Celebrar Gago Coutinho e Sacadura Cabral apostando na educação, tecnologia e Forças Armadas

Da Redação com Lusa

Neste 03 abril, o Presidente português abordou a travessia aérea do Atlântico Sul, em 1922, para sublinhar que, 100 anos depois, é preciso “retirar lições para o futuro”, apostando nas Forças Armadas, na educação, na ciência e na tecnologia.

“Precisamos de sair daqui hoje (…) com a certeza de que valeu a pena aquilo que Gago Coutinho e Sacadura Cabral fizeram. Valeu a pena, e vale a pena, termos as Forças Armadas que temos, valeu a pena e vale a pena apostarmos na educação, na formação, na qualificação, na ciência e na tecnologia. Valeu a pena, e vale a pena, olharmos para o passado para construirmos o futuro”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República discursava, enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas, no jardim da Torre de Belém, em Lisboa, onde decorreu uma cerimônia militar de comemoração do centenário da primeira travessia aérea do Atlântico Sul, iniciada por Gago Coutinho e Sacadura Cabral em 30 de março de 1922.

Marcelo frisou que Gago Coutinho e Sacadura Cabral “representaram o melhor que tinha Portugal, o melhor que tinha as Forças Armadas, o melhor que tinha” a ciência e a tecnologia portuguesa, assim como a “bravura”, a “coragem” e o “espírito de partir” dos portugueses.

“Vale a pena celebrar este passado. Sim, vale. Mas só vale a pena se retirarmos as lições para o futuro”, sublinhou.

Numa cerimônia acompanhada por milhares de portugueses – que se aglomeraram, ao sol, à volta do jardim da torre de Belém – o Presidente da República afirmou que só vale a pena celebrar o feito de Gago Coutinho e Sacadura Cabral se, “para além daquelas centenas ou milhares de portugueses e portuguesas que aqui estão hoje”, “Portugal entender o que foi esse feito: como foi, o que significou, o que quis dizer, e isso passar de geração em geração”.

“É com a memória do passado que construímos a glória do futuro. Só vale a pena se apostarmos mais na ciência, na tecnologia, mais nas Forças Armadas, porque então estaremos a honrar o passado que hoje celebramos”, reforçou.

Pouco depois de ter recordado que, quando chegaram ao Brasil, Gago Coutinho e Sacadura Cabral foram recebidos de braços abertos, com homenagens de “multidões e multidões”, Marcelo Rebelo de Sousa apelou ainda à reafirmação dos “laços de fraternidade” entre Portugal e os países que estiveram na rota de Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

“Só vale a pena [celebrar o feito] se levarmos mais longe a fraternidade que nos une a países tão próximos por onde passaram os dois heróis, como a Espanha, como Cabo Verde, mas sobretudo se, neste ano do bicentenário da independência do Brasil, reafirmarmos os laços de fraternidade. Se o Brasil sentir este feito como sentiu há 100 anos (…), se nós sentirmos a fraternidade entre portugueses e brasileiros como sentimos há 100 anos”, frisou.

Na cerimônia, além do Presidente da República, marcou também presença a ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), almirante António Silva Ribeiro, o chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), almirante Henrique Gouveia e Melo, e o chefe do Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA), general João Cartaxo Alves.

A cerimônia arrancou às 11:01, quando o Presidente da República chegou ao jardim da Torre de Belém, tendo inicialmente ouvido o hino nacional tocado pela Banda da Armada, enquanto simultaneamente, do rio Tejo, o navio NRP Viana do Castelo disparava uma salva de 21 tiros.

De seguida, o chefe de Estado passou em revista as forças em parada à frente do Tejo tendo, depois do discurso, entregado uma medalha comemorativa do centenário da travessia aérea a representantes de países que estiveram na rota de Gago Coutinho e Sacadura Cabral, designadamente Espanha, Cabo Verde e Brasil.

Após uma homenagem aos mortos – que contou com um sobrevoo de quatro caças F16 da Força Aérea – e um desfile militar dos três ramos das Forças Armadas, ao som da “Marcha dos Marinheiros”, decorreu um desfile aeronaval, que contou com 16 aeronaves, 60 embarcações e seis navios.

No final, Marcelo Rebelo de Sousa descerrou uma placa relativa ao centenário da travessia aérea do Atlântico no monumento alusivo ao acontecimento, antes de dar o ‘tiro de partida’ – na forma de uma buzina – da expedição Lusitânia, que irá procurar replicar, por mar e à vela, o percurso de Sacadura Cabral e Gago Coutinho.

A 30 de março de 1922 deu-se início à primeira travessia aérea do Atlântico Sul, no hidroavião monomotor Fairey F III-D MkII – batizado ‘Lusitânia’ –, tendo como destino final o Rio de Janeiro, aonde Sacadura Cabral e Gago Coutinho chegaram em 17 de junho de 1922.

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