Português é das línguas mais influentes do mundo e países podem promover ensino nas diásporas

Mundo Lusíada
Com agencias

Fórum Futuro da Língua Portuguesa, 29 outubro 2013 em Lisboa.
Fórum Futuro da Língua Portuguesa, 29 outubro 2013 em Lisboa.

Organizada pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, pela CPLP e pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa, em cooperação com quatro universidades portuguesas, a II Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial decorre de 29 a 31 na Universidade de Lisboa.

“A Língua Portuguesa é hoje uma das mais influentes do mundo, com tendência para reforçar a sua posição na sociedade de conhecimento, enquanto idioma de ciência e de cultura. E com tendência também para o crescimento dos seus falantes, tanto os nacionais como os das suas diásporas, bem como estrangeiros”,  afirmou o Ministro português dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, na sessão de abertura da 2ª conferência sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, em Lisboa.

O Ministro assinalou que “no mundo de hoje, recheado de desafios inimagináveis há apenas duas décadas – na sua maioria resultantes das Tecnologias de Informação – a Língua Portuguesa surpreende-nos positivamente nos mais diversos cenários, conquistando prestígio à escala universal e crescendo a um ritmo notável: o interesse pelo idioma aumenta a um ritmo que ultrapassa o crescimento demográfico médio anual da CPLP, que é de cerca de 1%, relevando portanto que falantes de outros idiomas se interessam e aprendem a nossa língua”.

Entre os países que estão aprendendo a Língua Portuguesa fora da Europa, cita África Austral, América do Sul, Rússia e China países onde o interesse tem sido cada vez maior pelo estudo. Citou ainda que a língua portuguesa é a 6ª mais falada do mundo; a 3ª língua europeia de expressão global; o 1º idioma do hemisfério sul; os 250 milhões de falantes representam cerca de 3,7% da população mundial; os 8 países membros da CPLP representam 4,3% do PIB mundial e são responsáveis por 2% do comércio internacional.

“Decorridos 17 anos desde a criação da CPLP, percebemos já que as linhas que logramos traçar e que as ações que concretizamos têm um impacto real junto dos cidadãos, na sua vida quotidiana, nas diásporas, nos media, nas organizações internacionais, nas universidades”, concluiu o português.

Ensino na Diáspora
Também a presidente do instituto Camões defendeu que os países de língua portuguesa devem articular-se para oferecer o ensino de português nas diásporas, porque Portugal não tem capacidade para fazer todo o esforço sozinho. “Felizmente há países da CPLP que estão a crescer. Se calhar não tem de ser Portugal, que não tem essa capacidade, a fazer os esforços sozinho”, disse Ana Paula Laborinho, em entrevista à Lusa. A responsável do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua recordou que todos os países de língua oficial portuguesa têm grandes diásporas, e devem colaborar na oferta de cursos de português fora dos seus territórios.

Laborinho, que preside também à comissão organizadora da conferência, exemplificou que já atualmente, em muitos dos cursos de português no estrangeiro geridos pelo Estado português, “existem outras nacionalidades para além das que têm uma relação mais direta com Portugal”.

“Se pusermos os nossos meios todos em conjunto, se calhar conseguimos chegar a muito mais público”, acrescentou a presidente do Camões, garantindo que Portugal “continuará a fazer esforços” e o ensino do português na diáspora “continuará a ser uma aposta” para o Estado português.

Esta proposta que já tinha sido referida na I Conferência Internacional sobre a Língua Portuguesa, em 2010 em Brasília. “Hoje vivemos num mundo em que circulamos muito e acaba por ser um conforto circular num mundo em que se pode falar português”, disse a responsável, recordando que “não é por acaso que muita da diáspora”, sobretudo a mais recente, tem escolhido emigrar para países de língua portuguesa, como o Brasil e Angola.

Além disso, com o crescimento econômico dos países de língua portuguesa, o português começa também a ser uma língua de negócios, acrescentou Ana Paula Laborinho.

Circulação de Professores
O secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Murade Murargy, propôs a criação de um programa para promover a mobilidade de estudantes, professores e investigadores entre os Estados-membros, salientando a “importância da circulação do conhecimento acadêmico e científico”. “Os desafios são gigantescos. Para a concretização do objetivo estratégico de construir um espaço de ensino superior para a CPLP são chamadas as universidades dos Estados-membros”, sustentou.

O trabalho passa por promover a cooperação na avaliação da qualidade do ensino superior e na identificação de critérios e metodologias comparáveis, procurar a harmonização e concertação do desenvolvimento curricular, e realizar programas conjuntos de formação graduada e pós-graduada e de investigação.

Na sua intervenção, Murargy apelou ainda ao aprofundamento das relações econômicas e empresariais entre os países da CPLP. “Atualmente, as dimensões geopolítica e geoeconômica conferem à língua portuguesa um potencial cada vez maior no plano da correlação com outras línguas dominantes, por força dos indicadores de crescimento econômico de alguns Estados-membros e pela forte atuação da concertação política e diplomática da CPLP no sistema internacional”, defendeu.

Também na abertura, o presidente da comissão científica da conferência, Ivo José de Castro, lembrou o uso da língua na diáspora, nomeadamente entre as novas gerações, que devem preservar “a memória ativa da língua e da cultura de que são descendentes”, e de estrangeiros, que procuram aprender português para “ler Camões e Pessoa, mas também para fazerem negócios”.

Acordo Ortográfico
A presidente do instituto Camões defendeu ainda que o Acordo Ortográfico, que ainda motiva polêmica, será aplicado em Portugal e Brasil em 2015 e acabará por entrar em vigor nos restantes países lusófonos. “Não é uma confiança de fé, é uma confiança alicerçada no trabalho que tenho visto fazer pelo IILP [Instituto Internacional de Língua Portuguesa] com todos os países”, disse Ana Paula Laborinho.

O Acordo Ortográfico (AO) começou a ser negociado em 1975 e foi assinado em 1990 pelos oito países de língua oficial portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Ratificado por todos, exceto Angola e Moçambique, entrou em vigor em 2009 em Portugal e no Brasil, mas previa um período de adaptação, durante o qual seriam aceites as duas grafias. Após prolongado o prazo inicialmente previsto, de três anos, esse período terminará no próximo ano em Portugal (maio) e no Brasil (dezembro).

No espaço público, continuam a proliferar opiniões críticas ao AO e são várias as petições contra a sua adoção que circulam na internet. Questionada sobre declarações recentes da senadora brasileira Ana Amélia Lemos, na origem do prolongamento do prazo da aplicação do AO no Brasil e que sugere que a validade do acordo seja repensada, Laborinho respondeu: “Há sempre um senador que não concordará, também temos muitos que não concordam (…), mas já não é uma matéria de opinião, é uma matéria de legislação”.

Quando esteve em Portugal, em junho, a Presidente brasileira, Dilma Rousseff, sublinhou tratar-se apenas de um prolongamento, tendo em conta que uma generalização do acordo num país com a dimensão do Brasil demora tempo, reiterando que a aplicação estará concluída até dezembro de 2015.

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