Na Associação Portuguesa do DF, presidente elogia “várias gerações” de emigrantes no país

Mundo Lusíada com Lusa

Em visita a Associação Portuguesa de Brasília, em Taguatinga, no Distrito Federal, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa justificou uma vez mais a sua presença nas comemorações dos 200 anos da independência do Brasil e destacou um aspecto do desfile do 07 de Setembro a que assistiu pela manhã ao lado do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

O chefe de Estado português falou durante encontro com a comunidade sobre Portugal e o Brasil como realidades inseparáveis com territórios partilhados, exaltando o contributo dos portugueses para a nação brasileira desde a sua chegada.

“Que orgulho, que orgulho ver desfilar hoje nas avenidas de Brasília as bandeiras de Portugal desde a fundação, as bandeiras do tempo da monarquia portuguesa até ao momento em que o Brasil se separou de Portugal. Pois o Brasil ao comemorar essa separação faz um desfile com as bandeiras de Portugal que eram também do Brasil antes da separação. Porquê? Porque assume a sua História”, declarou.

O Presidente português acrescentou que “já havia Brasil quando Pedro Álvares Cabral aqui chegou, já havia, mas o Brasil passou a ser diferente também com o contributo dos portugueses após essa chegada, e durante séculos aqui se criou uma amizade fraternal para sempre, para sempre”.

“Há 200 anos foi um português quem proclamou o grito do Ipiranga, um filho de rei, príncipe, que se rebela contra o seu pai, dando voz àquilo que era a vontade de independência do povo brasileiro”, referiu, recebendo palmas da audiência composta por emigrantes portugueses e luso-brasileiros.

D. Pedro assumiu em 1822 “a missão difícil de ser o primeiro imperador do Brasil” e é preciso compreender “a importância desse gesto”, defendeu.

“A Espanha também esteve aqui, na América Central e na América do Sul, só que não nasceu um Estado dessa presença, nasceram vários Estados. Aqui há um só Estado, poderoso, unido, feito por brasileiros e feito por portugueses bandeirantes que percorreram quilômetros e quilômetros para o interior levando as fronteiras do futuro Estado até onde elas estão – e chegaram a ir mais além, como sabem”, prosseguiu.

Segundo o Presidente português, “a unidade do Brasil tem muito a ver com o fato de a corte de Portugal ter vindo para o Brasil”, situação singular em que “Portugal passou a ser durante um tempo em termos políticos colônia do Brasil: a corte estava aqui, as instituições de poder do império estavam aqui”.

No seu entender, “isso contribuiu para a unidade territorial, mas contribuiu também para uma relação secular entre as nações irmãs”.

Ao chegar à Associação Portuguesa de Brasília, criada em 1962, Marcelo Rebelo de Sousa disse que “isto é Portugal” e depois na sua intervenção retomou a ideia de que se encontrava “em território português” e sustentou que as duas realidades “são inseparáveis, onde há Portugal há Brasil, onde há Brasil há Portugal”.

O chefe de Estado português levou esta imagem mais longe, afirmando que “todo o Brasil no fundo é território português, e todo o Portugal é território brasileiro”.

“Mas há territórios que são especialmente portugueses: a embaixada, os consulados, e onde estiver um português, uma comunidade de portugueses, uma associação portuguesa. Aqui é chão português”, reforçou.

Marcelo Rebelo de Sousa elogiou as “várias gerações” de emigrantes portugueses no Brasil, “aqui contribuindo para a ordem e progresso que está no lema da nação brasileira”, e assinalou a recente vaga de imigração do Brasil para Portugal, concluindo que existe uma ligação que “é imparável” quaisquer que seja os presidentes e os governos.

“O que têm os responsáveis dos povos é de perceber a realidade e atuar em função dela, de acordo com ela”, argumentou, para justificar a sua presença nas comemorações deste bicentenário, que coincidem com a campanha para a eleição do próximo Presidente do Brasil.

“Eu tenho a impressão que muitos não entendem o momento histórico”, lamentou-se.

Próximo Presidente do Brasil
Marcelo Rebelo de Sousa ainda anunciou que tenciona estar na cerimônia de posse do próximo Presidente do Brasil, em 01 de janeiro do próximo ano.

“Vamo-nos ver ainda muitas mais vezes. Eu tenciono vir a Brasília desde logo no dia 01 de janeiro, como é natural, pela lógica das coisas”.

As comemorações do bicentenário da independência do Brasil acontecem quando está em curso a campanha oficial para as eleições presidenciais brasileiras de 02 de outubro, com uma eventual segunda volta em 30 de outubro.

Marcelo Rebelo de Sousa esteve em Brasília na cerimônia de posse do atual Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, em 01 de janeiro de 2018.

Ainda nesse dia 07, o presidente português foi recebido em Brasília pelo presidente do Senado, Rodrido Pachedo, para tratar da sessão solene comemorativa que o Congresso Nacional promove na manhã deste dia 08.

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