Programa “Portugal Inova” debate em São Paulo a reabertura do setor do turismo

Por Odair Sene
Mundo Lusíada

Em 25 de novembro, o Consulado Geral de Portugal em São Paulo recebeu convidados para o programa “Portugal Inova”, com painéis e especialistas para debater o setor do turismo, especialmente pela expectativa da reabertura do mercado e os meios de comunicação em Portugal e no Brasil.

O Portugal Inova teve a mediação do Francisco Saião Costa, diretor da Aicep, que comandou os temas debatidos pela Mariana Aldrigui, que é presidente do Conselho de Turismo da Fecomercio; e pelo Bernardo Cardoso, que é o diretor do Turismo de Portugal.

O conteúdo será exibido entre 6 a 10 de dezembro em todas as plataformas da Aicep, também do Turismo de Portugal, da Embaixada e nos Consulados no Brasil. Também poderá ser visto pelo site do programa: portugalinova.com e também vai ficar disponível no YouTube (canal “portugalinova”), para quem quiser assistir a partir de 6 a 10 de dezembro.

Bernardo Cardoso, diretor do Turismo de Portugal, foi um dos coordenadores e um dos debatedores do evento. Há 5 anos à frente do Turismo de Portugal no Brasil, Bernardo falou que o objetivo do evento é discutir o futuro do turismo e o caminho pós pandemia.

“Foi um dos setores mais atingidos, mas também acredito que seja dos segmentos que mais vai crescer nos próximos anos. Portugal tem estado a trabalhar muito para receber as pessoas, reativar o turismo. As medidas que temos implementado ao longo dos últimos meses tem ido nesse sentido. Acreditamos que vamos ter boas notícias”, diz ele citando que a pandemia não acabou, e defendeu ser necessário “bons comportamentos e atitudes”, além de ampla vacinação, para que a pandemia possa ficar para trás.

No momento em que o continente europeu redobra cuidados pela nova variante do vírus, o diretor lembrou que na época de inverno, “as pessoas tem tendência a ficarem mais fechadas”, mas leva-se em conta que Portugal foi o primeiro país do mundo a ter vacina completa na população. “Isso demonstra bem que, apesar de haver um aumento, as coisas estão contidas. Houve algumas medidas importantes, mas nós não paramos” disse citando, por exemplo, os testes exigidos na entrada do país e uso de máscaras em todos os lugares.

Turismo de Portugal – Bernardo Cardoso

Bernardo Cardoso costuma dizer que “provavelmente 90% dos brasileiros tem descendência portuguesa”, quando questionado sobre o público alvo do Turismo de Portugal no país, ele diz que: “basta olhar o sobrenome, ao lado de pai e ao lado da mãe” brincou.

Segundo o diretor do Turismo de Portugal, o brasileiro “está redescobrindo suas origens, redescobrindo Portugal, e usando Portugal – como sempre foi nosso desejo – como porta de entrada na Europa”.

“Portugal tem três coisas que o brasileiro gosta muito: autêntico, genuíno e diversificado. Tudo isso faz com que o brasileiro tenha uma experiência inesquecível e queira voltar. Isso que tem sido ao longo dos últimos anos. Nós aumentamos de 365 mil turistas no final de 2015 para mais de um milhão e 300 mil no final de 2019, isso demonstra bem o quanto o brasileiro está nos procurando, não só pela língua, não só pela gastronomia, não só pela cultura, mas pelo o que disse, o português ama receber as pessoas que nos visitam, e hoje num mundo de experiência, é fundamental sentir-se em casa, é isso que pretendemos e desejamos ainda mais brasileiros em Portugal”.
Lisboa, Porto e Algarve estão sempre na mente dos turistas que falam de turismo em Portugal, para Bernardo Cardoso, a “conectividade é também fundamental”, por isso é tendência as pessoas visitarem os locais e cidades em que desembarcam. “Nós temos dois aeroportos internacionais, vindos direto do Brasil temos Porto e Lisboa, e obrigatoriamente as duas cidades dividem essa conectividade e são as que mais recebem. Mas hoje, o brasileiro vai por todo território português” refere ele.

“O brasileiro está redescobrindo os Açores, que é provavelmente o local mais incrível que você pode visitar, são mais de 1800 vulcões, eu costumo dizer que é um paraíso e a gente não é muito credível para falar do seu próprio país, mas claramente é hoje uma das regiões a visitar, Açores, Madeira, Algarve, Alentejo, Centro de Portugal, que são regiões que vale a pena desfrutar”.

O diretor do Turismo de Portugal ainda atualizou os números da TAP, informando que a companhia que mais transporta do Brasil para Portugal e vice-versa, atualmente oferece 52 voos a partir do Brasil. “A TAP sofreu como todas as outras companhias, como a companhia que estava mais forte aqui é aquela que sofreu um pouco mais. Acho que a nova presidência da TAP tem feito um ótimo trabalho, começa a ver uma retoma, os voos estão cheios, e agora é esperar que essa pandemia nos permita manter a vontade de viajar, o brasileiro está com ela”, disse defendendo manter todos os cuidados sanitários.

Fecomercio apoiando e participando do evento

Mariana Aldrigui, presidente do Conselho do Turismo da Fecomercio, esteve presente no evento para falar sobre a parceria, em especial com o Turismo de Portugal, para troca de informações e inteligência.

Ao Mundo Lusíada, ela comentou dizendo que Portugal se destacou “na gestão da pandemia e na promoção internacional do turismo”, e pode colaborar com os empresários de turismo no Brasil, dando ideias e indicando como se poderia trabalhar de forma mais inovadora.

“Portugal tem uma gestão de turismo hoje aplaudida internacionalmente por todos os grandes players do mercado. A grande questão está numa lógica de integrar poder público, iniciativa privada, pesquisas das universidades e comunicar isso bem”, citou Mariana.

