Documentário da portuguesa Maria de Medeiros concorre no festival de Gramado

Mundo Lusíada
Com Lusa

MariadeMedeiros
Maria de Medeiros em São Paulo. Foto: Eulália Moreno/Mundo Lusíada

O documentário “Repare bem”, que a atriz e realizadora portuguesa Maria de Medeiros rodou sobre os efeitos da ditadura militar no Brasil, competirá no festival brasileiro de cinema Gramado, que começa dia 09, na cidade do Rio Grande do Sul.

O filme, que já foi exibido em 2012 na Mostra de Cinema de São Paulo, acompanha três gerações de mulheres que sofreram com a ditadura militar brasileira, a partir da história de Eduardo Collen Leite, militante da extrema-esquerda, conhecido como “Bacuri”, que foi preso e torturado até à morte em 1970, aos 25 anos.

No documentário, Maria de Medeiros registra os depoimentos da antiga companheira de Eduardo Leite, Denise Crispim, que foi perseguida no Brasil quando ainda estava grávida, e da filha de ambos, Eduarda. Há ainda a avó, Encarnación, com um testemunho através de cartas e fotografias.

Além do Brasil, a história passa ainda pelo Chile e pela Itália, países de exílio, e Holanda, atual país de residência de mãe e filha.

O documentário de Maria de Medeiros, uma coprodução entre vários países, foi um dos 19 projetos selecionados pela Comissão de Amnistia e Reparação, um organismo criado pelo Ministério da Justiça do Brasil, para “contribuírem com a recuperação de arquivos da época da ditadura militar”, lê-se na sinopse.

“Repare bem” é um dos seis filmes candidatos a melhor longa-metragem estrangeira no festival do Gramado, cuja 41ª edição decorre de 09 a 17 de agosto.

Maria de Medeiros, 47 anos, é conhecida sobretudo na área da representação em cinema, mas já assinou algumas obras como realizadora, nomeadamente a longa-metragem “Capitães de Abril” (2000), sobre a revolução de 25 de Abril de 1974.

O Festival de Cinema é uma realização do Ministério da Cultura e da Prefeitura de Gramado. Conta com financiamento da Secretaria de Estado da Cultura, patrocínio Master da Petrobras e outros. Mais de 400 profissionais de imprensa, divididos entre 138 veículos, de diversos estados do Brasil e do exterior, participam da cobertura do evento.

Neste ano que marca o centenário do cineclubismo mundial, o Prêmio Dom Quixote será entregue pela primeira vez no Festival. O prêmio para melhores filmes apresentados em festivais internacionais é outorgado pela Federação Internacional de Cineclubes (FICC), que indica um corpo de jurados formado por ativistas da área cinematográfica (cineclubistas, cineastas, diretores de festivais e cinematecas). A distinção se trata de uma placa e um diploma para o vencedor e a promoção do filme escolhido em todo o mundo, especialmente entre cineclubes.

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1 Comment

  1. O cinema brasileiro tem ficado muito aquém das expectativas na abordagem de temas como os anos de chumbo da ditadura militar. Maria de Medeiros conseguiu dirigir este filme de maneira soberba. Estive com ela e com a Denise Crispim ( narradora do documentário) durante a Mostra Internacional de Cinema em São Paulopara elaborar matérias para o nosso Mundo Lusíada e só lamento que uma película dessa qualidade enfrente tantas dificuldades para entrar no circuito comercial e fique reservada a apenas alguns . Esse documentário devia ser OBRIGATÓRIO nas instituições de ensino, nos sindicatos, enfim , ser o mais visualizado possível pelas ditas forças vivas da sociedade. DITADURA, NUNCA MAIS!!

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