São Tomé elege para presidente Manuel Pinto da Costa

Mundo Lusíada
Com Lusa

Manuel Pinto da Costa, em Pantufo, periferia sul da capital. Foto: CRISTIANO COSTA/LUSA

Manuel Pinto da Costa, primeiro chefe de Estado dos 36 anos de história de São Tomé e Príncipe, vai regressar à Presidência depois de ter triunfado domingo no segundo turno das eleições presidenciais.

Os primeiros resultados oficiais indicam que Pinto da Costa obteve 52,88% dos votos na segunda volta das presidenciais são-tomenses, derrotando o seu antigo diretor de gabinete Evaristo Carvalho.

Manuel Pinto da Costa, que completou 74 anos dois dias antes das presidenciais de domingo, é uma das figuras centrais da história recente do arquipélago africano.

Na sua primeira entrevista depois de ter ganho as eleições presidenciais, Manuel Pinto da Costa considera que não será difícil a coabitação com o primeiro-ministro Patrice Trovoada. “Temos de deixar os desentendimentos pessoais e pôr à frente os interesses nacionais. É com base nesses interesses nacionais que nós devemos, com diálogo, encontrar consensualidades suficientes para fazer o pais arrancar”, disse.

O Presidente português já felicitou Manuel Pinto da Costa pela sua eleição como chefe de Estado de São Tomé e Príncipe, prometendo empenhar-se no aprofundamento dos “laços de amizade e cooperação” que unem Portugal e o país africano.

“No momento em que se confirma a eleição de Vossa Excelência como Presidente da República Democrática de São Tomé e Príncipe, quero apresentar-lhe, em nome do povo português e no meu próprio, as mais calorosas felicitações e votos de sucesso no exercício das altas funções que foi chamado a desempenhar pelo povo são-tomense”, lê-se na mensagem enviada por Cavaco Silva a Manuel Pinto da Costa.

O chefe de Estado português manifesta ainda convicção de que no decurso do novo mandato de Manuel Pinto da Costa “os especiais laços de amizade e de cooperação” que unem os dois países e povos, “encontrarão novas oportunidades para se desenvolverem e aprofundarem, tanto no plano bilateral, como no quadro da CPLP”.

Prometendo empenhar-se pessoalmente na “estreita parceria entre Portugal e São Tomé e Príncipe”, Cavaco Silva salienta igualmente a forma como decorreram as eleições naquele país.

“A forma como decorreram estas eleições e o seu resultado, demonstram, uma vez mais, o profundo espírito cívico do povo são-tomense, bem como a sua confiança em Vossa Excelência para prosseguir a edificação de um Estado próspero e soberano, assente em instituições democráticas e nos valores da liberdade e da tolerância”, refere o Presidente da República.

Perfil

Primeiro Presidente da República depois de São Tomé ter conquistado a independência de Portugal, Pinto da Costa exerceu o cargo durante os 15 anos do regime monopartidário.

Em 1991, cedeu o poder ao histórico rival Miguel Trovoada – que enfrentou nas presidenciais cinco anos depois, saindo derrotado. Pinto da Costa voltou a candidatar-se à presidência em 2001 – e foi novamente derrotado, desta vez por Fradique de Menezes, o atual Presidente.

Primeiro líder do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), formação que dirigiu os destinos do Estado em regime de partido único, e a que a abertura democrática trouxe o sufixo PSD (MLSTP-Partido Social Democrata), Pinto da Costa apresentou-se nestas presidenciais como suprapartidário.

“Tenho-me esforçado durante toda a campanha em dizer ao eleitorado que, enquanto não se pensar em mudar a forma de fazer política não sairemos nunca do impasse em que nos encontramos”, disse Pinto da Costa durante a campanha numa entrevista à Lusa. “Se é para utilizar a mesma forma de fazer política, nem valeria a pena ser candidato”, sublinhou.

O atual governo de São Tomé é dirigido pelo primeiro-ministro Patrice Trovoada, filho de Miguel e dirigente da Ação Democrática Independente (ADI), partido que remeteu o MLSTP-PSD para a oposição.

Questionado sobre se a sua vitória poderia indiciar a queda a prazo do governo minoritário de Trovoada, Pinto da Costa respondeu que “esse problema é dos parlamentares”.

“Mas, se houver uma situação desse tipo, o Presidente da República deve tentar criar um entendimento e harmonia suficiente e deve velar para que os órgãos funcionem de maneira correta e prossigam o interesse do país”, defendeu.

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