Segundo ela o Brasil “tem bons números em turismo” mas está distante da sua capacidade. “A gente recebe ainda menos de 6 milhões de turistas estrangeiros, como o próprio Bernardo diz, isso é menos que a Ilha da Madeira em volume de visitantes. Então não só tem espaço para crescer, como falhas para serem corrigidas”, apontou ela citando infraestrutura, segurança, idioma, comunicação adequada para um público alvo, etc.

“É um aprendizado e uma troca bastante rica, que tem sido feito entre a Fecomercio e o Turismo de Portugal, e a Embaixada de Portugal como um todo. O que tem sido muito bom é nos inspirarmos com os modelos e casos bem sucedidos que vem de lá”, disse.

Sobre o sistema “fatiado” usado nas diferentes regiões dentro de Portugal, como Turismo Norte ou Turismo Centro por exemplo, Mariana citou a diversidade para justificar o fatiamento. “Para nós chamou bastante atenção, primeiro porque, para nós o tamanho de Portugal caberia uma divulgação única. Mas é justamente no reconhecer essas diferenças [entre as regiões], e aí a gente fala de gastronomia, dos vinhos diferentes, da cultura diferente. E o que ficou claro durante a pandemia, Portugal convidando o próprio português para conhecer o seu país, isso pulou o muro, a campanha chegou forte para o Brasil, pelos laços de idioma, porque temos muitos familiares e amigos morando lá, e muitos brasileiros passaram a ter também o desejo de conhecer esse Portugal não tão obvio Lisboa e Porto”.

A singularidade linguística, uma culinária que atrai e raízes comuns justificam esse interesse do brasileiro, defende a profissional, além da grande procura brasileira por morar e estudar no país. “Quem sabe a gente consiga em breve também se posicionar como um lugar que os portugueses queiram passar um tempo, quem sabe ficar uns seis meses pelo Brasil, viver a nossa cultura. Então temos um caminho de possíveis parcerias não só no turismo, mas começando pelo turismo”, diz.

Nestes encontros, a Fecomercio aborda o Brasil principalmente com relação a questões econômicas, efeitos das medidas econômicas no preço do turismo, como o brasileiro se comporta com relação a flutuação do câmbio e o que se reverte em redução na demanda ou como essa alteração de demanda tem acontecido, também o consumo do brasileiro por produtos de luxo e os gastos na Europa, além de informações de viagens durante a pandemia.

“O Conselho de Turismo já há quatro anos tem reunido empresários brasileiros comprometidos em trazer inovação e discussões de qualidade para o turismo. É um processo lento, claro que a pandemia atrasa a inovação no turismo brasileiro, mas temos muita expectativa que os números do final deste ano até o carnaval sejam muito positivos”.

Da AICEP – Francisco Saião Costa

Por fim o Mundo Lusíada conversou com o diretor da Aicep, Francisco Saião Costa, que foi o mediador do debate com os painéis com foco no turismo, promovido no Consulado para exibição neste início de dezembro.

O diretor da Aicep – bastante interado no tema turismo – disse ter interesse no assunto de turismo, apesar de a Aicep cuidar de vários assuntos empresariais, de vários temas empresariais distintos deste tema.
“Apesar de ter aqui um departamento de direção do Turismo de Portugal com seu diretor Bernardo Cardoso, há um trabalho estreito com a Aicep que foca mais a parte comercial, comércio e investimentos e das trocas comerciais bilaterais entre Portugal e Brasil, o turismo é uma área fundamental para que haja uma relação forte positiva para Portugal, porque vendemos todos os serviços relacionados com hotelaria e restauração, com todo o comércio do setor de turismo”, disse.

São milhares de brasileiros que visitam Portugal todos os anos. Francisco disse que, “apesar da pandemia” muitos continuaram a ir e conseguiram ir inclusive dentro de um quadro de restrições, “agora quando muitas dessas restrições caíram, o aumento foi substancial e portanto seria uma área para nós muito importante e dentro do programa ‘Portugal Inova’ achamos que era fundamental abordá-la para mostrar o que temos de inovador e o que estamos fazendo no Turismo.

Francisco Saião também referiu que a questão da setorização do Turismo de Portugal é necessário pelas diferentes características assim como disse o Bernardo, “por exemplo no centro de Portugal há um turismo mais religioso por conta de Fátima, no Algarve já é um turismo mais de praia e no Alentejo é mais relacionado com o vinho, com a gastronomia, então a setorização faz sentido por que trata de acordo com as características de cada região”.

Já no Brasil, segundo o diretor é uma política que também traria seus frutos porque cada estado traz o seu perfil diferente como a Mariana Aldrigui lembrou quando disse que São Paulo era um turismo de negócios, no Rio de Janeiro era turismo de lazer, na Bahia também, então essa setorização como acontece em Portugal, só traria no caso do Brasil, resultados positivos.

Sobre a iniciativa do programa “Portugal Inova”, ele disse que “é muito bacana” e só traz resultados positivos. Francisco lembrou que o programa não foi realizado no ano passado (2020) porque não havia condições de segurança em virtude da pandemia, “já este ano nós fizemos aqui algumas coisas online e conseguimos trazer algumas pessoas especialistas das diferentes áreas para assistir presencialmente, sem dúvida nenhuma é uma iniciativa de valor acrescentado, valor agregado para nós que está mostrando Portugal, mostrando o Portugal inovador que se faz, e é muito, muito interessante”.

O evento está em todas as plataformas da Aicep, do Turismo de Portugal, da Embaixada e nas plataformas dos Consulados no Brasil. Também no site www.portugalinova.com é possível acompanhar o programa entre 6 a 10 de dezembro, e no canal do Portugal Inova no Youtube.

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