O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu hoje em baixa as previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal este ano, para 2%, face ao que estimava em outubro, e abaixo das previsões do Governo.
Segundo o World Economic Outlook (WEO) do FMI, hoje publicado, as projeções para 2025 apontam para um crescimento de 2%, abaixo do estimado em outubro, de 2,3%.
Na proposta de Orçamento do Estado para 2025, o executivo estima um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,1% em 2025. Para 2026, o FMI prevê um crescimento de 1,7% do PIB nacional.
O FMI apresenta ainda projeções para a inflação, com os preços ao consumidor a caírem para 1,9% em 2025 e acelerarem para 2,1% em 2026.
Já o desemprego mantém-se em níveis semelhantes, segundo o FMI, apontando uma taxa de 6,4% este ano e de 6,3% em 2026.
Ainda assim, a economia nacional mantém um crescimento acima do previsto para a zona euro, este ano, de 0,8%, com o FMI a estimar que a Alemanha fique estagnada, em 0%.
No WEO, o FMI deu conta de um choque “negativo” devido à guerra comercial gerada pelas tarifas do Presidente dos EUA e apontou a “incerteza” neste momento, no panorama econômico mundial.
No Relatório sobre a Estabilidade Financeira Mundial, a instituição alertou para a “forte reavaliação dos ativos de risco” que se seguiu a “uma série de anúncios de tarifas por parte dos Estados Unidos desde fevereiro e acelerou após a divulgação, em 02 de abril, de planos para tarifas mais elevadas do que o previsto”.
Segundo o Fundo, “a volatilidade dos mercados financeiros nos mercados de ações, divisas e obrigações aumentou acentuadamente”, sendo que a “reação de outros países aumentou ainda mais as incertezas”.
Assim, e “face à elevada volatilidade dos preços dos ativos, o presente Relatório sobre a Estabilidade Financeira Mundial avalia que os riscos para a estabilidade financeira mundial aumentaram significativamente, principalmente devido a uma maior restritividade das condições financeiras mundiais”.
Finanças
Segundo Ministério das Finanças de Portugal, “o FMI projeta assim que as contas públicas manterão um ligeiro excedente orçamental, sendo que entre 2027 e 2030 a previsão é de um ‘superavit’ de 0,1% PIB”.
Este resultado, indicou a tutela, “decorre sobretudo da redução da despesa pública em percentagem do PIB a partir de 2026, terminado que estará o efeito do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência]”.
Segundo o ministério, estas previsões ocorrem num contexto “em que o FMI projeta o agravamento dos défices em diversos países europeus, nomeadamente na zona euro”, sendo que, “na média da zona euro, o FMI prevê um ligeiro agravamento do défice orçamental”.
Adicionalmente, indica o Ministério das Finanças, “o FMI prevê uma continuada quebra da dívida pública portuguesa, atingindo um valor de 92% do PIB em 2025, 88% do PIB em 2026 e 84,7% do PIB em 2027, aproximando-se dos 75% do PIB no final da década”.