Nações Unidas condenam assassinato de vereadora no Rio

Rio de Janeiro – Milhares de pessoas participam de ato em memória do motorista Anderson Pedro Gomes e da vereadora Marielle Franco, em frente à Câmara dos Vereadores (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Da Redação
Com agencias

O Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas classificou de “assassinato profundamente chocante” a morte da vereadora Marielle Franco, num ataque a tiros na quarta-feira, no Rio de Janeiro. A vereadora do Partido Socialismo e Liberdade, Psol, estava em seu primeiro mandato na Câmara.

Em nota, a porta-voz do Escritório, Liz Throssel lembrou que Marielle era uma defensora dos direitos humanos que atuava contra a violência policial, pelos direitos das mulheres e de afrodescendentes em áreas pobres do Rio de Janeiro.

O comunicado ressalta que as autoridades devem realizar uma completa investigação do assassinato. A ONU pediu ainda que o inquérito ocorra o mais rapidamente possível.

Para o Escritório de Direitos Humanos, é preciso que a investigação seja transparente e tenha credibilidade e que os autores do crime sejam levados à justiça.

O Sistema ONU no Brasil também condenou a morte de Marielle Franco e pediu rigor na investigação do caso.

A ONU no Brasil lembrou que a vereadora era uma das principais vozes na defesa dos direitos humanos da cidade e lutava contra o racismo. Ela promovia a igualdade de gênero assim como a eliminação da violência sobretudo nas periferias e nas favelas do Rio de Janeiro.

Sessão solene

O corpo da vereadora e do motorista Anderson Gomes chegaram, às 14h30, à Câmara Municipal, no centro do Rio, para o velório. Uma multidão, ocupando toda a frente do prédio, na Cinelândia, se emocionou à passagem do caixão. Com cartazes e faixas homenageando Marielle, os manifestantes pediam por justiça e gritavam o nome dela e, em seguida, respondiam: “presente!”.

Com girassóis em punho e uma faixa preta em sinal de luto, parlamentares de diversos partidos homenagearam ambos, em sessão solene da Câmara dos Deputados, neste dia 15.

Conduzida pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a sessão foi iniciada com um pronunciamento da deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), prestando solidariedade às famílias. Ela disse estar indignada “face a mais um crime hediondo contra uma mulher negra, do povo, uma ativista dos direitos humanos”.

“Cada uma de nós, sobretudo nós mulheres, nos sentimos morrendo um pouco, no dia de ontem [quarta-feira, 14]. Não vão conseguir calar a voz da Marielle, que vai ser reproduzida por milhões. Estamos muito magoados, não vamos desistir da luta, não vamos permitir que essa luta pelos direitos humanos e pela democracia seja calada”.

Emocionada, Erundina também pediu que um vídeo onde Marielle fala da sua trajetória fosse exibido. Nele, a vereadora destaca sua luta, iniciada no ano 2000, na Favela da Maré, no Rio de Janeiro, por mais cultura e educação, e em defesa dos negros e pobres.

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), se referiu ao crime como uma execução, e pediu empenho para que os culpados sejam presos.

Ao final da sessão Rodrigo Maia anunciou que vai criar uma comissão externa para acompanhar a investigação do crime.

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