Nos EUA, presidente português defende tratado global contra as pandemias

Da redação com Lusa

O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, chegou aos Estados Unidos, onde discursará na 76.º sessão da Assembleia Geral das Organização das Nações Unidas (ONU), e defendeu que é urgente aprovar um tratado global contra as pandemias e reformar a Organização Mundial da Saúde (OMS), num quadro de reforço do diálogo e organizações globais.

O chefe de Estado transmitiu esta posição aos jornalistas no final de uma visita ao centenário Sport Club Português, em Newark, Nova Jérsia, que realizou logo após a sua chegada ao país.

Questionado sobre a intervenção que fará na terça-feira na ONU, em Nova Iorque, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que tenciona “chamar a atenção para os problemas que hoje se vivem no mundo: a pandemia, por um lado, a crise econômica e social, por outro, e a situação geopolítica”.

“Veja-se o que aconteceu na sequência da saída do Afeganistão e as movimentações que há geoestratégicas”, referiu.

Segundo o Presidente português, “tudo isso implica um reforço das organizações internacionais, uma capacidade de diálogo”.

“Isso hoje é urgente, porque temos de prevenir novas pandemias com um tratado global contra as pandemias, temos de reforçar e reformar a OMS, o que significa dar mais peso às Nações Unidas e organizações mundiais. Temos, em termos de clima, de ir mais longe, porque tudo está ligado com tudo”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa qualificou a atual conjuntura como “muito, muito sensível” e assinalou que a covid-19 “continua a ser um problema em vários países”, observando que “felizmente em Portugal já não é assim, começa a deixar de ser o problema que foi”.

“Isto necessita de uma resposta global, não pode ser esta resposta país a país, nunca mais resolvemos o problema”, insistiu.

“É uma lição que se tirou de tudo, da pandemia, do Afeganistão e da crise: nenhuma potência, mesmo as mais fortes, e os Estados Unidos da América são a potência mais forte no mundo neste momento, mas há outras potências a nível global e regional, consegue sozinha resolver problemas dessa dimensão. Isso implica haver organizações internacionais que funcionem e prevenir antes de remediar”, reforçou.

A propósito da visita que faz neste domingo ao memorial do 11 de Setembro, em Nova Iorque, o Presidente da República defendeu que também o terrorismo não pode ser vencido por “nenhuma potência, nenhum país, nem nenhuma coligação limitada” e exige “a abertura a uma visão global, o reforço das organizações internacionais”.

“Isto é, um esforço acrescido, em que Portugal está naturalmente empenhado, em que a União Europeia está empenhada, em que os nossos aliados entre os quais os Estados Unidos da América e no quadro da NATO estamos empenhados, mas tem de ser mais vasta. Portanto, o terrorismo, tal como o clima, tal como as migrações, tal como as pandemias, tal como as crises econômicas e sociais, sendo fenômenos globais, exigem respostas globais”, sustentou.

Marcelo Rebelo de Sousa começou por dizer que no seu discurso de terça-feira irá “saudar muito especialmente o secretário-geral [da ONU, António Guterres] reeleito por aclamação”, considerando que isso constitui “um prestígio para Portugal e importa sublinhá-lo” e irá “apoiar as prioridades dele para os próximos cinco anos”.

Segundo o chefe de Estado, Portugal tem a capacidade de “fazer pontes” com aliados como os Estados Unidos da América, na União Europeia, na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), na Comunidade Ibero-Americana e “noutros pontos do mundo”, que tão necessária é.

Ainda quanto à intervenção que irá fazer perante a Assembleia Geral da ONU, adiantou: “Vou lembrar que há em Portugal para o ano, em junho, a conferência universal dos oceanos, que é outra prioridade, que tem a ver com o clima. Vou recordar que na presidência portuguesa da União Europeia nós apostamos muito também naquilo que são os grandes desafios econômicos e sociais do futuro. Temos de encontrar maneira de fomentar o desenvolvimento, porque só isso pode travar as migrações”.

No domingo, o Presidente português irá prestar homenagem às vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001, que mataram quase três mil pessoas, com “uma cerimônia de deposição de coroa de flores no Memorial 9/11”, no local onde se situavam as Torres Gémeas.

O Presidente da República participará ainda, “em formato virtual, em três eventos à margem da 76.ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas”, sobre energia, sistemas alimentares e biodiversidade.

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