Portugal estuda a hipótese de um confinamento para portugueses que vão chegar da China

Saiu um avião de Beja, seguiu para a França, e parte para a China até sábado para repatriar pelo menos 133 cidadãos da União Europeia

Mundo Lusíada
Com Lusa

Os portugueses que serão retirados da China serão rastreados antes de iniciarem a viagem e na chegada ao aeroporto, segundo a ministra da Saúde, adiantando que Portugal ainda estuda a hipótese de um espaço de confinamento.

Relativamente à questão de haver um local de isolamento, “seja no domicílio ou noutro tipo de espaço”, a ministra Marta Temido afirmou que essa hipótese ainda está a ser “estudada e preparada porque depende da condição clínica destas pessoas e do seu historial anterior”.

“Cada um destes cidadãos terá uma consulta com a autoridade [de saúde] à chegada, que terá integrado um médico, que aplicará um inquérito epidemiológico e um inquérito sobre a história clínica recente de forma a garantir que qualquer suspeita é logo identificada e encaminhada adequadamente”, avançou Marta Temido.

A governante falava aos jornalistas à margem da apresentação do Plano de Ação para a Prevenção da Violência no Setor da Saúde, que decorreu no Ministério da Saúde em Lisboa.

A ministra explicou que o rastreio, que será feito através de uma avaliação clínica e física, que inclui a medição da febre, será feita no aeroporto, o que não quer dizer que não haja uma avaliação complementar se for necessária.

De acordo com informação que dispõe, Marta Temido disse que vão regressar a Portugal cerca de dezena e meia de portugueses, mas ressalvou que “poderão ser menos, porque alguns concidadãos optaram por não deixar a China por várias razões”.

A data precisa do regresso dos portugueses ainda é desconhecida, afirmou a ministra, sublinhado que ainda estão “a trabalhar para perceber a que horas chegam, quem são as pessoas e outras informações indispensáveis”.

Disse ainda que o Ministério da Saúde está a acompanhar toda esta situação através da Direção-Geral da Saúde.

“A diretora-geral da Saúde [Graça Freitas] está neste momento a coordenar um conjunto de diligências que temos de ter preparadas para quando for necessária a intervenção do Ministério da Saúde”, referiu.

O que está preparado, salientou, é “um dispositivo que segue os protocolos internacionais definidos para o acolhimento” dos portugueses quando chegarem a território nacional.

“As autoridades estão a trabalhar para garantir que os portugueses que regressem tenham o acompanhamento adequado ao seu estado”, assegurou.

“Vamos seguir de perto aquilo que são os protocolos que estão definidos pelas entidades competentes e estamos a acompanhar também a conferência da Organização Mundial da Saúde sobre este tema”, a qual se realiza nesta quinta-feira.

Avião saiu de Beja

Nesta quinta-feira saiu um avião de Beja fretado pelo Governo francês, partindo para a China até sábado para repatriar pelo menos 133 cidadãos da União Europeia (UE), incluindo 17 portugueses, devido ao coronavírus.

Fonte europeia disse à agência Lusa que o avião passaria em Paris, para buscar equipe médica e, “na sexta-feira ou sábado”, partirá para a região chinesa de Wuhan.

Até esta manhã, de acordo com a mesma fonte, estava confirmado o repatriamento de 133 cidadãos de 16 Estados-membros da UE: Áustria, Bélgica, Croácia, República Checa, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Letônia, Polônia, Portugal, Romênia, Eslováquia, Espanha e Suécia.

A estes acrescem cidadãos de outros países de fora da União, como a Noruega ou Turquia, acrescentou.

A fonte confirmou que serão 17 os portugueses repatriados de Wuhan.

O avião da companhia aérea privada Hi Fly, que vai fazer o repatriamento de portugueses e outros europeus desde a cidade, situada no centro da China, saiu pela manhã da base aérea n.º 11 de Beja, às 10:06 (horário de Lisboa).

O Airbus A380, o maior avião comercial do mundo, partiu do aeroporto de Beja, porque, atualmente, é o único aeroporto em Portugal capaz de o receber e é onde a companhia Hi Fly tem uma das suas bases para estacionamento e manutenção de linha dos seus aviões.

Não se sabe, para já, quando e em que aeroporto de França irá este avião aterrar quando regressar da China, visto que as autoridades francesas ainda estudam as opções, mas certo é que os cidadãos repatriados têm de assinar uma declaração em que se comprometem a ficar de quarentena quando voltam à UE.

Também é certo que só os cidadãos saudáveis e sem sintomas vão poder viajar, sendo dada prioridade para viajar aos grupos mais vulneráveis, como famílias com crianças e idosos.

O mesmo procedimento será adotado para o primeiro avião que saiu esta madrugada, pelas 04:45, de Paris, com destino para Wuhan. Trata-se de um avião militar francês que vai repatriar 250 cidadãos franceses em Wuhan.

A Comissão Europeia ativou na passada terça-feira o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, a pedido de França. Ao todo, cerca de 600 cidadãos da UE já pediram para deixar a China devido ao coronavírus.

Fontes europeias adiantaram à Lusa que as autoridades chinesas estão a colocar alguns entraves à movimentação de pessoas e à aterragem destes aviões.

O epicentro da epidemia do novo coronavírus está localizado na cidade de Wuhan, na República Popular da China, país onde já há 170 mortos sendo que mais de 7.700 pessoas se encontram infectadas.

Além da China e dos territórios chineses de Macau e Hong Kong, há pelos menos 50 casos confirmados do novo coronavírus em 18 outros países – na Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Austrália, Finlândia, Emirados Árabes Unidos, Camboja, Filipinas e Índia.

O número de casos de infecção pelo novo coronavírus, designado provisoriamente pela OMS como “2019-nCoV”, ultrapassa a cifra de contágios verificada com a epidemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), causada por um outro coronavírus, mas igualmente detectada na China e que se estendeu a outros países, em 2002 e 2003.

A SARS infectou 5.327 pessoas na China e provocou 774 mortos no mundo, incluindo 349 na China continental.

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