Brasil e Portugal devem aprofundar fluxo cultural, diz ministro em Cascais

Da Redação
Com agencias

O ministro brasileiro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, chegou a Portugal neste final de semana para cumprir duas importantes agendas para promoção da cultura brasileira no exterior. De sábado (5) a segunda-feira (7), participou do Encontro Global Horasis 2018 (Horasis Global Meeting), em Cascais, com 400 líderes mundiais do setor privado e de governos para discutir temas como crescimento econômico, desenvolvimento sustentável, inovação e desigualdade.

Sérgio Sá Leitão considerou que é necessário medidas concretas para que seja efetivamente possível o aprofundar e o acelerar do fluxo cultural entre Brasil e Portugal, e ainda envolver outros países lusófonos.

“Tenho visto que a cultura brasileira, pelas mãos do mercado, tem chegado a Portugal, mas a cultura portuguesa tem chegado pouco ao Brasil e penso que isso é muito ruim para os dois países. Acho que podemos, a partir de uma política pública efetiva para isso, aumentar, intensificar e acelerar este fluxo de trocas culturais entre os dois países”, declarou à Lusa o ministro.

O ministro referiu ainda que é preciso ainda “fazer chegar (esta troca) aos demais países de língua portuguesa e, porque não, ao resto do mundo”.

Na terça-feira, Sá Leitão vai reunir-se com o seu homólogo português, Luís Filipe de Castro Mendes.

“Eu penso que o ministro Luís Filipe tem um conjunto de ideias e sugestões e, obviamente, estamos abertos a ouvi-las e a avaliá-las. Nós também temos algumas sugestões”, referiu.

“O objetivo central deste encontro é o meu desejo, é o desejo dele, e acho que é uma necessidade do ponto de vista dos dois países, que possamos não só no nível do discurso, mas concretamente aprofundar a relação cultural e o fluxo cultural entre Brasil e Portugal”, declarou.

Para o governante brasileiro, é preciso “trabalhar juntos nesta ideia de conteúdo cultural, conteúdo artístico e conteúdo criativo em língua portuguesa”, devendo também intensificar as trocas entre os dois países com os demais de língua portuguesa e, ainda, “pensar no mercado global”, disse.

Sá Leitão declarou que o Brasil está a iniciar este ano as comemorações dos 200 anos da independência do Brasil (que ocorreu a 07 de setembro de 1822), sendo algo que irá se intensificar ao longo do tempo até 2022.

“Vou compartilhar com o ministro Castro Mendes como estamos a trabalhar isso e vamos procurar ver de que maneira como Portugal pode se juntar a nós. Acho importantíssimo que esta comemoração se dê com uma presença muito ativa de Portugal, pelas raízes históricas, pelos elos todos que nos unem, que estão bem representados por este episódio da independência do Brasil”, indicou.

Este ano, segundo o ministro já há uma exposição que vai focar “o legado de D. João VI (…) integrando a programação oficial”.

“Outra proposta que vou levar ao ministro, que estamos acalentando no Ministério há algum tempo, é a criação de um festival cultural de língua portuguesa que envolva artes cênicas, cinema, música e outras áreas, mas que seja realmente um grande festival, que possam acontecer no Brasil e em Portugal, reunindo não só artistas brasileiros e portugueses, mas também de outros países de língua portuguesa”, disse.

Para o ministro, outra área “importantíssima” que pode aprofundar muito a colaboração entre os dois países são “justamente as relações entre as instituições culturais e agentes privados, que não tem necessariamente passar pelos governos”.

“Outra área que poderíamos trocar muito é sobre o patrimônio histórico, nomeadamente sobre a restauração deste patrimônio”, referiu, acrescentando que Portugal tem muito a oferecer neste campo e ainda que “o uso sustentável do acervo do patrimônio histórico é fundamental”.

Ativo econômico

O Encontro Global Horasis 2018 debate alguns dos principais desafios do mundo contemporâneo, sob o título “Inspirando nosso futuro” (Inspiring our future) – tema afim com a marca desta gestão do MinC, “Cultura Gera Futuro”. Sá Leitão falou sobre as ações do Ministério da Cultura para incentivar e promover a cultura brasileira no Brasil e no exterior. Desde que assumiu o cargo, em julho do ano passado, ele tem enfatizado o lado econômico da produção cultural, sem prejuízo de seu papel simbólico para a formação tanto da identidade quanto da cidadania.

A campanha #CulturaGeraFuturo, lançada pelo ministro, destaca a contribuição das produções culturais para o desenvolvimento econômico. No Brasil, a economia criativa já responde por 2,64% PIB (Produto Interno Bruto, a soma de bens e serviços produzidos no país), à frente de setores tradicionais como as indústrias têxtil e farmacêutica; emprega 1 milhão de trabalhadores, envolve cerca de 200 mil empresas e entidades e proporciona uma arrecadação anual de R$ 10,5 bilhões em impostos.

O ministro da Cultura do Brasil disse esta segunda-feira que é primordial que a sociedade brasileira e os governos percebam o potencial das atividades culturais e criativas como ativos econômicos e como estas já contribuem para o desenvolvimento do Brasil. “O que nós estamos propondo é parte de um projeto para o país, não é algo específico ou uma demanda corporativa. Nós estamos dizendo que a cultura e as atividades criativas constituem um dos eixos do projeto de desenvolvimento para o país”, declarou à Lusa.

“Nós temos um estudo que mostra que a estimativa de crescimento para os próximos cinco anos neste campo da economia criativa é de 4,6% ao ano, o que está bem acima das estimativas mais otimistas em relação da taxa de crescimento médio da economia brasileira”, avaliou. Sá Leitão afirmou que quer chamar a atenção do poder público e da sociedade para isso, para que mudem a maneira como encaram a cultura e as atividades criativas e, inclusive, a política pública e o papel do Ministério da Cultura.

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