Exposição em Coimbra reúne 20 artistas em diálogo com legado de Camões

Da Redação
Com Lusa

A exposição ‘Refrações Camonianas’ vai ser inaugurada em Coimbra, na terça-feira, com a participação de 20 artistas plásticos cujas obras traduzem um diálogo com a herança cultural de Luís de Camões.

A curadora da exposição, Maria Bochicchio, salienta que a dimensão de Camões, “como mito vivo da cultura lusíada e autor cimeiro do cânone nacional”, justifica esta “singular convocação” à criatividade de “um grupo altamente representativo de artistas plásticos para, na diversidade de orientações com que se têm distinguido os seus trajetos, manifestarem em obra original facetas do seu diálogo com o legado camoniano”.

“Portugal é um dos raros países do mundo onde o dia nacional é também o dia da língua”, afirmou Maria Bochicchio, do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos (CIEC) da Universidade de Coimbra, para vincar a importância da obra e da figura de Camões, que viveu no século XVI e terá morrido em 1580.

A iniciativa ‘Refrações Camonianas em artistas do século XXI – Ut Poesis Pictura’ foi pensada para “fazer dialogar alguns dos artistas mais representativos de vários gêneros da arte portuguesa contemporânea” com o imaginário camoniano.

A exposição inclui trabalhos, maioritariamente produzidos em resposta ao desafio lançado pela organização, dos seguintes artistas: Albuquerque Mendes, António Olaio, Arlindo Silva, Cabrita, Francisco Laranjo, Fernando Marques de Oliveira, Graça Morais, José Maçãs de Carvalho, Sobral Centeno, José Rodrigues, Júlio Pomar, Levi Guerra, Lu Lessa Ventarola, Manuel Casimiro, Nikias Skapinakis, Pedro Calapez, Pedro Pousada, Pedro Proença, Rui Sanches e Zulmiro de Carvalho.

Nas peças expostas, no Museu Nacional de Machado de Castro (MNMC), os criadores expressam “a relação de Camões com os dias de hoje”, através de “um discurso entre passado e presente” com contributos diversos, segundo a curadora.

“A consideração dos nexos que a nossa contemporaneidade artística estabelece com as grandes figuras da tradição cultural [de âmbito nacional ou universal, como Shakespeare, Goethe, Dante, Cervantes e Camões] constitui questão nuclear na compreensão atual da criação estética”, segundo a italiana Maria Bochicchio.

Nos espaços do MNMC, os visitantes poderão apreciar uma exposição “em que se cruzam vários gêneros” de arte contemporânea, que foi programada para funcionar “como se fosse uma oficina”, explicou a investigadora principal do CIEC.

“A obra de Camões dá origem a outras obras de arte”, disse, por seu turno, à Lusa o coordenador científico do CIEC, José Carlos Seabra Pereira.

Para o professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, trata-se de “uma exposição única de alto valor” cultural, que reúne “nomes grandes de gerações diferentes” da arte contemporânea.

O facto de as participações em “Refrações Camonianas” serem todas sem custos para a organização “dá um significado ainda mais forte à exposição”, sublinhou Seabra Pereira.

Dos artistas representados, três já não são vivos: Júlio Pomar, Nikias Skapinakis e José Rodrigues.

A exposição, que resulta de uma parceria do Museu de Machado de Castro com o CIEC e a Câmara de Coimbra, pode ser visitada até 28 de março 2021, de terça-feira a domingo, das 10h00 às 17h30.

Para a sessão de abertura, na terça-feira, às 15h00, está anunciada a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e da ministra da Cultura, Graça Fonseca.

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