O Presidente português saudou hoje os 40 anos da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), defendendo que os povos e o poder local perceberam a sua importância antes da existência da organização e da própria CPLP.
Numa sessão comemorativa, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “as cidades, o poder local, as capitais, aquilo que está mais próximo dos povos chegou muito antes dos governantes, dos políticos nacionais” do que a plataforma de língua portuguesa, impulsionada em 1985 pelo ex-presidente da Câmara de Lisboa Krus Abecasis.
“Marcou muito a vida de todos nós. E sabemos como os primeiros a perceberem isso foram os povos. Com alegrias, com tristezas, com júbilos, com mágoas, com queixas pretéritas, por exemplo, mas foram os povos que perceberam que tinham de formar comunidades que olhassem para o futuro”, declarou.
A UCCLA “foi isso”, através do poder local, prosseguiu Marcelo Rebelo de Sousa, e “chegou muito antes de chegar a ser ela própria”, muito antes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que apenas foi criada na década seguinte.
Em declarações à Lusa, à margem da sessão realizada na sede da organização, o secretário-geral da UCCLA referiu-se àquela que é “provavelmente a melhor concretização e mais conseguida da Lusofonia”.
Luís Campos Ferreira elogiou “o dinamismo muito grande” de uma entidade que junta cerca de 90 capitais e cidades do espaço de língua portuguesa, bem como instituições e empresas.
“A UCCLA faz hoje 40 anos de trabalho, de cooperação, de entrejuda, um caminho que se tem feito junto entre cidades vivas, plurais, mas que tem um chão comum, que é a língua portuguesa”, observou o antigo deputado e ex-secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros.
Campos Ferreira assinalou as várias dimensões da organização, que incluem “grandes projetos de cooperação na área da saúde, da requalificação urbana, da gestão da coisa pública e da educação”, e também a cultural, com a atribuição de prémios literários e exposições de artistas plásticos que falam português numa galeria de arte e ainda iniciativas de promoção da calçada portuguesa, abrangendo desde logo a avenida da Índia, em Lisboa, onde está situada a sua sede.
Na sessão de hoje, foi inaugurado pelo Presidente da República um busto do poeta Luís Vaz Camões, da autoria do escultor de ascendência espanhola Diogo Munoz, que será replicado noutras capitais de língua portuguesa, e lançado um selo dos CTT alusivo à efeméride, a par da exposição “Retratos da Imigração”, do fotógrafo Afredo Cunha.
Na presença de membros o Governo, incluindo o ministro da Coesão e da Economia, Manuel Castro Almeida, e membros do corpo diplomático, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, salientou “um grande projeto que mudou, de certa forma, a relação com as cidades capitais, mas também com os países, porque ele é o precursor da CPLP”.
Para o autarca lisboeta, o ADN da UCLA “é realmente esta relação entre as cidades da língua portuguesa, em que todas são iguais”, prestando homenagem a Krus Abecasis, que descreveu como “um visionário”.
As comemorações dos 40 anos da UCCLA coincidem com os 50 anos das independências de vários países africanos de língua oficial portuguesa. Neste âmbito, está prevista uma colaboração especial com a cidade de Luanda, onde será realizada uma conferência internacional dedicada a temáticas atuais, como cidades sustentáveis e alterações climáticas, de acordo com a organização.
Além das celebrações, a UCCLA reafirmou o compromisso com a cooperação para o desenvolvimento, tendo sido apresentados projetos em curso em Timor-Leste, Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe como exemplos da ação concreta da instituição em matéria de reconstrução urbana, formação profissional, educação e apoio à administração local.