Entrevista: Recital “Tocando Portugal” deve ser lançado em livro e DVD

Musicos_TocandoPortugal

Por Odair Sene

Com apoio do governo de Portugal, o espetáculo “Tocando Portugal” esteve no Brasil para as comemorações do Dia da Comunidade Luso-Brasileira, e encantou o público trazendo uma seleção de música tradicional de dez regiões portuguesas, arranjadas para trio de violino, clarinete e piano, em meio à projeção de filmes inéditos, e depoimentos de personalidades naturais de cada região.
Idealizado e produzido por três artistas de carreira individual em Lisboa, três professores do Conservatório Nacional: João Vasco, Anne Victorino d’Almeida, e Luiz Gomes, com quem o Mundo Lusíada conversou em Santos, falou sobre a ideia de junção entre o moderno e o tradicional.
“Quisemos fazer um projeto inovador e com uma certa nostalgia porque identificamos o interesse das pessoas que estão fora de Portugal, não só aqueles que nasceram em Portugal como a segunda e a terceira geração, e mostrar um pouquinho do que foi e do que é Portugal, a sua beleza natural e arquitetônica. E por outro lado, fazer uma junção que achamos muito interessante que é música clássica com as raízes do nosso país, porque incluímos músicas populares, músicas do povo, convertidas para um projeto clássico. Com o complemento das imagens, essa concessão de música popular transformada em música erudita, acho que o projeto foi muito feliz”.
O primeiro concerto do trio foi feito em Lisboa, no Conservatório Nacional, antes de embarcar para o Brasil. O projeto foi concebido há oito meses e teve apoio do governo português para a sua digressão. Segundo Luiz, muitas pessoas se interessaram, inclusive tiveram depoimentos vindos da presidência portuguesa, mas o Tocando Portugal teve mesmo o intuito de desbravar mar afora, portanto uma reação esperada como o apoio do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário. “Este projeto foi concebido precisamente para isso, portanto é natural que haja uma reação imediata porque é uma ideia inovadora e bem concebida”.
RecitalTocandoPortugalPor hora, o trio tem pretensão de levar o projeto para mais países com comunidades portuguesas. “A reação que tivemos aqui foi muito positiva, para nós foi muito comovente, sentir que todo nosso esforço, já que fizemos tudo sozinhos, só tivemos apoio depois que o projeto estava pronto, mas é comovente ver que as pessoas reagem muito bem. O que nós queremos é mostrar o Tocando Portugal em todo o mundo com o mesmo sucesso e o mesmo resultado”.
Eles ainda planejam lançar um DVD e um livro com todo o concerto, reunindo todas as imagens, incluindo as que acabaram ficando de fora do espetáculo de uma hora de duração. “Para colocar Portugal na tela e na música em uma hora ficaram milhares de imagens, fotos, e músicas de fora. Pensamos em fazer um livro com um DVD com as muitas coisas que ficaram de fora porque apesar das pessoas compreenderem há muito mais para ver, e pode ser um complemento ao projeto em si”.
Segundo Luiz Gomes, o clarinete do grupo, o trio foi concebido dessa forma e permanecerá entre os três músicos numa formação que se complementa. “Na música erudita o trio clarinete, piano e violino tem muitas obras escritas. Quisemos fazer algo novo, poderíamos usar o repertório que já existe pelo mundo, pelos melhores compositores, mas quisemos apostar na música portuguesa e foi aí que germinou a ideia”.
Quase todas as personalidades convidadas para participar de um depoimento aos que estão fora de Portugal aceitaram prontamente participar do projeto, entre eles, a pintora Graça Morais, a escritora Lidia Jorge, e a atleta Rosa Mota, segundo eles, porque os portugueses gostam da sua terra.
João Vasco, Luiz Gomes e Anne Victorino fizeram ainda homenagens a parentes próximos durante os vídeos usando seus depoimentos em cada região. “No caso dos meus pais, não são emigrantes para fora de Portugal mas são para fora de sua terra. Saíram lá do fim de Trás-os-Montes e foram para Lisboa, onde nasci. Mas continuo tendo uma casa lá, continuo tendo aquela nostalgia pela gente, e isso também nos inspirou, temos muitos emigrantes fora do país e sabemos o que eles sentem e quisemos retribuir um bocadinho, este é um projeto feito com muito carinho para as comunidades”.

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