as exportações para a Europa e a África de língua portuguesa.

José Ricardo Roriz Coelho falou à Lusa, em São Paulo, após uma reunião com o ministro da Economia português, António Pires de Lima, e a comitiva que o acompanha numa visita ao Brasil, onde ficou desde logo pré-agendada para setembro ou outubro a ida de uma missão de empresários brasileiros a Portugal para conhecer diretamente as empresas portuguesas e explorar as oportunidades de investimento.

“O Brasil e Portugal podem complementar-se dentro das cadeias produtivas”, para que as suas indústrias fiquem mais competitivas, afirmou e deu como exemplos as áreas em que os produtos no mercado brasileiro são mais baratos, como as matérias-primas.

Além disso, referiu a grande força do Brasil na área da petroquímica, plásticos e celulose e destacou “a necessidade muito grande na área da construção civil”, onde as construtoras portuguesas poderão desempenhar um importante papel.

“Se associarmos o que Brasil tem de competitivo com o que Portugal tem hoje, sobretudo depois das reformas que fez nos últimos anos, então a integração entre estas cadeias produtivas vai fazer com que esses produtos sejam exportados não só para a Europa, onde Portugal pode ser uma porta de entrada, mas também para países africanos com a mesma língua e traços culturais bastante semelhantes”, sublinhou José Ricardo Roriz Coelho.

“O fato de uma empresa brasileira, que nunca tenha exportado e queira expandir os seus investimentos para fora do Brasil, apostar na internacionalização via Portugal, investindo e construindo fábricas em Portugal, vai fazer com que esse processo seja bem mais rápido”.

Na reunião, várias foram as questões lançadas pelas empresas presentes, nomeadamente do setor agroalimentar, cosmética e construção, que queriam saber os detalhes dos seus setores no mercado português e no último caso até pormenores sobre a indústria naval e os portos.

Por outro lado, o vice-presidente da FIESP disse que “salta aos olhos” a “performance positiva” da bolsa de valores portuguesa, em relação aos números da Europa, dos Estados Unidos e da América Latina. “Isso é um bom sinal e significa que o investidor está a acreditar no mercado português e na indústria portuguesa e reconhece que as reformas feitas pelo Governo português nos últimos anos foram fundamentais para que a competitividade portuguesa crescesse”.

A FIESP é um organismo privado brasileiro e representa cerca de 130 mil indústrias de diversos setores, tamanhos e cadeias produtivas e 131 sindicatos patronais, possuindo uma grande influência na economia e política brasileira, devido à representatividade das empresas que a compõem no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.

Porta de entrada

Para o presidente da AICEP, Miguel Frasquilho, Portugal pode ser para o Brasil aquilo que a Irlanda foi para os Estados Unidos, abrindo portas ao investimento brasileiro no país e exportando para a Europa.

“Portugal tem todas as condições de poder ser para o Brasil o que Irlanda foi para os Estados Unidos”, disse o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Miguel Fraquinho, que integra a missão.

Miguel Frasquilho disse que tal como a Irlanda teve uma grande importância na captação de investimento norte-americano, servindo como porta de entrada na Europa, também Portugal pode abrir esse caminho às exportações das empresas brasileiras que queiram estabelecer-se no país. As semelhanças surgem até nas questões linguísticas, pois também neste caso o português e os laços culturais são comuns a Portugal e ao Brasil.

A par do investimento, o presidente da AICEP centrou-se também na importância das exportações, sobretudo na fase atual de Portugal, até porque “sendo o mercado interno muito limitado, de 10 milhões, as empresas perceberam que com esta crise – e cada crise é uma oportunidade – que a internacionalização era o caminho e significa mais exportações”.

Azeite

Durante esta missão, Pires de Lima e Miguel Frasquilho reuniram-se com várias empresas portuguesas de diversas áreas, como os serviços e as tecnologias de ponta, onde lhes foram transmitidas as maiores preocupações e problemas, assim como as facetas mais positivas que aquelas enfrentam na sua atividade no Brasil.

Um dos problemas detetados, revelou Frasquilho, afeta precisamente o azeite, o produto português mais exportado para o Brasil, representando 172 milhões de euros, com um crescimento de 21% em 2013, em termos homólogos.

“Há um problema de fraude, por causa da mistura que é feita nomeadamente com óleo de soja, ficando o produto adulterado. A AICEP pode aqui ser uma ajuda com as autoridades e tentar passar este obstáculo”, revelou.

Numa frase, Frasquilho reforçou que a AICEP “tem a missão de facilitar, facilitar, facilitar e remover custos de contexto e os obstáculos”, disse.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: