Governo brasileiro libera R$ 38 milhões para ações na Amazônia

O Itamaraty divulgou que após o envio da Força Nacional de Segurança Pública para combater os incêndios na Amazônia, o fogo no Parque Nacional dos Campos Ferruginosos foi extinto, e que segue os combates contra o fogo na região.

Da Redação
Com agencias

O Ministério da Economia liberou R$ 38,5 milhões ao Ministério da Defesa para combate a incêndios na Amazônia Legal. O valor havia sido contingenciado do montante voltado para Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). As ações de GLO tinham orçamento aprovado de R$ R$ 47,5 milhões. Desse total, cerca de R$ 7,1 milhões estava sendo utilizado, divulgou a EBC.

Na sexta-feira (23), foi instalado o Centro de Operações Conjuntas no Ministério da Defesa para execução de ações nas regiões de fronteira, terras indígenas, áreas da União, além de outras áreas da Amazônia Legal.

Mais de 43 mil integrantes das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) estão na região. Eles devem atuar coordenados com órgãos de controle ambiental e de segurança pública.

Dos nove estados que compõem a Amazônia Legal, sete (Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins ) formalizaram e tiveram autorizada a solicitação para emprego da Garantia da Lei e da Ordem Ambiental (GLOA) para combate aos focos de incêndio na região.

Ajuda do G7

O ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, declarou que a ajuda anunciada pelo G7 aos países atingidos pelos incêndios da Amazônia é “sempre bem-vinda”. “Acho uma excelente medida, é muito bem-vinda”, disse Salles, citado pelo portal de notícias G1.

“Eu queria aproveitar, inclusive, para lembrar que desde 2005 o Brasil tem cerca de 250 milhões de toneladas de gás carbônico [dióxido de carbono], do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, para receber. Isso gera uma receita de 2,5 mil milhões de dólares [2,25 mil milhões de euros]”, acrescentou.

O governante pediu ainda aos “países desenvolvidos, o G7”, que ajudem a pagar “essa fatura do Protocolo de Quioto [Japão], esse crédito que o Brasil tem, que seria muito bem-vindo”.

Segundo o protocolo, através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), um país desenvolvido pode comprar “créditos de carbono” resultantes de atividades de um país em desenvolvimento que tenha ratificado o documento.

O MDL é um dos mecanismos de flexibilização criados pelo Protocolo de Quioto (tratado internacional, assinado em 1997) para auxiliar no processo de redução de emissões de gases com efeito estufa.

O agradecimento de Ricardo Salles surge depois do Presidente francês, Emmanuel Macron, ter anunciado que o G7 fornecerá uma ajuda imediata de 91 milhões de reais (17,95 milhões de euros) para combater o incêndio na maior floresta tropical do mundo.

Na cimeira do G7, dos países mais industrializados do mundo, participaram durante o fim de semana os líderes da Alemanha, Canadá, Estados Unidos da América, França, Itália, Japão e Reino Unido.

A posição do ministro brasileiro, no entanto, encontra-se desalinhada com a do chefe de Estado, Jair Bolsonaro, que quando confrontado com a oferta de ajuda do G7 mostrou ter dúvidas acerca da intenções desses países.

“Será que alguém ajuda alguém, a menos que seja pobre, sem retorno? Isto é, sem esperar por algo em troca”, questionou Bolsonaro, junto à entrada do Palácio da Alvorada, sua residência oficial.

Sem mencionar qualquer país em particular, o Presidente brasileiro disse que, no final da semana passada, falou com “líderes excepcionais” sobre a grave situação gerada pelos incêndios na Amazônia, que na sua opinião realmente desejam colaborar com o Brasil na luta contra as chamas.

No entanto, numa aparente alusão a Macron, acrescentou que não conversou com aqueles que, no seu entendimento, querem “continuar vigiando o Brasil”.

Imagem do Brasil

Também a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que o presidente francês foi “oportunista” e prejudicou a imagem brasileira com suas declarações sobre os incêndios na Amazônia. “Eu acho que foi oportunista. É um problema interno. Prejudica sim a imagem do Brasil, que já não anda muito bem”, disse.

Para Tereza Cristina, alguns países têm atacado o Brasil por sentirem seus interesse comerciais ameaçados. “As relações comerciais com a Europa depois da assinatura desse acordo Mercosul-União Europeia deixaram, com certeza,. alguns países preocupados pela pujança do nosso agronegócio, pelo mercado que nós podemos tirar”, afirmou.

De acordo com a ministra, Irlanda e França estão entre os países mais preocupados com a entrada dos produtos agropecuários brasileiros na Europa. “Principalmente, a Irlanda, a gente sentiu nas negociações a preocupação com as carnes, e a França, que não é de hoje que os produtores rurais vem se insurgindo contra os produtos brasileiros, querendo denegrir a imagem dos nossos produtos”, acrescentou.

Para Tereza Cristina, a produção feita na Amazônia, em sua maioria, tem certificados de origem e não está conectada ao aumento das queimadas. “Não existe nenhuma relação entre um problema que acontece na Amazônia todos os anos [com os produtos brasileiros] , o exagero que foi colocado no problema. Ele existe, o Brasil sabe disso, tem preocupação com as queimadas que acontecem todos os anos”, ressaltou.

O envio de recursos dos países mais desenvolvidos economicamente é bem-vindo, na avaliação da ministra, desde que não haja interferência nos assuntos internos.

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