Uma história de superação no folclore português

Mundo Lusíada

Barbara Gal e Nelson Mendonça.

O Mundo Lusíada traz uma história de superação e de exemplo no folclore português de São Paulo. Nelson Mendonça é um dos componentes do Grupo Folclórico Adulto da Casa Ilha da Madeira. Ele já sofreu Acidente vascular cerebral (AVC) por duas vezes, a última delas aos 40 anos, três anos atrás. Chegou a ficar sem fala e sem movimento nenhum. Mais tarde, da cadeira de rodas, passou a caminhar com ajuda de muletas.

Foi no aniversário de um amigo que encontrou seus amigos do Grupo Folclórico da Ilha da Madeira, surpreso, ficou muito emocionado com a apresentação. A partir deste dia, os integrantes do grupo o convidaram para voltar ao folclore e participar novamente do grupo. Ele achava que não dava mais para dançar, mas com o incentivo da prima (também componente) e da ensaiadora Barbara Gal, ele concordou em tentar. “Ela falou: vamos tentar, se você não quiser nós desistimos” conta.

“Eu comecei com uma marchinha, mais lenta, e eu fui desenvolvendo” comentou Nelson citando que foi bem recebido por todos os componentes do grupo. “O pessoal me ajuda, vai devagar. Eles me ajudaram muito. E agora eu já sei todas as músicas. Não danço tudo porque não dá. Mas procuro não atrapalhar”.

Segundo relata, ele melhorou muito por causa do grupo folclórico. “Eu tinha muito problema de equilíbrio. O AVC me afetou a parte de equilíbrio, tinha muito medo de rodar porque eu achava que iria cair. E hoje eu consigo me movimentar. As pessoas percebem que não está tudo normal mas eu vou me superando com o tempo”. Além disso, diz, o grupo o ajudou muito na interação, no contato social, na fala. “Eu não falava nada, então eles me ajudaram no falar, no andar, no equilíbrio”.

Tudo isso foi possível porque o folclore fazia falta na sua vida, conta Nelson Mendonça. “Eu já voltei e já sai três vezes do folclore, mas é uma coisa que a gente sente falta. Antes quando eu dançava, eu tinha muita facilidade de pegar passe, ainda tenho. Hoje eu tenho um pouco mais de dificuldade, mas eu vejo assim, muita coisa não morreu. Se eu me largasse, talvez não voltaria mesmo. Mas eu não quis e eles me ajudaram muito. O folclore é uma coisa que eu gosto, cresci nesse meio, e não consigo esquecer” diz o descendente de madeirense, citando que tenta ao máximo não faltar em ensaio e que dança todas as coreografias do grupo.

“Eu nunca imaginei que três anos após o AVC eu iria estar aqui dançando folclore da Madeira. É algo completamente novo. Eu procuro fazer o melhor possível para não atrapalhar ninguém”.

Nelson ainda cita que muitas pessoas que passam por isso deveriam apostar numa atividade como a dança. “Para qualquer problema de saúde e enfermidade, a música, a dança ajuda muito. Para tudo tem uma certa dificuldade, mas se não tentarmos, e não tentar melhorar, não vamos conseguir nada. Muitas pessoas têm muita vergonha, eu tinha, de falar, de sair, de me expor. Mas não temos que ter vergonha porque não somos culpados de nada. É um acidente que acontece, e não podemos deixar de fazer o que fazíamos antes”.

Ao final dessa entrevista, Nelson declarou mais uma vez seu agradecimento ao grupo que mantém todo o apoio que ele precisa. “Eu adoro o folclore da Madeira, é uma coisa que faço com gosto. E espero que as pessoas que passam por isso, saibam que não é fácil, mas vale a pena”.

Leia mais em: Casa Ilha da Madeira comemora 43 anos no Dia da Região Autônoma da Madeira

1 Comment

  1. adorei a superação. o amor das pessoas.e barbara e uma menina maravilhosa , e os amigos do grupo da ilha. parabens. e assim que o amor sempre ganha. beijos……

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