Comunidade portuguesa no Rio “aprova” Consulado na Zona Sul

Por Ígor Lopes

Palácio São Clemente na Zona Sul do Rio será a casa da diplomacia lusa.
Palácio São Clemente na Zona Sul do Rio será a casa da diplomacia lusa.

A comunidade portuguesa carioca está de acordo com a mudança de endereço do consulado português na cidade. Após a repercussão da notícia da decisão do governo português em levar o consulado do Centro para a Zona Sul, veiculado pelo Mundo Lusíada no final de janeiro, fomos ouvir a opinião de líderes da comunidade portuguesa no Estado e de cidadãos que utilizam os serviços consulares. Os comentários são unânimes em apoiar a decisão do governo lusitano, porém, fica a dúvida quanto à praticidade e os custos dessa mudança.

Nuno Bello, cônsul-geral de Portugal no Rio, diz concordar com o caminho que o governo lusitano está seguindo em relação a esse tema. “O processo de decisão decorre em Lisboa e naturalmente que concordo com essa decisão. Trata-se de um assunto no qual tenho estado a trabalhar desde que cheguei ao Rio”, comenta o diplomata, que não adiantou mais detalhes do projeto.

Membro do Conselho das Comunidades Portuguesas, Ângelo Horto alega que a dificuldade de acesso ao consulado, por parte do público, e o custo de manutenção dessa unidade consular tornam a decisão do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal aceitável.

“A mudança das instalações é um sonho antigo que, graças ao Conselho das Comunidades Portuguesas e ao deputado Carlos Páscoa, depois de muita luta, conseguimos realizar. O prédio onde funciona hoje o Consulado, no Edifício Orly, é mal localizado e tem um condomínio astronômico. Trata-se de um prédio que para se ter acesso é preciso subir uma escada de dois lances, o que para os idosos é um martírio”, comenta Horto, que acredita que os serviços consulares estão melhorando. “O atendimento com hora marcada já é uma realidade”, completa.

Antônio Gomes da Costa, presidente da Federação das Associações Portuguesas e Luso-Brasileiras, diz concordar com a medida, principalmente pelo fato de que os custos de manutenção do atual imóvel no Centro são altos. Gomes da Costa sublinha que, no passado, o governo cometeu um erro ao mudar a sede dos serviços para esse local, onde se paga condomínio.

“Essa mudança não é de agora. Cogita-se há anos. O anterior cônsul já nos havia pedido para encontrar um imóvel apropriado, o que não caminhou por causa da crise”, comenta o responsável pela Federação, que afirma que o ideal mesmo era que o consulado encontrasse outro endereço no Centro, onde repartições como a portuguesa costumam ficar localizadas.

Gomes da Costa avalia ainda que a utilização do Palácio São Clemente é viável e diz que o que se previa era usar o subsolo do local para receber os serviços consulares.

Por seu turno, o deputado socialista Paulo Pisco, eleito pelo círculo da Europa, não faz oposição ao assunto e diz compreender a mudança do local do consulado, além de achar que essa é uma decisão “desejável”.

“Acho útil que haja uma concentração das estruturas diplomáticas e consulares de forma a serem racionalizados os custos. O local de funcionamento do consulado no Rio era muito inadequado. Não tem sentido nenhum um consulado funcionar num 19º andar de um prédio porque não é nada funcional e, nesse caso particular, inapropriado para pessoas com mobilidade reduzida, uma vez que ainda tinham de subir um andar por escadas. A localização do Palácio de São Clemente também não é a mais adequada, porque não é central. Mas, apesar de tudo, julgo que, mesmo assim, apresenta algumas vantagens”, sublinha Pisco.

Comunidade aguarda “dias melhores”

Marinho Nunes, ex-presidente da Casa de Viseu carioca, também aprova a mudança. “Nosso atual consulado, apesar de sua excelente localização, não atende as necessidades de uma comunidade cada vez mais idosa. E obriga a quem necessita de ir até lá ter que subir um lance de escadas para ser atendido. Além do mais, segundo consta, os custos de manutenção do mesmo são altíssimos, a começar pelo condomínio. Então já há algum tempo se cogita essa mudança. Concordo com isso”, afirma Nunes, que, no entanto, adverte que alguns fatores devem ser levados em conta, como a real intenção em se oferecer mais conforto e praticidade aos utentes, já que o novo local fica distante do metrô e incide em utilizar mais do que uma linha de ônibus, se haverá possibilidade de se utilizar o estacionamento dentro do Palácio e se os custos de adaptação do imóvel compensarão o investimento?

Na opinião de Vitor Cardoso, folclorista da Casa do Minho do Rio, levar os serviços consulares da região central da cidade para a Zona Sul “talvez não seja um boa ideia”. Por outro lado, comenta Vitor, “julgando pelo tamanho da área do próprio Palácio, poderia ser também um aproveitamento do espaço e utilização da área”.

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