Covid-19: Portugal quer testes de imunidade para a população

Da Redação
Com agencias

Segundo a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, pesquisadores portugueses vão começar a fazer testes de imunidade para descobrir qual a fração da população que adquiriu imunidade ao novo coronavírus. O Reino Unido e a Alemanha também já anunciaram que irão avançar com estes testes.

“Sim, Portugal vai fazer estudos serológicos para saber qual a proporção da sua população que adquiriu imunidade a este vírus”, anunciou Graça Freitas na conferência de imprensa de sábado.

Estes testes de imunidades servem para perceber quantas pessoas ficaram imunes depois de terem estado infectadas pelo SARS-CoV-2. Ou seja, ao desenvolver testes que detectam os anticorpos que se formam a partir da infecção, é possível descobrir quem está imune e não consegue transmitir o vírus.

Os testes permitem detectar o grupo de pessoas que podem ficar livres das restrições impostas e voltar à sua rotina e trabalho, ajudando o país a regressar à normalidade.

Graça Freitas anunciou que o Instituto Ricardo Jorge, em colaboração com os cientistas acadêmicos e DGS, vai entrar numa fase piloto com outros países. Mas ressalvou que ainda não se sabe qual o momento ideal para a realização destes testes, explicando que talvez ainda seja precoce dado que a maior parte dos portugueses ainda está em fase de recuperação.

“A imunidade é uma coisa que leva tempo a instalar-se, ou seja, entre a data de infecção e a data em que o nosso corpo começa a produzir anticorpos visíveis há um tempo que temos de esperar. Parece que foi há muito tempo, mas a doença em Portugal começou há cerca de um mês”.

“Vamos ter de perceber qual é a altura ideal para fazer o teste, porque, se for demasiado precoce, pode ainda não haver anticorpos e, portanto, temos de encontrar aqui a data ideal”, explicou Graça Freitas, frisando que a metodologia e a data em que os estudos vão ser realizados “estão agora a ser equacionados pela comunidade cientifica internacional”.

Testes Covid

Portugal já realizou 110 mil testes desde 1 de março, numa média de 11 mil testes por dia. “Portugal continua a aumentar número de testes efetuados”, declarou o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales.

Dos 11 mil testes por dia, sete mil foram feitos no setor público e quatro mil no setor privado. Deste total, 54% foram realizados nos laboratórios públicos, e o restante em laboratórios privados.

“Importante ainda dizer que Portugal tem uma testagem de cerca de 10.500 amostras processadas por milhão de habitantes o que está em linha e, em alguns casos, acima de países como a Suécia e Dinamarca e não muito longe da Itália”, vincou.

O secretário de Estado assegurou também “alguma estabilidade nas compras” de material e na previsão de entrega de encomendas. De acordo com o governante, durante esta semana chegam a Portugal 500 ventiladores e, na próxima, outros 500.

Das doações feitas por vários organismos, António Sales referiu que estão a ser entregues 144 ventiladores a hospitais de todo o país e de acordo com as necessidades.

O Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto inicia neste dia 06 a realização de testes de diagnóstico à covid-19, e prevê fazer entre 100 a 150 testes diários, assegurando que “poderá aumentar”.

A decisão de rastrear os casos da covid-19 surge de “um pedido” feito pelo Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto. “Inicialmente serão feitos entre 100 a 150 testes diários, número que deverá aumentar à medida que os procedimentos forem agilizados e os reagentes estiverem disponíveis no mercado”, explica o instituto, adiantando que para integrarem as equipes se voluntariaram mais de 150 pesquisadores.

Além do i3S, que vai coordenar as diferentes fases dos testes, a esta iniciativa juntaram-se também o Ipatimup Diagnósticos e o Centro de Genética Preditiva e Preventiva (CGPP) que vão supervisionar o controle e a qualidade dos mesmos.

A realização dos testes subdivide-se em três etapas diferentes, sendo que a fase de extração do RNA do vírus é que ainda apresenta alguns “constrangimentos”. “O maior problema de todo o processo estão a ser os ‘kits’ de extração de RNA com os quais temos de trabalhar, porque são ‘kits’ de extração manual e que, neste momento, escasseiam nos fornecedores”, explica Alexandra Moreira, responsável por esta fase, citada no comunicado, Alexandra Moreira.

“Temos uma máquina de extração de RNA automatizada, que permitiria escalar rapidamente o número de testes feitos, mas os ‘kits’ para estas máquinas também estão esgotados, daí o recurso a sistemas manuais mais morosos”, refere.

11 mil casos

Neste dia 06, Portugal registra 311 mortes associadas à covid-19, mais 16 do que no domingo, e 11.730 infectados (mais 452), segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).

O relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de domingo, indica que a região Norte é a que registra o maior número de mortes (168), seguida da região Centro (76), da região de Lisboa e Vale do Tejo (60) e do Algarve, com sete mortos.

Das 311 mortes registradas, 199 tinham mais de 80 anos, 71 tinham idades entre os 70 e os 79 anos, 29 entre os 60 e os 69 anos, oito entre os 50 e os 59 anos e quatro óbitos entre os 40 aos 49 anos.

Das 11.730 pessoas infectadas, a grande maioria (10.631) se recupera em casa, 1.099 (mais 15, +1,4%) estão internadas, 270 (mais três, +1,2%) das quais em Unidades de Cuidados Intensivos.

Os dados da DGS, que se referem a 78% dos casos confirmados, precisam que Lisboa é o concelho que registra o maior número de casos de infecção pelo coronavírus SARSCov2 (699), seguida do Porto (689 casos), Vila Nova de Gaia (518), Gondomar (489), Maia (444), Matosinhos (400), Valongo (364), Braga (358), Sintra (278) e Ovar (224).

Desde o dia 01 de janeiro, registraram-se 91.794 casos suspeitos, dos quais 4.500 aguardam resultado das análises.

O boletim epidemiológico indica também que há 75.564 casos em que o resultado dos testes foi negativo. O número de doentes recuperados quase duplicou, passando para 140.

A região Norte continua a registrar o maior número de infecções, totalizando 6.706, seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo, com 3.070 casos, da região Centro (1.521), do Algarve (229) e do Alentejo, que hoje apresenta 84 casos.

Há ainda 68 pessoas infectadas com o vírus da covid-19 nos Açores e 52 na Madeira.

A faixa etária mais afetada pela doença é a dos 40 aos 49 anos (2.129), seguida dos 50 aos 59 anos (2.100), dos 30 aos 39 anos (1.731) e dos 60 aos 69 anos (1.535). Há ainda 174 casos de crianças até aos nove anos, 285 de jovens com idades entre os 10 e os 19 anos e nas idades entre os 20 e os 29 anos há 1.215 casos.

Os dados indicam também que há 1.102 casos de pessoas com idades entre os 70 e os 79 anos e 1.459 com mais de 80 anos.

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