Em SP, fachada e torre do relógio do Museu da Língua Portuguesa são entregues

Da Redação

No seguimento da reconstrução do Museu da Língua Portuguesa, que sofreu um incêndio em dezembro de 2015, foi concluído o trabalho nas fachadas e esquadrias, no dia 06. O tradicional relógio da torre da Estação da Luz também foi restaurado e será reativado.

O governador Geraldo Alckmin visitou o local nesta quarta-feira, após entregar novos trens na Estação da Luz. A partir de agora as obras avançam para uma nova etapa: a reconstrução da cobertura do Museu e a restauração dos pátios e seus torreões. A obra está dividida em três etapas: o já concluído restauro das fachadas; a fase iniciada em setembro que trata da reconstrução da cobertura do edifício, além de restauro dos pátios e torreões; e a finalização no interior do prédio. Depois da obra será iniciada a instalação da museografia.

“A Estação da Luz é um dos ícones de São Paulo: foi inaugurada em 1900 e abriga o Museu da Língua Portuguesa, um dos mais visitados do Brasil. Infelizmente tivemos um incêndio e ele continua sendo restaurado, inclusive a parte que não pegou fogo. Hoje estão sendo entregues as quatro fachadas e a torre do relógio”, comentou o governador.

“A cobertura de zinco veio do Peru e já está no Porto de Santos. Nós teremos até o final do ano que vem toda parte do museu pronta e entregue. A parte de museografia será em seguida e nós teremos um museu mais moderno, interativo”, declarou Alckmin.

A nova cobertura vai conservar a volumetria externa do edifício e oferecer uma nova configuração no interior do prédio. As peças de madeira serão combinadas a cabos de aço na sustentação do telhado, que vai ser revestido com zinco, garantindo a leitura contemporânea desta intervenção no edifício, reconhecido como patrimônio histórico nacional. Será utilizada madeira certificada da Amazônia, atendendo às exigências de sustentabilidade do projeto, uma vez que o Museu da Língua Portuguesa pretende obter certificação internacional para construções sustentáveis.

“Participar do ressurgimento de um dos principais espaços da gestão estadual de cultura é um dever e um privilégio. A celebração da nossa língua, da nossa cultura, da nossa história é fundamental para o necessário sentimento de nação”, afirma o secretário da Cultura do Estado, José Luiz Penna, que elogiou ainda o uso de madeira certificada na cobertura, o que garante a sustentabilidade da obra.

Além da sustentabilidade, o uso da madeira em grandes espessuras na cobertura é uma recomendação dos bombeiros e de especialistas, pois o material resiste melhor a incêndios do que estruturas metálicas – em caso de exposição a fogo, apenas a camada externa das peças é afetada, o que garante que a estrutura resista por mais tempo. Essa característica ficou comprovada no incêndio que atingiu o museu, em dezembro de 2015, quando a estrutura do telhado resistiu, e as peças de madeira, depois de recuperadas, puderam ser reaproveitadas.

Datada de 1946, a madeira da cobertura queimada (peroba do campo) foi reutilizada na restauração das esquadrias e fachadas. Cerca de 85% da madeira necessária para a recuperação das esquadrias foi reutilizada do material já existente no edifício: dos 20m³ de madeira necessários para a restauração das esquadrias, 17m³ vieram da cobertura original do prédio.

O redesenho interno da cobertura dará mais leveza e visibilidade ao ambiente do 3º andar do Museu, além de evidenciar a intervenção – seguindo os princípios de intervenção em bens tombados, o visitante poderá reconhecer de imediato as temporalidades existentes no mesmo edifício.

O projeto de reconstrução da cobertura, assim como o das fachadas, também contempla ações de conservação da cobertura da Ala Oeste, que não foi atingida pelo incêndio, de forma a garantir a integração de todo o edifício.

A reconstrução foi aprovada pelos três órgãos do patrimônio histórico: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), órgão de âmbito estadual, e Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).

A reinauguração do Museu está prevista para 2019. Durante a reconstrução, o seu acervo – o patrimônio imaterial da língua portuguesa – continuou sendo celebrado por meio de atividades culturais e educativas, como as realizadas na comemoração do Dia Internacional da Língua Portuguesa, no saguão da Estação da Luz, em maio; na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), em julho; Bienal Internacional do Livro, em agosto; Festival Que Bom Retiro, em outubro, e na Festa Literária das Periferias (Flup), em novembro, no Rio de Janeiro.

O custo total da reconstrução está estimado em R$ 65 milhões. O valor de investimento da iniciativa privada no projeto será de R$ 36 milhões. O restante vem da indenização do seguro contra incêndio. Os aportes são do grupo EDP, da Rede Globo e do banco Itaú.

Novo site durante a reconstrução

Como parte das ações para manter viva a conexão entre o Museu da Língua Portuguesa e seu público, durante o período de reconstrução foi lançado um novo site da instituição: www.museudalinguaportuguesa.org.br, construído com a premissa de permitir a navegação de todos os públicos – com ou sem algum tipo de deficiência –, contando com recursos de acessibilidade digital.

No site os usuários podem acompanhar as novidades da reconstrução, relembrar o histórico do Museu e ter contato com entrevistas e artigos relacionados à língua portuguesa.

Em 10 anos de funcionamento, o Museu recebeu cerca de 4 milhões de visitantes (319 mil destes em ações educativas). Primeiro do mundo totalmente dedicado a um idioma, trouxe ao país um novo conceito museográfico, que alia tecnologia e educação. Com uma narrativa audiovisual e ambientes imersivos, permitiu aos visitantes descobrir novos aspectos do idioma, elemento fundador da cultura do país. Foi eleito pelo Trip Advisor um dos três melhores museus do Brasil e da América Latina em 2015. Sua instalação na Estação da Luz é simbólica: foi ali o ponto de chegada de imigrantes de vários lugares do mundo, com diferentes idiomas e sotaques, no coração de São Paulo – maior cidade de falantes de português do mundo.

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