Procura turística no Algarve aumentou mas longe de ser satisfatória

Da redação com Lusa

As reservas de turistas britânicos para os hotéis do Algarve registraram um aumento “acima do esperado”, mas os números estão longe de ser “satisfatórios” para a região, segundo o presidente da maior associação regional do setor.

“Há uma procura muito positiva do mercado britânico pelo Algarve, até acima do esperado, mas não podemos entrar no exagero pelo facto de existir uma ou outra unidade hoteleira com níveis de ocupação elevados”, disse à Lusa o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA).

Segundo o dirigente, “a dimensão da subida ainda não é conhecida e requer uma análise cautelosa”, pois há “muitas unidades e empreendimentos ainda encerrados no Algarve e que só reabrem em junho”, pelo que só no final deste mês será possível saber “o impacto real da procura nas unidades que estão a funcionar”.

Segundo Elidérico Viegas, a procura turística “cresceu gradual e progressivamente, assim que se soube que Portugal iria integrar a ‘lista verde’ de destinos seguros que isenta os cidadãos de fazerem quarentena no regresso ao Reino Unido, o que aconteceu a partir de 17 de maio.

No entanto, para o dirigente da AHETA, os números “muito satisfatórios de que se tem falado nos últimos dias correspondem a uma ou outra unidade e não à média do Algarve”, criando até “alguma desilusão nos empresários que não se reveem nesses resultados”.

“Há toda uma máquina que está parada há ano e meio e que necessita de ser readaptada, porque não basta por a trabalhar para entrar em velocidade de cruzeiro. É um processo gradual e que demorará algum tempo para que funcione em pleno”, lembrou aquele responsável.

O pleno funcionamento das unidades hoteleiras está também, segundo o dirigente, “dependente da estabilidade dos mercados emissores de turistas, principalmente do britânico e do mercado nacional que podem ser afetados por um eventual retrocesso causado pela pandemia” de covid-19.

“Caso se mantenham estes fatores, permite perspetivar que este verão será bastante melhor do que o do ano passado e esperar que em setembro, com o início da época alta do golfe, possamos ter já uma procura perto da normalidade”, referiu.

Cumprindo-se essa perspectiva de crescimento, será possível à região preparar-se para, em 2022, ter “um ano de alguma recuperação” e, a partir de 2023, ter expectativas “de um regresso à quase normalidade”, apontou.

Para Elidérico Viegas, para manter a recuperação turística “é preciso também criar condições que garantam que a pandemia não se vai agravar, nomeadamente com a vacinação a toda a população” do Algarve.

“A vacinação em massa da população algarvia será a melhor forma de garantir a segurança às pessoas que pretendem escolher o Algarve como destino. E não basta falar, é preciso passar das palavras aos atos e avançar com medidas essenciais para a segurança de todos e para reativar a economia”, concluiu.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.465.398 mortos no mundo, resultantes de mais de 166,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 17.018 pessoas dos 845.465 casos de infecção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

Retomada

Para a agência de notação financeira Moody’s, as economias dependentes do turismo terão de esperar mais dois anos até o setor recuperar para os níveis anteriores à pandemia, ao contrário dos países dependentes do petróleo.

“O turismo só vai recuperar daqui a dois anos, pelo que as economias dependentes deste setor vão continuar a ser pressionadas durante os próximos dois anos”, disse um dos responsáveis do departamento de análise do ‘rating’ na Moody’s, David Staples.

Falando num seminário sobre a recuperação econômica dos mercados emergentes, o analista vincou que, ao contrário do turismo, a subida do preço do petróleo vai animar as economias dependentes desta matéria-prima, mostrando assim que os lusófonos Cabo Verde, por um lado, e Angola, Brasil e Guiné Equatorial, por outro, poderão ter uma evolução econômica diferente nos próximos trimestres.

Apesar de alguns sinais de melhorias, os indicadores de pressão sobre os níveis de crédito continuam elevados nos mercados emergentes e nas empresas que operam nessas mercados, consideraram os analistas que falaram no seminário da Moody’s.

“Em 2020, o PIB real dos países emergentes que fazem parte do G20, excluindo a China e a Turquia, caiu quase 6%, em média”, salientou o diretor executivo da Moody’s Atsi Sheth, vincando que “a produção econômica dos mercados emergentes está a recuperar este ano, mas para muitos mercados emergentes, será preciso esperar até 2022 para chegar aos níveis anteriores à pandemia”.

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