Da Redação
Com Lusa
O Festival Nacional de Gastronomia acontece de 19 a 29 de outubro em Santarém, tendo este ano o pão como tema, com 11 municípios convidados para representarem um tipo de pão cada um e a presença de uma padaria.
A 37.ª edição do Festival Nacional de Gastronomia foi apresentada durante um almoço que decorreu na Casa-Museu Passos Canavarro, no centro histórico de Santarém, com vista para o rio Tejo, numa refeição confeccionada pelo chefe escalabitano Rodrigo Castela, com sopa de tomate, massa à barrão e costeleta com legumes grelhados.
Luís Farinha, vereador da Câmara Municipal de Santarém com o pelouro do Turismo, afirmou que a edição deste ano fecha um ciclo iniciado há quatro anos e que se propôs “modernizar” o festival, aliando “tradição e contemporaneidade”.
A ideia de fazer o festival em torno de um tema, iniciada em 2016, deu resultados “bastante positivos”, afirmou, adiantando que para a edição deste ano foram “desafiados os municípios que mais fortemente estão identificados” com os diferentes tipos de pão que vão marcar cada dia do festival.
Como exemplos, Luís Farinha referiu a presença do município de Vila Nova de Gaia no dia que é dedicado à broa de Avintes, do de Bragança no dia do folar transmontano, do de Mafra no dia do pão de Mafra, sendo que a abertura será feita por Santarém, representada pelas pombinhas, e o fecho por Almeirim, com as caralhotas (pão caseiro típico de Almeirim).
O tema “o pão de cada dia” será ainda marcado pela presença de uma padaria, instalada pela Associação do Comércio e da Indústria da Panificação (ACIP), que confeccionará diariamente, em várias fornadas, o pão do dia e promoverá ‘workshops’ e ações de formação.
Outra novidade do certame será a presença de um ‘winebar’, com vinhos de norte a sul do país, um espaço que substitui o Salão do Vinho ensaiado na edição de 2016 e que a organização, em conjunto com a Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), decidiu transformar para diferenciar em relação ao que acontece em outros eventos, associando o vinho, a copo, a petiscos.
Luís Farinha realçou ainda um conceito criado no novo figurino do festival a que a organização, apoiada por Paulo Amado (responsável por eventos como o Chefe Cozinheiro do Ano e o Congresso de Profissionais de Cozinha), chamou de Lucky 13, um 13.º restaurante dentro do festival que se destina a “incorporar” os chefes no certame.
Se há três anos o Lucky 13 contou com a presença de oito chefes, na edição deste ano serão 18, três dos quais mulheres, disse Luís Farinha, adiantando que um dos chefes será o escalabitano David Costa, estrela Michelin na cidade de S. José, na Califórnia (Estados Unidos da América).
“Foi algo que iniciamos com ambição, pois não existia nada parecido”, disse Paulo Amado, explicando que, neste restaurante, “todos os dias muda o chefe”, um conceito que a organização gostaria de ter a funcionar naquele espaço para além do festival.
“Foi um conceito que criamos para incorporar no festival os chefes, que são os grandes protagonistas da atualidade na gastronomia e que andavam um pouco afastados do festival”, evento que “tem uma matriz tradicional e não tinha o elemento da contemporaneidade” que o espaço veio criar, disse Luís Farinha.
O vereador destacou o impacto da iniciativa na região, realçando que tem sido dada visibilidade e criadas novas oportunidades a chefes de todo o distrito, uma forma de Santarém assumir a sua capitalidade “também por esta via”.
Por outro lado, referiu o contributo para a qualificação da oferta em Santarém, sublinhando o facto de nos últimos dois anos terem aberto na cidade três novos restaurantes ligados a chefes.
O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, afirmou que o Festival Nacional de Gastronomia se insere numa estratégia que não se esgota nesse evento e que visa associar a gastronomia à promoção turística e à valorização da produção local, temas que estarão presentes na remodelação do mercado municipal, um projeto de Paulo Durão, considerado em 2013 um dos jovens arquitetos mais promissores pela Wallpaper Magazine.
Por outro lado, está em curso a criação do Observatório da Gastronomia, uma ideia instigada pelo ex-ministro do Desenvolvimento Regional Miguel Poiares Maduro e já dotado de fundos comunitários, que é coordenado pelo historiador Francisco Armando Fernandes.