Em Portugal, caminhoneiros mantêm protesto mas vão negociar com governo

Mundo Lusíada
Com Agencias

Nesta segunda-feira, a Associação Nacional das Transportadoras Portuguesas (ANTP) declarou que o Governo “manifestou abertura” para discutir algumas das propostas apresentadas pelo setor, mas o protesto para já mantém-se.

Os caminhoneiros mantêm a paralisação iniciada às 08:00 para reclamar a regulamentação do setor e a indexação do preço dos transportes ao dos combustíveis.

No final de uma reunião no Ministério do Planejamento e Infraestruturas, que tem a tutela dos Transportes – e que contou também com a presença da Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) -, Márcio Lopes da ANTP disse aos jornalistas que o Governo se comprometeu a criar um grupo de trabalho para discutir as propostas para o setor.

“Isto não vai acontecer nem hoje nem amanhã nem em dias, algumas situações podem demorar meses”, disse o responsável, referindo que os promotores da paralisação irão agora reunir-se para decidir se a ação iniciada se mantém ou se será suspendida após as garantias dadas pela tutela.

O primeiro encontro com o Governo, no domingo à noite, tinha sido inconclusivo e manteve a paralisação, caminhoneiros não irão circular por enquanto.

A paralisação reclama a regulamentação do setor, a criação de uma Secretaria de Estado dedicada exclusivamente aos Transportes, a obrigatoriedade de pagamento no período máximo de 30 dias e a criação de um mecanismo para que a inflação também seja refletida no setor dos transportes.

De acordo com Márcio Lopes, o caderno de reivindicações inclui ainda que o preço dos combustíveis seja indexado ao preço dos transportes, isto é, refletido no custo dos serviços, melhores condições de trabalho para os motoristas e descontos nas portagens. Também estaria na pauta que o setor passe a ser abrangido pelo Regime Fiscal de Apoio ao Investimento (RFAI), a partir de 2019, além de um benefício fiscal, “centrada na isenção de mais-valias em sede de IRC, quando reinvestidas na aquisição de veículos de mercadorias”.

“A iniciativa não partiu da associação, mas é a associação que está a dar voz ao desagrado dos camionistas e dos empresários, muitos associados da ANTP”, explicou o dirigente associativo, adiantando que a ação de protesto deverá decorrer nas estradas “de norte a sul do país, e nas zonas de fronteira”.

A ANTP representa as pequenas e médias empresas do setor e foi formada depois do bloqueio de 2008. De acordo com a ANTP, o setor tem 7.500 empresas e mais de 300 mil trabalhadores, representando esta associação cerca de 400 associados, segundo o presidente da direção.

“Somos responsáveis por 5% do produto interno bruto e transportamos os restantes 95% [cerca de dez mil milhões num total de 193 mil milhões no ano passado]”, disse o presidente da ANTP.

Segundo o Notícias ao Minuto, após apresentação das soluções ao Governo para inverter a atual situação do setor, a ANTRAM exige uma resposta nos próximos quatro dias.

Contactada pela Lusa, fonte da GNR disse que até ao momento não há informações de condicionamento de trânsito. Ao jornal Observador, um oficial da GNR lembrou que as manifestações são um direito dos portugueses. “Não atuamos contra as manifestações, mas contra a atuação de determinados cidadãos que possam por em causa a segurança rodoviária, a ordem pública e a livre circulação de outros cidadãos”.

Junto com o Brasil

A imprensa portuguesa já dá conta da semelhança do protesto numa altura em que os caminhoneiros pararam o Brasil durante uma semana.

Segundo jornal Sol, já na última semana um comunicado da principal associação do setor, a ANTRAM, dava como exemplo o caso do Brasil. “Portugal não está imune, de forma alguma, a que um panorama semelhante venha a ocorrer em território nacional. A sucessiva escalada do preço do gasóleo, sem a devida revisão trimestral do ISP, anunciada e garantida pelo Governo, coloca à prova as empresas de transporte que, no imediato, e para garantir a sua sustentabilidade, ver-se-ão obrigadas a rever as tarifas de transporte”, referiu a associação em comunicado.

Este domingo completou sete dias de greve dos caminhoneiros brasileiros, com consequências que ainda vão demorar para normalizar, estando aeroportos e 99% de postos de gasolina com falta de combustível, supermercados com falta de produtos, e Forças Armadas evitando a obstrução das vias pelos caminhoneiros.

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