Escritora brasileira, Beatriz H. Ramos Amaral apresenta em Portugal novo trabalho

Por Igor Lopes

A escritora brasileira Beatriz H. Ramos Amaral vai estar em Portugal nos próximos dias para lançar o seu mais recente livro:O AVESSO DO ARQUIPÉLAGO”, que se destaca por ser um conjunto de “poemas de essência”. A autora nasceu em São Paulo e estreou na literatura com o romance “Desencontro”, escrito ainda na adolescência, alcançando repercussão. A obra chegou a ser utilizada em colégios brasileiros.

Beatriz Amaral já publicou 15 livros em gêneros literários distintos, como romance, conto, poesia, crítica literária, ensaio biográfico e jurídico. Apesar de se dedicar com amor à literatura, Beatriz conta com um perfil multidisciplinar. É formada em Direito pela Universidade de São Paulo e em Música pela FASM, é Mestre em Literatura e Crítica Literária pela Pontifícia Universidade de São Paulo (2005). Profissionalmente, atuou no Ministério Público do Estado de São Paulo como Promotora de Justiça de 1986 a 2006 e como Procuradora de Justiça de 2007 a 2016.

Em entrevista à nossa reportagem, confessou que “o insólito é um aspecto que valoriza sempre”, falou sobre os seus livros e conceitos.

Que livros vai apresentar em Portugal?

Apresentarei dia 25 de outubro, na Livraria Barata, em Lisboa, o meu novo livro “O AVESSO DO ARQUIPÉLAGO”, que é um conjunto de poemas de essência, que busca tangenciar o âmago das nossas ilhas, dos nossos mistérios. Na mesa de apresentação e diálogos estarão os escritores portugueses João Morgado e João Rasteiro e o escritor brasileiro residente em Lisboa, Ronaldo Cagiano. É uma edição da In-Finita e tem prefácio da poeta e ensaísta Renata Antunes e um anexo com vários textos críticos sobre a minha poesia. Também apresentarei esse livro nos seguintes locais: dia 19 de outubro, no Salão do Livro de Lisboa, na Fundação CASA DE MACAU. Nessa oportunidade, apresentarei duas obras: O AVESSO DO ARQUIPÉLAGO (2019) e também PEIXE PAPIRO (2018, Scortecci Editora, prefácio da Profa. Dra. Cecília Almeida Salles), que acaba de ser agraciado com o Prêmio e Troféu LITERATURA 2019, concedido no âmbito da lusofonia e que tem a Curadoria da ZLBooks; dia 22 de outubro, serei a convidada especial do Projeto “Leituras de A a Zênite”; dia 26 de outubro, estarei no AUDITÓRIO da Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, participando da Apresentação do livro MUNDO(S) volume 6, uma coletânea de poesia de Edições Colibri, da qual sou uma das coautoras. A apresentação será do poeta e professor Ângelo Rodrigues e haverá apresentação musical; dia 28 de outubro, estarei nos Açores, na programação do OUTONO VIVO 2019, um grande festival de literatura, arte e cultura, na Praia da Vitória, promovido pela Câmara Municipal local. A apresentação do meu livro será no Teatro do AJAIT, Associação da Juventude da Ilha Terceira, e terá a apresentação da poeta e editora Carla Félix. Lá também apresentarei faixas do meu álbum RESSONÂNCIAS, que gravei em parceria com o citarista brasileiro Alberto Marsicano.

Que temas estão presentes nesses trabalhos?

Em geral, os conjuntos poéticos contemplam mais de um tema. E, nas mais variadas obras de um mesmo autor, há temas que se repetem, se reiteram, tratados sob perspectivas diferentes, pois há a ação do tempo e das circunstâncias sobre o olhar e sobre a voz do autor. Nestes meus livros, o tema realmente mais constante é “a busca de sentido das coisas do universo”, “a busca de sentido da existência”, “a tentativa e as possibilidades de se conhecer o lado oculto e o âmago do cotidiano”. A “metalinguagem”, as reflexões sobre o ato de escrever são também temas frequentes em meu trabalho e estão presentes nesses livros, O AVESSO DO ARQUIPÉLAGO, PEIXE PAPIRO, assim como também no meu CD RESSONÂNCIAS e no meu livro OS FIOS DO ANAGRAMA, que é de contos-pulsações ou cantos-contos, como disse a crítica.

Como caracteriza a sua escrita?

