Da Redação Com Lusa
Na opinião do técnico Fernando Ribeiro, da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), Portugal pode tornar-se uma porta de entrada da União Européia (UE) para micro e pequenas empresas brasileiras exportadoras. "Por sua proximidade cultural, Portugal pode ser uma porta de entrada para pequenos exportadores brasileiros. Há potencial para isso", admitiu à Lusa o especialista. A Funcex foi responsável por um estudo, divulgado na segunda-feira, sobre o desempenho das micro e pequenas empresas (MPE) na exportação brasileira no período de 1998-2006. Encomendado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), este levantamento revela que menos de 13 mil MPE, num universo de cerca de três milhões que atuam no mercado brasileiro, exportaram o equivalente a 1,2 bilhões de euros em 2006. O estudo do Sebrae mostra também que as exportações das micro e pequenas empresas brasileiras concentram-se sobretudo nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde estão quase 95% das MPE exportadoras. A pesquisa considerou como microempresa exportadora aquela que emprega até 20 pessoas no setor industrial ou 10 nas área de comércio e de serviços, com exportações de até US$ 120 mil por ano. São consideradas pequenas as empresas com menos de 100 funcionários na indústria ou 50 no comércio e no setor de serviços, com vendas anuais ao mercado externo de até US$ 1,2 milhões. Em abril próximo, o Sebrae deve lançar o Programa de Internacionalização de Micro e Pequenas Empresas para incentivar esses empresários brasileiros a exportar e a manter-se de forma sustentável no mercado externo. Exemplo Uma empresa brasileira de tecnologia da informação (TI) que já opera em Portugal e busca expandir-se agora para outros países é um exemplo de sucesso para micro e pequenos empresários do Brasil interessados no mercado externo. "Três fatores despertaram-me interesse em Portugal: a facilidade da língua, a proximidade geográfica, já que a sede da empresa é no Ceará, e o retorno em euros", disse à Lusa o empresário Edgy Eduardo Enéas. A sua empresa Ivia começou em 1996 com apenas dois sócios e uma secretária. Hoje, a Ivia já é uma média empresa, com 320 funcionários, quatro escritórios (Fortaleza, Natal, São Paulo e Lisboa) e um faturamento de seis milhões de euros (R$ 15,65 milhões) por ano. As atividades em Lisboa começaram em 2003, a partir de uma parceria com a portuguesa Noesis, para oferecer produtos de software ao mercado luso. "Foi uma iniciativa muito bem-sucedida. Em 2006 criamos o escritório em Lisboa e hoje temos como clientes a Galp, o Barclays Bank, a Câmara do Seixal e a Vodafone. Agora estamos a pensar no mercado norte-americano e de outros países europeus", destacou Enéas. O empresário considera também a possibilidade de fazer parcerias com outras empresas portuguesas em outros países. "A economia portuguesa gira muito em torno de serviços, não há muitas indústrias. Os brasileiros têm muito espaço, portanto, para investir em Portugal, com a vantagem de falar a mesma língua", salientou o empresário cearense.
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