Seminário de turismo étnico-afro defende preservação da cultura na Bahia

“Precisamos preservar a identidade, os espaços construídos pelos nossos descendentes africanos e o Turismo Étnico é o principal meio que nós temos para mostrar essa riqueza ao mundo”.

Da Redação

Representantes de grupos culturais, guias de turismo, estudantes, artistas, comunidades quilombolas e membros do movimento afrodescendente, estiveram reunidos em 18 de agosto, durante o segundo e último dia do ciclo de encontros do Seminário Regional do Turismo Étnico-Afro. O evento, realizado pela Secretaria de Turismo da Bahia, foi realizado no Anfiteatro da Faculdade de Medicina, no Terreiro de Jesus, Centro Histórico.

No início da manhã, o historiador Ubiratan Castro, diretor geral da Fundação Pedro Calmon, falou sobre Identidades e Turismo Étnico. A importância da preservação da memória africana foi o principal ponto de discussão. “A Bahia é um destino onde a África está preservada. A comunidade negra que perdeu a sua identidade e que busca reconstruí-la, pode conseguir isto através do estudo ou de uma forma mais afetiva, permitida com o turismo. Ele vem para a Bahia atrás da tradição e consegue, pois aqui na Bahia ela está preservada”, explicou o professor.

Castro falou ainda sobre a importância da Bahia se manter como um destino de Turismo Étnico-afro. “Precisamos preservar a identidade, os espaços construídos pelos nossos descendentes africanos e o Turismo Étnico é o principal meio que nós temos para mostrar essa riqueza ao mundo”.

A argentina Cristina Fazzito, 29, está visitando a Bahia pela segunda vez e no ano passado participou do Seminário Nacional de Turismo Étnico-afro, realizado no mês de agosto. “Quando soube que teria um novo encontro este ano, resolvi participar. Sou capoeirista e lá fora os professores nos estimulam a conhecer e respeitar a cultura africana. Quando conhecemos a Bahia, passamos a enxergar tudo com outros olhos, com muito mais respeito”, contou.

Durante a tarde, Gabriel Salgado, representante do Banco do Nordeste, falou sobre oportunidades para participação em editais de cultura e acesso à linha de financiamento do credi-amigo, com oportunidades para quem quer ser um empreendedor do turismo étnico-afro na Bahia.

Experiências exitosas na área de produção associada ao turismo serão apresentadas. Uma das que ganham maior destaque é a cooperativa Kitaanda Bantu, que reúne 43 terreiros de candomblé para a fabricação de artesanato e artigos de consumo dos terreiros de candomblé.

Os dois dias do encontro em Salvador reuniram cerca de 250 pessoas, que assistiram a palestras de intelectuais, professores e artistas ligados ao movimento afrodescedente como o diretor executivo da Revista Raça Brasil, o jornalista Maurício Pestana, o músico Mateus Aleluia, o artista plástico Alberto Pita e o doutor em História Social e PHD em História da Cultura Negra, Jaime Sodré.

Desdobramento – O evento marcou o encerramento de uma série de encontros que ocorreram nos meses de julho em agosto nos municípios de Cachoeira, Santo Amaro, Maragojipe e São Francisco do Conde, com o objetivo de conscientizar os atores do turismo étnico-afro da Bahia quanto à importância da inclusão na cadeia produtiva do turismo.

Depois dos seminários, já em outubro, a Setur vai capacitar 1,2 mil pequenos empresários e profissionais com cursos como o de empreendedorismo, garçom, camareira e cozinheira, entre outros. Cada curso terá carga horária de 200 horas e contará também com conteúdos voltados aos costumes herdados da África. As turmas serão divididas entre os cinco municípios que fazem parte do núcleo prioritário do turismo étnico-afro da Bahia.

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