Portugal é destino seguro mas cumprimento de regras depende de todos, diz Governo

Mundo Lusíada
Com Lusa

A secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, defendeu na quarta-feira que Portugal é um destino turístico seguro, ressalvando a importância de cumprir as regras de segurança e higiene para que tal se mantenha.

“Portugal, Espanha, todos somos países seguros, mas depende de todos nós que assim aconteça e possa ser. As regras são conhecidas, o protocolo é conhecido, o distanciamento é exigido e a higiene respiratória também. Cabe a todos nós garantir que podemos interagir, cumprindo as regras, para fazer de Portugal um destino turístico seguro”, afirmou Rita Marques, que falava num webinar do Instituto para a Promoção da América Latina e Caraíbas (IPDAL).

Durante a sua intervenção, a governante lembrou que, em 2019, Portugal registrou um crescimento de hóspedes com origem em Espanha na ordem dos 10% e de 8% no caso das dormidas.

“Espanha tem sido um mercado emissor importante. Além de Espanha, todos os que aterram [neste país] também são um mercado emissor importante para nós. Temos vindo a trabalhar fortemente para construir a oferta turística ibérica”, acrescentou.

Rita Marques sublinhou ainda que mais de 70% dos turistas internacionais que visitam Portugal viajam por via aérea, por isso, o Governo “tem vindo a reforçar o programa de estímulo para a angariação de novas rotas”.

Por outro lado, a secretária de Estado do Turismo considerou que o turismo religioso pode ser “um excelente motivo para motivar a procura” turística em Portugal, uma vez que é “uma imagem de marca nacional”, com grande representatividade ao longo do território.

Presente na mesma sessão, a secretária de Estado do Turismo de Espanha, Isabel Oliver, notou que a Península Ibérica é “uma potência turística”, sublinhando que Portugal “é muito importante para Espanha” pela proximidade, gastronomia e riqueza histórica e paisagística e, por isso, os dois governos estão a trabalhar “com muito rigor” para ultrapassar o impacto causado pela pandemia de Covid-19.

Já o vice-ministro do turismo do Peru, Guillermo Cortes, destacou a importância da melhoria da ligação entre Portugal e aquele país, acrescentando que a pandemia, além de ter gerado um grande impacto, “pode ser também uma oportunidade para repensar algumas coisas”.

Combinação de fatores

Já um conselheiro da OMS declarou nesta sexta-feira que a segurança do turismo depende de “uma combinação” de fatores, variáveis no tempo e no espaço.

Maurizio Barbeschi, conselheiro do diretor executivo para as Emergências Sanitárias da OMS, utiliza uma comparação gastronômica para melhor explicar o que quer dizer: “Qualquer das medidas [de controlo da epidemia] tomada isoladamente é apenas parte da receita. Quando se cozinha um prato, tem de se usar todos os ingredientes, é a combinação destes que faz o prato.”

Em declarações à Lusa a propósito da conferência online que a agência de notícias de Portugal vai realizar, em conjunto com a agência de notícias espanhola Efe, sobre o impacto da pandemia no turismo – que será transmitida nos dias 15 e 16 –, o conselheiro sanitário sinaliza que “os países que foram bem sucedidos no controlo [da epidemia] adotaram todas as medidas, ao mesmo tempo”.

Portanto, a combinação importa. “Não podemos dizer, em termos absolutos, o que é arriscado e o que não é. Se agora formos de sul para oeste da Nova Zelândia, é muito seguro viajar. Se estivermos noutros Estados-membros [da OMS], em que a transmissão é muito elevada, no Brasil hoje, por exemplo, a percepção do risco é diferente”, realça.

“A OMS criou uma ferramenta de avaliação do risco, que faz um equilíbrio entre os riscos – sabendo que o risco zero não existe – e as medidas de mitigação. É a combinação das duas que permite tomar decisões acertadas. A decisão de ter um pacote sobre viagens e turismo faz-se na base das medidas de mitigação e do momento da pandemia: a mesma ferramenta, se for aplicada dentro de três semanas ou de três meses pode conduzir a decisões diferentes”, explica.

“Por último, mas não menos importante, é essencial comunicar o resultado do risco. No início da pandemia, vimos tudo a fechar – estádios, eventos, tudo fechou, em efeito dominó –, nem sempre baseado nos riscos e nem sempre bem comunicado às pessoas e isso criou pânico e incerteza”, aponta Maurizio Barbeschi, originário de Itália, um dos países mais afetados pela pandemia.

“As decisões que forem tomadas têm de ser bem comunicadas às pessoas e devem ser reavaliadas em dois ou três meses”, insiste.

Para a indústria do turismo, é importante ter em conta “todo o pacote”, porque há “toda uma combinação” entre a viagem e a estadia, aconselha. “A maior parte das pessoas viaja de A para B, mas, quando está no B, fica num hotel, come num restaurante, vai a um jogo de futebol, à igreja, a uma festa”, recorda.

Maurizio Barbeschi antecipa que as feridas que a pandemia de covid-19 infligiu no turismo “vão demorar a sarar”, como noutro setor qualquer. “Haverá possíveis mudanças na forma como pensamos em viagens, turismo, lazer. Se será mais saudável ou não, temos de esperar para ver. Mas definitivamente haverá um processo de tomada de decisão de maior qualidade, baseado na abordagem do risco”, acredita.

“Estamos a ver já essas mudanças, nas pessoas”, comenta. “Se o número de turistas, no tempo e no espaço, vai voltar a ser o mesmo? Possivelmente não”, prevê, desejando que o tipo de turismo mude para: “mais qualidade, menos tempo, viagens mais inteligentes, partilha de carros para diminuir a poluição”.

“É mais seguro um hotel mais pequeno, mas sem médicos nem serviços de saúde perto, ou um hotel maior, com acesso facilitado a cuidados de saúde?”, exemplifica. “Não há receita, não pode haver uma. Depende do país e de onde no país”, esclarece. “A abordagem da mitigação dos riscos é importante por isso”, resume.

O impacto da covid-19 no turismo europeu, nomeadamente na Península Ibérica, será o tema de debate de uma parceria inédita entre a Lusa e a Efe, no contexto do fórum virtual EURAGORA, financiado pelo projeto-piloto europeu Stars4Media, que pretende apoiar a inovação no setor dos media, através da formação e da cooperação transfronteiriça dentro da União Europeia.

O fórum conjunto juntará organizações internacionais, comissários europeus, ministros e responsáveis regionais e locais dos dois países, e associações do setor do turismo e dos consumidores.

O debate será subdividido em dois grandes tópicos: “Segurança, o que esperam os consumidores, como respondem indústria, governos, União Europeia?” (dia 15 de julho, às 10:00 de Lisboa, em https://youtu.be/oXm5alG0mp4) e “Reinvenção e oportunidades: sol e praia/urbano e cultural/turismo rural” (dia 16 de julho, às 10h00 de Lisboa, em https://youtu.be/unA38PYTa5g).

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