Marejada resgata sua vocação e prioriza atrações regionais

Por Lucélia Fernandes
De Santa Catarina, para Mundo Lusíada

A cidade de Itajaí no Estado de Santa Catarina, embora colonizada por várias etnias, tem em suas raízes açorianas sua maior expressividade. A influência da cultura portuguesa é notada nos mais diversos aspectos arquitetônicos, culturais e linguísticos da região. Os habitantes locais têm muito orgulho de sua herança cultural e não abrem mão, neste mês de Outubro – quando alemães, italianos e japoneses promovem as suas festas em todo o Estado – de também festejar Portugal, promovendo a Marejada – Maior Festa Portuguesa no Brasil, em edição comemorativa pelos seus 25 anos.
Realizada no amplo Centreventos, a decoração traz em destaque o verde e vermelho da bandeira portuguesa e as atrações, cujo intuito é preservar as características do evento para além das cores e dos nomes dos quiosques – “Bar Lisboa”, “Bar Barcelos” e “Bar Coimbra”, privilegiou e ratificou a vocação pelas expressões culturais essencialmente lusitanas nas suas variadas formas, além de artistas regionais em diversos estilos musicais – do pop, rock, a música de raiz com influência africana.
Os dez bonecos gigantones que desfilam pelas ruas da cidade, embora remetam a Olinda no Nordeste brasileiro, são raízes trazidas do Minho, Norte de Portugal. Raízes também relembradas através da exposição de fotos com imagens dos Açores, da autoria de Joi Cletison do Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) da Universidade Federal de Santa Catarina. Já o “Memorial 25 Anos” apresenta a história das edições anteriores da festa, resgatando todos aqueles que, ao longo dos anos, colaboraram para que a Marejada seja hoje uma referência no calendário turístico brasileiro como um evento que busca preservar suas origens: a cultura portuguesa.
Trata-se do maior acontecimento turístico-cultural de Itajaí e como tal serve como instrumento de divulgação do município e impulsiona os potenciais turísticos e econômicos da cidade.
Criada em 1987, em sua primeira edição a Marejada teve cinco dias de duração; em 1989 ampliou a programação para 10 dias e desde 1991 passou a ter 17 dias. Em 2011, de 7 a 23 de outubro, o público proveniente de várias cidades catarinenses e de outras regiões do Brasil e do exterior visita a Marejada para prestigiar a rica gastronomia portuguesa, o artesanato típico e cerca de 350 atrações artísticas e folclóricas.
Entidades filantrópicas são as responsáveis por servir os deliciosos pratos com base no pescado e em frutos do mar, cumprindo assim a Marejada a sua função de solidariedade, já que todo o lucro proveniente é destinado a essas mesmas entidades.

Artistas
Os quatro palcos, “Vila dos Sabores”, “Casa do Bacalhau”, “Vila Musical da Beira” e “Sardinha na Brasa”, onde já se apresentaram atrações de projeção nacional, neste ano recebem artistas regionais e alguns convidados, como o “Grupo Folclórico Vasco da Gama” e o grupo “Filhos da Tradição”, os fadistas Sebastião Manoel e Ciça Marinho acompanhados por seus músicos e o guitarrista Alexandre Matis, que se apresenta com a fadista local Célia Pedro.
“Fizemos uma pesquisa e optamos pela não realização de shows nacionais por três razões: baixa aprovação, muitas reclamações pelos preços desses shows, já que não era possível comprar ingresso separadamente e o perfil do público, que é por tradição, familiar. Nosso foco é a gastronomia, as apresentações folclóricas e os grupos musicais locais com alguns convidados. Por que mais shows nacionais em Itajaí, se esses recursos públicos podem ser usados para amplificar a voz dos músicos e bandas locais e regionais que o ano inteiro trabalham e investem aqui?”, explica Valdete Orci, Secretária de Turismo.
O grupo “Pauliteiros de Malhadas de Miranda do Douro”, Portugal, que seria uma das grandes atrações da Marejada, na última hora cancelou a sua vinda devido a problemas de patrocínio com a empresa GALP, o que ocasionou alguns problemas à organização da festa, obrigando um remanejamento na programação. O presidente da Câmara de Miranda do Douro, Artur Manuel Rodrigues Nunes, em ofício dirigido ao seu homólogo, o prefeito da cidade de Itajaí, Jandir Bellini, apresentou as desculpas em nome do grupo.
Uma dupla de instrumentistas japoneses, Kiyoshi e Isako Inoue, vinda especialmente para uma única apresentação na Marejada, encantou a platéia tocando Shaku-hachi (uma espécie de pífaro) e Koto (harpa japonesa). Provenientes de Sodegaura, cidade japonesa que há 33 anos é cidade-irmã de Itajaí, situada na província de Shiba, Japão. Uma segunda apresentação da dupla aconteceu no Teatro Municipal da cidade, com entrada ao custo de um quilo de alimento não perecível em benefício do Hospital do Câncer Infantil Pequeno Anjo de Itajaí.
Ao lado da família Marejão – os mascotes da festa – a Rainha da Marejada 2011, Thamiris Camargo (19), acompanhada pelas Princesas, Juliana Fagundes (23) e Fernanda Moraes (20), são as responsáveis pela divulgação da festa em eventos e junto a mídia, que este ano contou com equipes das Redes Globo, Record e Band, além da imprensa escrita local e nacional.
Equipes da Vigilância Sanitária garantem a qualidade dos pratos servidos, o organizado serviço de limpeza confere ao local – com intensa circulação de pessoas – um aspecto sempre limpo. Ambulatórios para primeiros socorros com equipe médica e uma Delegacia Móvel da Polícia Civil com 70 agentes cuida da segurança da Marejada.

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