Presidente executivo da ANA reconhece problemas “graves” nos aeroportos portugueses

Da Redação com Lusa

O presidente executivo da ANA reconheceu nesta quarta-feira a existência de problemas “graves” nos aeroportos e sublinhou que a gestora das infraestruturas está a trabalhar com os parceiros para melhorar o serviço, o que está já a produzir resultados “muito tangíveis”.

“É verdade, durante as últimas semanas tivemos problemas, alguns deles graves, com alguns subsistemas, um deles o controlo de fronteiras, que não é diretamente controlado pela ANA, mas trabalhamos com os nossos parceiros de forma ativa para propor ideias e tentar melhorar o serviço”, reconheceu Thierry Ligonnière, que está a ser ouvido na Assembleia da República, por requerimento do PSD, para esclarecimentos sobre os problemas nos aeroportos de Lisboa e do Porto.

O responsável acrescentou que o trabalho que está a ser feito com o Ministério da Administração Interna e com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) está a produzir “resultados muito tangíveis durante as últimas semanas”, com uma “melhoria notável no tempo de espera no controle de fronteiras desde 18 de junho”.

Thierry Ligonnière lembrou que a época do verão é, “por natureza, mais desafiante” para a gestão aeroportuária.

“Passamos de uma situação onde todos os aviões estavam no chão, em 2020, para uma situação de retoma do tráfego muito dinâmica”, apontou.

Também defendeu que cancelamentos de voos que têm acontecido nos últimos dias são sobretudo da responsabilidade das companhias aéreas, exceto casos pontuais.

“Os cancelamentos que temos visto agora, a resposta é mais do lado das companhias aéreas, porque os cancelamentos são decididos pelas companhias”, disse.

Segundo o responsável, “uma parte dos cancelamentos que vimos na semana passada foram relacionadas com o incidente com um avião pequeno na pista”, que levou ao encerramento da pista durante cerca de uma hora e meia.

Este tipo de problemas, acrescentou, pode “levar pontualmente a cancelamentos”.

“Mas há cancelamentos estruturais que têm a ver com outras razões”, como, por exemplo, a “organização de recursos das companhias aéreas”, apontou, defendendo que, nestes casos, “caberia mais às companhias aéreas detalharem” aos deputados.

O presidente do Conselho de Administração e o presidente executivo da ANA são hoje ouvidos no parlamento, por requerimento do PSD, para esclarecimentos sobre os problemas nos aeroportos de Lisboa e do Porto.

Em causa está a classificação do ‘site’ alemão AirHelp, que se dedica à defesa dos passageiros aéreos, e divulga anualmente um ‘ranking’ mundial dos aeroportos, no qual o Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, surge na 132.ª posição, com uma avaliação geral de 5.76 em 10 pontos, entre os 132 aeroportos avaliados, ou seja, em último lugar.

Já o Aeroporto Sá Carneiro, no Porto, aparece como o oitavo pior, com uma pontuação geral de 6.46.

Como parâmetros avaliados estão, entre outros, os atrasos nas partidas e chegadas, a qualidade do serviço e os espaços comerciais e de alimentação.

“Para um país que depende muito significativamente das receitas do turismo e da sua imagem, este tipo de notícias é causador de danos reputacionais com reflexos na atividade turística”, lê-se no requerimento apresentado pelo grupo parlamentar do PSD, que entende ser “relevante conhecer a razão de tais classificações e o que está a ser feito em relação às mesmas”.

A audição acontece numa altura em que estão a ser cancelados vários voos, diariamente, nos aeroportos europeus, devido à falta de pessoal, greves e outros fatores externos agravantes, nomeadamente climáticos, relacionados com a covid-19 ou com imprevistos.

Outros aeroportos

O presidente do Conselho de Administração da ANA, José Luís Arnaut, disse que cabe ao Governo decidir a localização do novo aeroporto, mas garantiu estar disponível para colaborar para que a escolha “seja a melhor para o país”.

“Não cabe à ANA tomar decisões sobre aeroportos, cabe ao Governo”, afirmou o ‘chairman’ da gestora aeroportuária.

José Luís Arnaut garantiu, porém, que a gestora aeroportuária está disponível para “colaborar para que a decisão que for tomada seja a melhor para o país”.

“Eu sei que Portugal é o país de especialistas de aeroportos, todos são especialistas de aeroportos, eu acho que muitos deles não fizeram aeroportos nem de legos, portanto, é um desporto nacional”, afirmou o presidente da ANA, acrescentando que a empresa tem opiniões sobre a matéria e dará pareceres técnicos “no momento próprio”.

“Neste momento não há nenhuma decisão, está tudo por decidir. Decidam e depois chamem-nos cá [à Assembleia da República]”, rematou.

Questionado pelos deputados da Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação sobre os cancelamentos de voos que se têm verificado nos últimos dias, o responsável começou por dizer que estava apenas preparado para responder sobre o tema do requerimento, que teve como fundamento a classificação do ‘site’ alemão AirHelp.

No entanto, José Luís Arnaut acabou por admitir que se vive “um momento bastante difícil e complexo a nível europeu e também nos Estados Unidos”, que são problemas “em toda a aviação” que causam “grande agitação no setor”.

“Há um conjunto de medidas, planos de contingência, há um conjunto de preparações que foram feitas para tentarmos ultrapassar esta situação”, afirmou.

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