Escola de samba desfila os sabores da culinária brasileira

Da Redação
Com EBC

A União da Ilha do Governador, da zona norte do Rio, entra no Sambódromo na segunda-feira de carnaval – dia 12 – com os sabores e pratos da culinária brasileira representados no enredo Brasil bom de boca.

A primeira parte do enredo vai mostrar os produtos que vieram de fora, com a chegada da corte portuguesa ao Brasil. A partir daí, as influências dos portugueses e seu país de origem se misturam com os alimentos que eles encontraram, como o milho, o caju e a pimenta usada pelos indígenas.

A influência dos nativos da América na culinária brasileira estará representada no segundo setor do enredo. “O pato no tucupi é uma comida indígena que está até hoje no prato do brasileiro, [assim como] o tacacá. São coisas da culinária indígena”, explicou o carnavalesco Severo Luzardo.

Para a ala de baianas, o carnavalesco reservou um toque especial. Elas estarão vestidas em alusão à pacova da terra. Em algumas regiões a pacova também é chamada de pacoba ou pacovã.

“Em uma das cartas de Pero Vaz de Caminha de volta para Portugal ele descreve que encontrou no Brasil uma espécie de banana que os nativos chamavam de pacova, que era pequena e sem gosto. OK, mas era a nossa culinária e até hoje, na região Norte, se encontra pacova na feira e nas receitas está escrito pacova. Isso é bacana, é nossa culinária”, indicou.

O terceiro setor vai mostrar a influência dos negros que vieram para o Brasil e dos seus pratos que se tornaram comuns na gastronomia do país, como a feijoada e o acarajé.

“Nos ensinaram muitas coisas e, sobretudo, botaram o tempero na culinária brasileira. Até então, a culinária da corte era muito insossa”, pontuou, acrescentando que as fantasias dos ritmistas da bateria farão referência aos cozinheiros negros.

No quarto setor, a escola vai fazer uma crítica de que apesar de produzir e exportar grande quantidade de alimentos, parte da população brasileira ainda sofre com a fome.

“Deveria ser o contrário. A gente produz o alimento para o mundo. Nós deveríamos ser uma nação fortíssima. Sabemos produzir, temos pesquisas tecnológicas. Não temos é uma administração”, apontou Luzardo, sem entrar no viés político do tema.

Na sequência, com o cacau, a escola vai mostrar a alegria dos doces, uma homenagem às avós que fazem os bolos caseiros, comuns na lembrança de muitas famílias. O setor vai apresentar, ainda, algumas das preferências dos brasileiros, incluídas até em listas de turistas que chegam ao país.

“Invariavelmente tem a coxinha de galinha, a caipirinha, o açaí e o pão de queijo, que hoje é exportado. A gente vai mostrando para o mundo que temos peculiaridades”, disse o carnavalesco.

O desfile termina com um grande boteco – na visão de Luzardo, uma instituição no país. “O brasileiro vai lá para comer, para beber, conversar, falar de política, de carnaval, de futebol, de tudo, antes de ir para a casa. É uma instituição em que a comida nos agrega. É a gastronomia brasileira sendo bem representada”, acrescentou.

A premiada chefe Flávia Quaresma deu assessoria ao carnavalesco Luzardo, e recebeu inúmeros pedidos dos chefes para participar do desfile.

“Os chefes começaram a me ligar para estar nos carros e não tinha mais lugar. E eu enlouquecendo o carnavalesco, que me disse que os carros têm uma estrutura e não dava para botar mais ninguém”, contou Flávia.

O jeito foi trazer um carro com vários chefes e o restante desfilará nas outras alegorias, representando a culinária da sua região.

“O Claude [Troisgros], o Laurent [Suaudeau] e a Roberta Sudbrack, que moram no Rio, foi mais fácil, porque eles já estão aqui, mas são 18 estados representados. Todos [os chefes estão] vindo por conta própria, pagando passagem e estadia. Eu falei: só garanto a diversão e o momento único na vida de vocês”, informou.

O carnavalesco destacou que o enredo vai permitir que a Ilha se apresente leve e com muita evolução, o que caracterizou vários desfiles da escola na avenida.

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