Davos: Portugal pressiona para conclusão do acordo UE/Mercosul nas próximas semanas

Para empresas da União Europeia, e criação de emprego na Europa, o acordo teria dimensão muito superior a todos os acordos já negociados.

Da Redação
Com Lusa

O primeiro-ministro português pediu empenhamento para a conclusão nas próximas semanas do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, sustentando que o impacto econômico será dez vezes superior ao acordo celebrado com o Canadá.

Esta foi uma das posições centrais assumidas por António Costa no discurso que proferiu no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, numa conferência em que também participaram a comissária europeia para o comércio, a sueca Cecilia Malmstrom, e os primeiros-ministros da Holanda, Mark Rutte, e da Irlanda, Leo Varadkar.

Questionado sobre o novo posicionamento da administração norte-americana após a eleição presidencial de Donald Trump, o líder do executivo português considerou que a União Europeia tem agora novas oportunidades no comércio internacional.

“O acordo entre a União Europeia e o Mercosul é fundamental. Só para termos uma noção de grandeza, esse acordo tem um impacto econômico dez vezes superior em comparação com o que foi celebrado com o Canadá”, sustentou António Costa.

De acordo com o primeiro-ministro, o acordo com o Mercosul constitui “uma oportunidade única no sentido de ser reforçada a relação transatlântica, num momento em que os Estados Unidos desinvestem do comércio internacional e que discutem se mantêm ou não o acordo da NAFTA”.

“Temos uma oportunidade de reforçar uma relação com países tradicionais parceiros da Europa. Todos estes países da América do Sul são países com origem na Europa, o que significa laços muito profundos”, alegou, avançando aqui com um argumento de caráter histórico.

Numa alusão a países como a Irlanda ou a França, António Costa disse perceber que alguns Estados-membros se deparem com “algumas dificuldades relativamente a algumas das suas produções”, particularmente a carne de vaca.

“Mas não há nenhum acordo comercial que não afete de uma forma ou de outra qualquer atividade econômica em qualquer país. Portanto, temos de reduzir os impactos negativos e maximizar as oportunidades”, defendeu.

De acordo com António Costa, o acordo em preparação com o Mercosul “terá um impacto econômico para o conjunto das empresas da União Europeia, assim como para a criação de emprego na Europa, de uma dimensão muito superior a todos os acordos já negociados até agora”.

“Esta tem de ser claramente uma prioridade da União Europeia. Espero que nas próximas semanas seja possível concluir este acordo com o Mercosul, onde países como o Brasil e a Argentina têm uma posição central”, acrescentou.

Entre outros participantes, o Presidente de Angola, João Lourenço e o presidente brasileiro, Michel Temer, também estiveram na Suíça, quando anunciaram um encontro oficial no Brasil no próximo mês de maio.

Economia portuguesa cresce mais do que previsão

O primeiro-ministro considerou ainda que o déficit verificado em 2017 demonstra que a economia portuguesa cresceu mais do que a previsão inicial “otimista” do Governo e que a redução alcançada não resultou de cortes ou cativações.

O défice das Administrações Públicas, em contas públicas, foi de 2.574 milhões de euros até dezembro do ano passado, menos 1.607 milhões de euros do que em 2016.

Para António Costa, estes dados da Direção-Geral do Orçamento revelam “bons sinais”, segundo os quais “não só houve uma boa gestão orçamental, como, sobretudo, se verificou que a economia portuguesa cresceu mais do que o otimismo do Governo previa que se crescesse em 2017”.

Segundo o primeiro-ministro, o déficit reduziu-se mais em 2017 “porque a economia cresceu mais e por essa via aumentou a receita”.

“Como o emprego cresceu mais também aumentaram as contribuições sociais. É designadamente pelo saldo da Segurança Social e pelo aumento das receitas fiscais em consequência da atividade econômica que resulta o déficit verificado em 2017. São duas boas notícias: Uma boa execução orçamental e um excelente desempenho da economia”, acentuou António Costa.

Interrogado se o resultado estimado agora pelo Ministério das Finanças permite manter a estimativa em contabilidade nacional de um défice de 1,2% em 2017, o primeiro-ministro disse apenas que o resultado deixará o país “muito confortável em relação ao cumprimento dos objetivos orçamentais”.

Num comunicado que antecede a divulgação da síntese de execução orçamental até novembro pela Direção-Geral de Orçamento, as Finanças dizem que para a redução do déficit contribuiu a receita, que cresceu 3,8%, acima do crescimento de 1,6% da despesa.

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