Apoio internacional ao Museu Nacional deve envolver Parlamento Europeu

Mundo Lusíada
Com agencias

O apoio internacional envolvendo vários países em busca de ações para reconstrução e restauração do Museu Nacional do Rio de Janeiro deve chegar até o Parlamento Europeu. Além do governo português, o governo da Bulgária se colocou à disposição do Brasil para fazer os encaminhamentos necessários. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e vários governos também apresentaram propostas de ajuda, segundo a EBC.

Nos próximos dias, chegará ao Rio de Janeiro uma missão do Centro de Estudos sobre a Preservação e Restauração de Bens Culturas (Icrom), vinculado à Unesco, para verificar o que pode ser feito em relação ao acervo do museu, que reunia 20 milhões de itens, nos mais distintos campos, como arqueologia, zoologia, botânica e outros.

Logo após o incêndio, o presidente da França, Emmanuel Macrom, e o ministro da Cultura de Portugal, Luís Filipi Castro Mendes, também se colocaram à disposição.

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O apoio internacional foi um apelo direto do presidente Michel Temer a todos os governos. Ele montou um comitê gestor interministerial, incluindo quatro áreas distintas do governo brasileiro, para administrar o trabalho de cooperação.

Ainda, com vasto conhecimento na área de museologia e arqueologia, o México ofereceu ajuda para a recuperação e o restauro do acervo nesses campos. O governo da China também se colocou à disposição.

As autoridades do Chile entraram em contato com o governo brasileiro e ofereceram apoio para os acervos de arqueologia e preservação do patrimônio.

Em nota, a Embaixada do Egito se dispôs a cooperar também nas áreas de arqueologia e museologia e pediu informações sobre as peças egípcias atingidas pelo fogo. O Museu Nacional do Rio reunia uma vasta coleção de múmias egípcias, adquirida por D. Pedro II, que era apaixonado por história, especialmente da Antiguidade.

Até dia 7, os integrantes do recém-criado comitê gestor interministerial – Relações Exteriores, Cultura, Educação e Casa Civil – devem se encontrar para definir as ações emergenciais. Por enquanto, as reuniões são feitas de forma integrada com outras áreas.

A previsão é que, pelos próximos 12 meses, seja organizada toda a reestruturação do Museu Nacional do Rio, inclusive o novo acervo – pois 90% do atual foram consumidos pelas chamas.

Campanha internacional

Paralelamente aos projetos e obras de arquitetura, o governo quer realizar uma campanha internacional para recompor, mediante doações e aquisições, o acervo do Museu Nacional.

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“Acho que toda a ajuda é bem-vinda(…). Nós pretendemos lançar uma campanha internacional para doações, quando chegar o momento adequado. (…) Assim que tivermos o projeto executivo do restauro pronto, (…) aí começaremos essa campanha internacional de solidariedade para a doação de acervos, para que a gente possa recompor o acervo do Museu Nacional”, anunciou Sérgio Sá Leitão.

Sérgio Sá Leitão lamentou ainda o “atraso do Brasil” em questões relacionadas com a importância do patrimônio histórico do país. “O que aconteceu coloca em evidência o quanto nós estamos atrasados, aqui no Brasil, em relação à compreensão da importância do patrimônio cultural, e também em relação aos modelos de gestão e sustentabilidade das instituições culturais”, afirmou à Lusa.

O ministro brasileiro da Cultura agradeceu ainda o apoio dos portugueses no “momento crítico” que o país atravessa: “Gostaria de aproveitar para agradecer as manifestações do Presidente de Portugal, também do ministro Luís Filipe [Castro Mendes] em relação ao que houve no Museu Nacional. Essa solidariedade portuguesa é muito bem-vinda e, de certa maneira, serviu para consolar um pouco este nosso coração ferido”.

Devolução de peças

No dia 04, a direção do Museu Nacional apelou para que quem encontrasse peças do acervo, depois do incêndio de domingo, as devolvesse à Biblioteca Central da Universidade Federal e não em outros locais.

Numa publicação na página do museu na internet, a entidade ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) escreveu que “alguns moradores de lugares próximos ao Museu Nacional estão achando objetos em suas casas que provavelmente foram levados pelo vento, como páginas de livros, por exemplo”.

“Se você também encontrou, nas imediações do incêndio no Museu Nacional, objetos com características históricas que possam ser do acervo do museu, pedimos que os levem à Biblioteca Central, localizada no Horto Botânico, Quinta da Boa Vista”, traz o documento, salientando que as entregas não devem ser feitas noutros lugares.

A mensagem tem como título: “Não estamos de luto e sim na luta”.

O Museu Nacional, no Rio de Janeiro, foi fundado por João VI, de Portugal, e era o mais antigo e um dos mais importantes museus do Brasil.

Entre as milhões de peças que retratavam os 200 anos de história brasileira estavam igualmente um diário da imperatriz Leopoldina e um trono do Reino de Daomé, dado em 1811 ao príncipe regente português João VI.

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