Casamentos de Santo António “não estão em vias de extinção” e acompanham multiculturalidade

 Os Casamentos de Santo António “não estão em vias de extinção” porque mantêm viva a tradição e acompanham a multiculturalidade da cidade de Lisboa, com noivos do Brasil, Itália e Paraguai, defendeu o presidente da Câmara.

“A nossa cidade é verdadeiramente internacional e isso é a nossa grande força”, afirmou Carlos Moedas (PSD) nete dia 12 na apresentação dos noivos dos Casamentos de Santo António, que decorreu na Fábrica de Unicórnios de Lisboa, no Beato Innovation District.

A um mês da cerimónia, no dia 12 de junho, véspera do feriado municipal de Lisboa, os 16 casais – 11 para a cerimónia religiosa e cinco para a civil – foram escolhidos entre as 39 candidaturas recebidas este ano (mais duas do que em 2024), com candidatos entre os 26 e os 85 anos e de nove nacionalidades.

Os 16 casais escolhidos têm idades entre os 27 e os 50 anos, são provenientes de 23 das 24 freguesias de Lisboa, a maioria são portugueses e até “alfacinhas de gema”, mas há também noivos do Brasil, Itália, Espanha e Paraguai.

Entre eles, há funcionários da higiene urbana da câmara, administrativos, escriturários, empregados de balcão, engenheiros e advogados.

“Lisboa é uma cidade aberta e tem de ser sempre uma cidade de todos. Quem cá chega é lisboeta. Venha de Itália, venha de Espanha, venha do Paraguai, venha de onde vier, é lisboeta, e isso é muito importante para mim”, disse Carlos Moedas, avisando os noivos passarão a ser “embaixadores de Lisboa para o resto da vida”.

Os Casamentos de Santo António tiveram início em 1958, numa iniciativa do Diário Popular e na altura intitulada “Noivas de Santo António”, projeto que foi interrompido em 1974 e retomado em 1997 pela Câmara de Lisboa.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da câmara assegurou que os Casamentos de Santo António “não estão em vias de extinção, estão muito fortes”.

“A cidade está aqui representada também por aquilo que é a sua diversidade, pessoas que vêm de outros países, que se juntam àquela que é a identidade da cidade, e a identidade da cidade são as Festas de Lisboa, são as marchas, é o Santo António”, indicou.

Também o presidente da empresa municipal EGEAC – Lisboa Cultura, Pedro Moreira, destacou os Casamentos de Santo António como “um evento símbolo do amor, da união e da esperança, que reforça os laços comunitários da cidade”, afirmando que a relevância social e cultural desta iniciativa “não pode ser subestimada” porque é um compromisso entre os casais, mas também entre a tradição, que tem passado de geração em geração.

Pedro Moreira disse à Lusa que o programa das Festas de Lisboa, com iniciativas ao longo de todo o mês de junho, vai ser apresentado no dia 20 de maio, às 18:30, na Praça do Município, em que haverá também um espetáculo musical.

Questionado sobre o investimento municipal, o presidente da EGEAC adiantou que, “no cômputo geral, ultrapassa os 2 milhões de euros”, dos quais 1,1 milhões são para as 22 coletividades participantes nas Marchas Populares, e realçou a importância dos patrocinadores, que asseguram “80% em termos de financiamento”.

No caso dos Casamentos de Santo António, a iniciativa é suportada essencialmente através de patrocínios, desde os vestidos e fatos dos noivos à lua de mel, sendo que o destino “ainda é segredo” porque está ainda a ser trabalhado com os parceiros da EGEAC, indicou Pedro Moreira, reforçando que as Festas de Lisboa são “um bom exemplo” da relação entre o setor público e o setor privado, no sentido de “tornar mais grandioso” a realização de um evento.

Relativamente aos noivos da edição deste ano, o presidente da EGEAC referiu que a candidatura de casais internacionais “mostra exatamente a multiculturalidade da própria cidade”, onde há evolução, mas também o preservar da tradição.

Um dos 16 casais escolhidos é Mariana Saavedra, luso-brasileira de 34 anos, e Francesco Bontempi, italiano de 38 anos. Moram há três anos na freguesia lisboeta de Alcântara, mas conheceram-se nos Estados Unidos da América. Foi com “bastante esperança” que se inscreveram nos Casamentos de Santo António, decisão que tomaram por apreciarem as Festas de Lisboa, por a família ser religiosa e devota ao santo casamenteiro e por acreditarem que será “bem especial”.

Liliana Fonseca, de 40 anos, e Jorge Oliveira, de 50 anos, são também noivos de Santo António. Ambos são de Marvila e estão juntos há quase 13 anos. Com vários amigos a casar através desta iniciativa, decidiram também arriscar e foram escolhidos: “Só se vive uma vez. É fantástico”.

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