Portugal analisa mudanças em movimentos migratórios no Século 21

Governo diz que imigração qualificada é superior àquela registrada 10 anos atrás, mas ainda há muitos profissionais com curso superior que acabam aceitando postos abaixo de sua formação acadêmica por falta de oportunidades. Secretário das Comunidades José Cesário está em visita à comunidade norte-americana.

 

O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, visita o Senado e Câmara de Representantes de Massachusetts, EUA.
O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, visita o Senado e Câmara de Representantes de Massachusetts, EUA.

Mundo Lusíada
Com Rádio ONU

O Governo de Portugal está analisando os movimentos migratórios de portugueses que saem do país à procura de empregos e oportunidades profissionais no exterior.

Contrariando o fluxo migratório de décadas anteriores, muitos portugueses com formação superior estão deixando sua terra natal para trabalhar em outros países incluindo as nações lusófonas como Angola, Brasil e Moçambique.

Em entrevista à Rádio ONU, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, falou sobre as novas levas de migrantes. Cesário esteve em visita à estados americanos que concentram grande parte de luso descendentes como Rhode Island e Massachusetts.

“É um fenômeno imigratório com uma complexidade impressionante. Os quadros qualificados são muito mais do que há 10 anos, mas no conjunto das pessoas que saem de Portugal para trabalhar no estrangeiro ainda são muito poucos sobretudo aqueles que conseguem esses lugares mais qualificados. É preciso estabelecer aqui quem têm habilitações acadêmicas e quem vai desempenhar funções como quadros. Eu conheço muitos licenciados que vão trabalhar na construção civil. Por que? Porque não têm empregos compatíveis com suas habilitações”.

José Cesário também falou dos esforços do Governo de Portugal de procurar criar intercâmbios e sinergias com líderes portugueses que vivem dentro e fora do país. “Um dos aspectos centrais para nós é conseguir pôr todos, mais ou menos, em contato um com outros. Tentar que haja articulação, trabalho conjunto. Uma das coisas que me trazem a Nova York, por exemplo, é tentar pôr a estes líderes locais jovens em contato com alguns dos antigos.”

Exploração de trabalhadores no exterior

Migrantes portugueses são vítimas de abusos e violações de direitos em vários países, aonde têm ido trabalhar. O secretário das Comunidades Portuguesas foi questionado sobre relatos que chegaram à Secretaria a respeito de maus tratos recebidos por migrantes portugueses no exterior, incluindo em países europeus.

Segundo Cesário, há registros de abusos de portugueses e de cidadãos de outros países, que são vítimas de redes criminosas. “Há portugueses, como há brasileiros, como há cabo-verdianos, como há moçambicanos. Gente de todas as origens que é recrutada por redes de exploração para trabalhar em determinados países. Há a quem são oferecidas condições que depois não são cumpridas. Há a quem é dito que vão a ganhar X e depois não ganham, que têm alojamento e depois não têm. Nós temos muitos casos de deportações, por exemplo, nos Açores. É uma população significativa. São centenas. Há cerca de mil pessoas deportadas dos dois países da América do Norte (Canadá e Estados Unidos).”

Segundo ele, a Secretaria das Comunidades Portuguesas tem feito campanhas de esclarecimento, com a ajuda da sociedade civil e da Igreja Católica, para prevenir que portugueses sejam enganados com ofertas de emprego fora do país. Mas é preciso que cada cidadão tenha cautela ao imigrar para evitar abusos de seus direitos, e não imigrar ilegalmente, sempre ter em mãos os números dos Consulados e de autoridades portuguesas no exterior, afirmou.

Segundo as Nações Unidas, mais de 200 milhões de pessoas vivem fora dos seus países de origem.

Visita aos EUA

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas está realizando uma série de visitas às diásporas que falam português e que vivem nos Estados Unidos. Cesário acompanhou o amistoso entre Brasil e Portugal, no dia 10 em Boston, pela TV.

Nessa entrevista, falou ainda sobre a importância do contato entre portugueses dentro e fora do país, além da cooperação entre políticos, empresários, intelectuais e estudantes que falam a mesma língua dos dois lados do Atlântico.

Deputado durante várias legislaturas, desde 2011 está à frente da Secretaria das Comunidades Portuguesas, Cesário afirma que o ensino da língua também é um aspecto importante na formação do que ele chamou de “redes” entre os portugueses pelo mundo.

Entre as maiores comunidades portuguesas nos Estados Unidos estão Rhode Island e Massachusetts, onde ocorreu o amistoso entre Brasil e Portugal.

Segundo o Governo de Portugal, existem cerca de 5 milhões de portugueses vivendo fora do país, número que equivale a 50% da população portuguesa atual. Mas esta cifra exclui os números de portugueses no Brasil por uma questão de falta de estatística.

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