Incêndios: Autarcas são “primeiros responsáveis pela proteção civil” nos seus concelhos

Da Redação
Com Lusa

Em Lisboa, o primeiro-ministro sublinhou que os autarcas são os “primeiros responsáveis pela proteção civil em cada concelho”, ao responder a críticas como a do vice-presidente da Câmara de Vila de Rei sobre a prevenção dos incêndios.

“Eu não faço comentário enquanto os incêndios e as operações estão a decorrer e, sobretudo, não digo aos que são os primeiros responsáveis pela proteção civil em cada concelho, que são os autarcas, o que é que devem fazer para prevenir, através da boa gestão do seu território, os riscos de incêndio”, disse o primeiro-ministro aos jornalistas.

Em Amadora, no distrito de Lisboa, o governante foi questionado sobre o incêndio que deflagrou no sábado em Vila Rei e alastrou ao concelho vizinho de Mação, mas também sobre as críticas dos autarcas da zona, nomeadamente o vice-presidente da Câmara Municipal de Vila de Rei, Paulo César, que disse que este concelho “está farto” de enfrentar chamas ano após ano e garantiu que o “Estado voltou a falhar” na prevenção do incêndio deste fim de semana.

“O concelho está farto, como diz o nosso presidente da Câmara [Ricardo Aires]. Está farto destes sucessivos incêndios com origem criminosa e está farto de ver o Estado voltar a falhar às populações”, referiu, em declarações à agência Lusa.

O chefe do executivo referiu que “o Governo tem estado, desde a primeira hora, a acompanhar a situação desde sábado”, tanto ele próprio como o ministro da Administração Interna, o secretário de Estado da Proteção Civil, ou “as instituições do Estado sob a liderança da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil”.

“Neste momento, é um momento deixar os profissionais fazerem o seu trabalho, com a grande dedicação com que estão a fazer, darem tudo por tudo para protegerem as pessoas, para salvarem os bens das pessoas, para protegerem a nossa floresta e, no final, falaremos”, advogou.

António Costa disse ter “uma grande confiança em todos os profissionais e voluntários que estão a trabalhar”, sejam bombeiros voluntários, sejam os bombeiros da força especial de bombeiros, militares da Guarda Nacional Republicana ou das Forças Armadas.

“Todos estão a dar o seu melhor para que esta situação se possa controlar o mais rapidamente possível”, destacou.

O primeiro-ministro assinalou também que “durante a manhã [o fogo] esteve praticamente dominado”, mas “infelizmente as condições atmosféricas não permitiram uma consolidação atempada da situação”.

Aviões da Espanha

Dois aviões pesados anfíbios espanhóis começam a operar nesta tarde no incêndio que deflagrou em Vila de Rei, depois de Portugal ter solicitado “assistência bilateral” ao país, anunciou o Ministério da Administração Interna (MAI).

“Portugal solicitou assistência bilateral a Espanha no quadro do Protocolo entre a República Portuguesa e o Reino de Espanha sobre Cooperação Técnica e Assistência Mútua em matéria de Proteção Civil”, lê-se numa nota divulgada pelo MAI.

Na nota é ainda referido que Espanha disponibilizou “de imediato dois aviões pesados anfíbios, que deverão operar no incêndio de Vila de Rei já esta tarde”.

Vários incêndios deflagraram no distrito de Castelo Branco ao início da tarde de sábado. Dois com origem na Sertã e um em Vila de Rei assumiram maiores dimensões, tendo este último alastrado, ainda no sábado, ao concelho de Mação, distrito de Santarém.

Em Proença-a-Nova

Na localidade de Vergão, fronteira entre o concelho de Proença-a-Nova e Mação, a população está assustada e a preparar-se para o pior devido à proximidade do fogo que está a escassos quilômetros.

Américo da Silva, um dos habitantes desta localidade do concelho de Proença-a-Nova, distrito de Castelo Branco, nas proximidades de Mação, afirmou à agência Lusa que está muito assustado com o aproximar do fogo e do fumo.

Segundo o habitante, quase todas as casas desta povoação são velhas e estão desabitadas. “Caso o fogo chegue aqui, só peço ajuda aos bombeiros. A minha esposa está numa cadeira de rodas”, disse, sem desviar o olhar da coluna de fumo do fogo que começou no sábado em Vila de Rei e que já atingiu Mação, ameaçando agora Proença-a-Nova.

A agência Lusa percorreu as ruas de Vergão, que às 17:30 parecia mais uma aldeia fantasma. Um carro da Câmara de Proença-a-Nova, com uma equipe de dois sapadores, e munido de um depósito de 400 litros, está no local, de prevenção.

Porto

Já a Câmara do Porto revelou que o número de incêndios no centro histórico está estabilizado, tendo até diminuído em 2019, de acordo com os dados dos últimos quatro anos.

“Não é verdade que haja mais incêndios no centro histórico (…). Agora é evidente que alguns deles tem sido rodeados de uma atenção mediática que é absolutamente justificada principalmente por aquele caso em Alexandre Braga, onde havia suspeitas e havia ameaças aos cidadãos”, disse.

Segundo a vereadora da Proteção Civil, Cristina Pimentel, o número de incêndios em prédios devolutos estão “praticamente estabilizados”, tendo até diminuído no centro histórico, de acordo com os dados dos últimos quatro anos.

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