A Língua Portuguesa na época do português arcaico

Evidentemente hoje em Portugal, como no Brasil e nos 6 países de “Língua Portuguesa”, quem fala o português atual ou moderno não tem idéia do que ocorreu durante séculos para chegarmos a esse momento.

Há 1000 anos antes de Cristo, começaram a surgir na Península Ibérica bandos de gente vindos da Europa Central, os “Celtas”, pois que, por essas bandas existiam pequenos grupos de povoações ou tribos, como os iberos, os lusitanos e outros, e com a técnica trazida pelos Celtas, que conheciam o ferro e até eram ourives, enturmaram-se com as populações locais e após um período surgiu a raça “Celtibera”, uma mistura dos Celtas com os iberos, lusitanos e outros. Evidentemente começou a haver uma alteração na língua desses povos, houve a junção de muitas delas e isso durou até a invasão das tropas romanas, já no terceiro século antes de Cristo, o que ocasionou uma mistura grande da antiga língua com o latim, trazido pelos romanos.

Na invasão romana, as tropas falavam o “latim”, as populações começaram a ser obrigadas a falar essa língua, embora houvesse muita mistura de palavras, daí começou a surgir algo normal quando há invasão ou colonização em outros povos, como no Brasil aconteceu, com o português moderno, o tupi e o guarani, surgindo a “Língua Geral”, que foi eliminada pelo Marquês de Pombal por volta do ano de 1725.

No período da dominação romana, praticamente as línguas antigas desapareceram e a nova língua começou a surgir, com essa mistura grande de línguas, mormente, depois que os lusitanos começaram a sobressair-se, com o declínio do império romano, surgindo então o “lusitano arcaico”.

O “lusitano arcaico” já era uma mistura fantástica das antigas línguas, do romano e das línguas desses povos, que habitaram a região da Península Ibérica até o ano 711 da nossa era, quando houve a invasão das tropas vindas da Mauritânia e do Marrocos, que atravessaram o estreito de Gibraltar e expulsaram o já fraco exército romano e acabaram ficando por 700 anos até 1452, quando foram expulsos de Portugal.

Com o linguajar dos “mouros” mais uma mistura linguística houve e aí surgiu então o “Português arcaico”, uma língua que a partir do ano 1500 da nossa era passou a compor-se como o “Português moderno”, por obra do maior mestre Luiz Vaz de Camões e outros eméritos literatos.

No Português arcaico, já muito parecido com o Português Moderno, podemos até citar uns versos a respeito, para se ter uma idéia: “Cantiga de Guarvaia, de Pai Soares de Taveirós”:

No Mundo non me sei parelha, mentre me for como me vai – Cá já moiro por vós – e ai mia senhor branca e vermelha – Queredes que vos retraia – Quando vos eu vi em saia”.Muitas palavras do português arcaico continuaram no português moderno e como no Brasil e em Portugal, surgem expressões de outros povos, consequentemente havendo uma assimilação de palavras, que acabam ficando no dia-a-dia da própria Língua Portuguesa, mas, esse fenômeno é perfeitamente aceitável.

Portanto, hoje após tantos séculos de aperfeiçoamento da Língua Portuguesa, com a graça de Deus, temos um conjunto de literatos, mestres da nossa Língua e das suas entidades-mór, que a cada 30 anos fazem reformas na ortografia, como aconteceu em 1913, 1943, 1973 e agora no começo do século 21, pelas grandes autoridades linguisticas de Lisboa e Rio de Janeiro, o que ocasionou a reforma ortográfica, para que os povos de Portugal, Brasil, e dos outros 6 países de Língua Portuguesa pudessem organizar melhor a escrita ortográfica entre esses maravilhosos povos, que já estão aproximando-se de 300 milhões de falantes da doce e linda Língua Portuguesa, para glória do nosso querido e eterno Portugal.

 

Adriano Augusto da Costa Filho
Membro da Casa do Poeta de São Paulo, Movimento Poético Nacional, Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores, Academia Virtual Poética do Brasil, Ordem Nacional dos Escritores do Brasil, Associação Paulista de Imprensa, Associação Portuguesa de Poetas/Lisboa e escreve quinzenalmente para o Jornal Mundo Lusíada.

4 Comments

  1. Boa tarde,

    Gostei bastante do texto, mas não posso evitar deixar duas notas, relativos ao 5º parágrafo;

    Nota 1)

    Os mouros, ou árabes, referidos no texto como “tropas vindas da Mauritânia e do Marrocos” foram expulsos definitivamente de Portugal em 1249, por El-rei D. Sancho II, aquando a conquista total do Algarve.

    A data de 1492, referida no texto, corresponde sim ao ano em que os Reis Católicos, de Aragão e Castela (moderna Espanha), expulsaram definitivamente os mouros de Granada (moderna Espanha) e, por conseguinte, da Península Ibérica.

    Nota 2):

    Os invasores mouros não expulsaram o exército Romano em 711, porque este já não existia na Península Ibérica desde antes do ano de 476, data definida como o fim do Império Romano no ocidente.
    Os árabes, quando chegaram à península em 711, “expulsaram” para Norte os Visigóticos, povos germânicos “bárbaros” que aí habitavam desde a invasão e saque das províncias Romanas da Hispânia, uns valentes anos antes.

    Ah, e a influência “moura” na língua portuguesa ainda hoje é muito visível, mas não esquecer que o Português arcaico pouco mais era do que uma variação da língua galega, falada no noroeste da península, onde os mouros nunca chegaram, e que ainda hoje é muito próxima do Português, e que é precisamente designada como a língua “galaico-portuguesa”.

    Obrigado e continuem por favor com o vosso trabalho, dá gosto ler!

  2. Gostei muito do texto, achei bastante descontraído e muito informativo, tudo que precisava para entender melhor o Português Arcaico para realizar um trabalho universitário.

  3. Texto rico e cheio de detalhes, a tempos não li um texto tão informativo.
    Estou mais interessada ultimamente em tudo o que se refere ao nosso povo e a nossa língua, estarei sem pre acompanhando os textos deste jornal.

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