Escrevo pela necessidade de expressão e pela necessidade de reordenar ou reorganizar o mundo, dar sentido a ele, dele extrair sentido. A minha escrita teve início na minha infância, logo depois de eu me ter alfabetizado completamente. Alfabetizei-me muito cedo, em casa, olhando para os jornais diariamente e para as letras maiores das manchetes. Quando fui para o colégio, eu já sabia ler. Na adolescência, entre os 15 e 16 anos, escrevi um romance. Três editoras se interessaram de imediato e ele foi publicado. Eu era muito jovem e o livro foi adotado para análise literária em colégios em São Paulo por vários anos seguidos. Fui convidada a fazer palestras para os jovens estudantes sobre a obra. Essas palestras ocorreram até os meus 23 anos, aproximadamente. Este foi o meu começo. Mas, aos 12 anos, eu já escrevia poesia e trabalhei e sempre trabalho no sentido e com o propósito de depurar a minha linguagem. Já publiquei 15 livros, sendo sete deles de poesia, um romance, um volume de contos, um ensaio biográfico, um livro jurídico, um de crítica literária – que estuda a obra do poeta brasileiro Edgard Braga (1897-1985). Um de meus livros foi escrito em parceria com Elza A. Ramos Amaral – conjuntos de haicais acompanhados de sumiês de Masao Okinaka – 1990. Um de meus livros, “Poema sine praevia lege”, de 1993, foi indicado ao Prêmio JABUTI, da Câmara Brasileira do Livro, na categoria Poesia, em 1994. Em 1998, meu editor à época, Massao Ohno, idealizou um volume de Poesia Reunida, aglutinando todos os volumes anteriores de poesia. É o meu livro “Planagem”, que reúne todos os volumes anteriores e dois conjuntos de inéditos – Elipse e Bequadros & Melismas. Como escrevo em vários gêneros literários, vou dizer algumas características principais de minha escrita em cada um deles. Em poesia, gosto muito de intervir na sintaxe, trabalhar a forma, causar as estranhezas que eu mesma gostaria de ler e gosto de perquirir a essência das palavras. E o ritmo, para mim, é um elemento propulsor e relevante. Nos meus livros de pesquisa, crítica e ensaios, eu procuro, sempre, a amplitude, o rigor, procuro fornecer ao leitor um amplo panorama para que ele próprio navegue no tema e possa tirar suas próprias conclusões. Na minha escrita de ficção, além de trabalhar a linguagem, gosto muito da construção das personagens e dos ambientes e de trabalhar o interior dessas personagens. Aspectos psicológicos sempre me atraíram. Também faço crítica social, evidentemente, e emprego a ironia e humor, não de modo escancarado, mas em pinceladas apropriadas para cada ocasião. Flerto um pouco com certos elementos do realismo mágico. O insólito é um aspecto que eu valorizo sempre.

O que gosto de contar em meus livros de ficção: a busca existencial de cada personagem, relacionamentos humanos e familiares, a comunhão entre as pessoas e os desafios que a sociedade impõe até mesmo sobre os relacionamentos, a questão da integridade em meio ao caos. Também gosto de criar sempre um ou outro personagem inserido no universo da arte, seja na música, na fotografia, na dança, no teatro, na própria literatura ou qualquer outra linguagem artística.  Focalizo os desafios do temperamento artístico, sempre sensível, em meio ao caos de insensibilidade moral da contemporaneidade.

Quem é Beatriz H. Ramos Amaral?

Nasci em São Paulo e estreei em literatura com o romance “Desencontro”, escrito na adolescência, que alcançou certa repercussão, foi adotado em colégios e me levou a proferir palestras para os jovens estudantes sobre a obra. Já publiquei 15 livros em gêneros literários distintos, como romance, conto, poesia, crítica literária, ensaio biográfico e jurídico. Sou formada em Direito pela USP – Universidade de São Paulo (1983) e em Música pela FASM (1985) e Mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP – Pontifícia Universidade de São Paulo (2005). Minha tese de Mestrado foi eleita a melhor apresentada na PUC na área de Literatura da PUC entre 2003 e 2008 e foi indicada ao Prêmio ANPOLL – Associação Nacional de Pós-Graduação em Literatura e Linguística e se tornou uma das dez melhores, em âmbito nacional.  Meus livros publicados: Desencontro (1980), Controversos (1983), Encadeamentos (1988), Primeira Lua (1990), Poema sine praevia lege (1993, Finalista do Prêmio Jabuti de 1994), Planagem (poesia reunida, 1998), Cássia Eller  – Canção na Voz do Fogo (2002), Alquimia dos Círculos (2003), Luas de Júpiter (2007), RESSONÂNCIAS (CD, 2010) A Transmutação Metalinguística na Poética de Edgard Braga (2013), Os Fios do Anagrama (2016, 1ª.edição,  2018 2ª.edição, Prêmio Literatura 2017, categoria contos), Escritos Jurídicos e Memórias,  1ª.edição 2016), Peixe Papiro (2018, Prêmio Literatura 2019, categoria Poesia), O  Avesso do Arquipélago (2019). A convite da Secretaria Municipal da Cultura, coordenei vários Projetos e Ciclos literários entre 1994 e 1998. Participei de dezenas de antologias e coletâneas de poesia e prosa no Brasil e nos Estados Unidos, em Portugal e na França.  Tenho feito palestras em vários estados e cidades do Brasil e em Portugal. Entre 1986 e 2016, fui membro do Ministério Público do Estado de São Paulo – Promotora de Justiça de 1986 a 2006 e Procuradora de Justiça de 2007 a 2016. Fui eleita e integrei o Órgão Especial do Colégio de Procuradires4de Justiça do MPSP, que é um dos órgãos de sua Administração Superior. No Ministério Público, recebi em 1991 e 1992 Prêmios no Concurso “Melhor Arrazoado Forense”. Fui Secretária-Geral e Diretora da União Brasileira de Escritores entre 1995 e 2004. Atualmente sou Diretora do Departamento Cultural da APMP, Diretora de Publicações do MPD. Trabalho em um romance e em mais dois volumes de ensaios para breve.

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